Até pouco tempo, poucas pessoas se preocupavam com o conforto nos edifícios que frequentavam. Em escritórios, a preocupação maior era com a produtividade. No lar, passavam pouco tempo, em muitos casos apenas para dormir. Mas agora, com lazer, trabalho e moradia se confundindo, o tema ganhou uma importância ainda maior.
A popularização do conceito de green buildings em todo o mundo aumentou a busca por bem-estar e qualidade de vida no setor de construção civil. Mais projetos são desenvolvidos em cima das premissas sustentáveis, enquanto edificações já existentes tentam se adequar a esse novo cenário.
Hoje, sabe-se que o ambiente construído impacta a vida dos seres humanos de forma significativa – para o bem e para o mal. Locais bem planejados, com boa ventilação, iluminação adequada e uso correto de recursos naturais conseguem melhorar o humor das pessoas, sua produtividade e ampliar a sensação de tranquilidade, mesmo ficando horas entre paredes.
Contudo, o contrário também é válido. Estruturas que não se preocupam com o conforto nos edifícios se transformam em fontes de doenças. Levantamento do The Global Wellness Institute indica que 85% das doenças crônicas são provenientes de fatores comportamentais e ambientais – e apenas 15% são genéticos.
Em suma: a casa onde mora e a edificação de seu trabalho podem contribuir com a má qualidade de vida e o desenvolvimento de doenças na população. É hora, portanto, de virar esse jogo e compreender, de uma vez por todas, porque a busca por conforto e saúde nos prédios está ocupando posição de destaque na agenda do setor.
A importância de desenvolver uma cultura de saúde
Inicialmente, quando se falava em prédios verdes e sustentáveis, a ideia central englobava o uso adequado de recursos naturais no desenvolvimento do projeto. Era preciso reduzir o consumo de água e energia, fazer a gestão consciente dos resíduos sólidos e promover uma conscientização ambiental entre os ocupantes.
São questões importantes, sem dúvida, e formam a base da certificação LEED, a mais importante do mercado de construção civil. Contudo, o conforto nos edifícios não se resume a essas questões. É preciso estimular uma cultura de bem-estar em toda a cadeia, garantindo que as pessoas possam ter uma vida mais saudável, física e mentalmente.
Portanto, uma boa saúde também é resultado de onde e como moramos, trabalhamos, nos divertimos, etc. As casas, escritórios, escolas, igrejas, bairros e cidades irão impactar nossas vidas, querendo ou não! Então, é preciso garantir que esse efeito seja positivo e proporcione mais qualidade de vida a todos.
Três situações que mostram a importância do conforto nos edifícios
Não se trata de uma preocupação nova, mas que certamente passou a fazer parte da rotina de mais profissionais envolvidos na construção de prédios e edificações. Veja três situações que explicam esse aumento de popularidade:
Trabalho remoto
O crescimento do home office em decorrência da pandemia da covid-19 está impactando na forma como as pessoas enxergam suas próprias casas. Como passaram a ficar grande parte do tempo no próprio lar, seja para trabalho ou lazer, elas perceberam que esses ambientes precisam trazer uma maior sensação de bem-estar.
Áreas verdes
Na busca por mais conforto nos edifícios, as pessoas começaram a valorizar jardins e áreas verdes, com árvores, plantas e até hortas. A presença desses ambientes traz uma série de vantagens, como maior qualidade do ar e maior aproveitamento da iluminação natural, o que naturalmente garante mais tranquilidade.
Avanço da tecnologia
A evolução de soluções tecnológicas possibilitou o crescimento do conceito de smart houses e smart cities (casas e cidades inteligentes). Dessa forma, o que antes era uma tarefa complexa, como controlar os recursos naturais, tornou-se mais fácil com o uso de ferramentas e aplicações próprias para isso – permitindo uma maior conscientização dos moradores.
Um dos aspectos de saúde pública incluido na Meta de Desenvolvimento Sustentável da ONU “Saúde e Bem-estar” (ODS 3) é que todas as pessoas tem o direito de respirar ar não poluído em ambientes internos e externos
Por meio de padrões relacionados a QAI, água, materiais, resíduos, o LEED auxilia e incentiva a alcançar a saúde e bem-estar global. E recentemente o USGBC+ compartilhou um artigo sobre projetos para a saúde humana.
Para auxiliar na disseminação dos pontos de atenção e cuidados necessários na relação entre os prédios sustentáveis e o conforto, saúde e bem-estar das pessoas, o GBC Brasil desenvolve uma série de ações como um curso voltado para profissionais da área, discussões online em formatos de webinar na Green Building Week, e está em fase piloto de uma nova certificação com foco total para estas questões em interiores residenciais, chamada GBC LIFE.