Certamente a grande maioria das pessoas já ouviu falar sobre green buildings. Contudo, além de sustentáveis, estes empreendimentos também buscam ser saudáveis. Os fundamentos do edifício saudável incluem não apenas a preocupação com os recursos naturais, mas a sensação de conforto e bem-estar aos ocupantes.
A preocupação se faz necessária porque não dimensionamos a importância que as edificações possuem em nossas vidas. Mas basta fazer uma conta simples para compreender como passamos cerca de 90% do tempo em ambientes fechados. Saímos de nossas casas, nos deslocamos até o trabalho e mesmo o momento de diversão costuma ser entre paredes.
O ambiente construído interfere em nosso estado físico e emocional. Quantas vezes não ficamos com a sensação de sufoco por estar em um local que não nos agrada? Ou justamente o contrário, experimentando tranquilidade e alegria ao conviver em um espaço que nos deixe confortáveis?
Esses sentimentos dependem de ações saudáveis incorporadas no projeto específico. Lugares que valorizam ventilação e iluminação natural, se preocupam com a qualidade do ar e da água e é bem iluminado, vai proporcionar mais conforto do que aqueles que não se preocupam com essas questões.
Falar de prédios verdes, portanto, implica reconhecer todos os aspectos sustentáveis que envolvem a edificação. Economizar água e energia e fazer gestão de resíduos é importante para a natureza, sem dúvida, mas são iniciativas que precisam estar conectadas também à saúde de seus ocupantes.
O edifício também pode ficar doente
Trata-se de um assunto prioritário no setor de construção civil atualmente. Cada vez mais os projetos precisam englobar temas como saúde, conforto e bem-estar dos ocupantes. A pandemia da covid-19 apenas evidenciou essa importância, uma vez que as pessoas passaram a ficar mais tempo em seus lares.
Mas não é algo novo ou recente. Pelo contrário, desde a década de 1980 há esta preocupação e seu impacto na vida das pessoas a ponto da Organização Mundial de Saúde (OMS) criar o conceito “Síndrome do Edifício Doente” para caracterizar construções que fazem mal aos seus ocupantes .
De acordo com levantamento do The Global Wellness Institute, cerca de 85% dos determinantes de doenças crônicas são provenientes de fatores ambientais e comportamentais. Em outras palavras: o lugar e a forma como você vive pode contribuir para o aparecimento de doenças graves ao longo dos anos.
Quais são os fundamentos do edifício saudável?
Os professores norte-americanos John Macomber, da Harvard Business School, e Joseph Allen, da T.H. Chan School of Public Health, elencaram nove fundamentos considerados essenciais no livro “Edifícios Saudáveis: como os espaços interiores conduzem o desempenho e a produtividade”. Confira:
1 – Ventilação
Poluentes externos podem penetrar no interior do prédio e comprometer a saúde das pessoas. É preciso criar meios para garantir uma quantidade mínima de ventilação em todos os ambientes do projeto.
2 – Qualidade do ar
Um dos principais fundamentos do edifício saudável, uma vez que a presença de compostos orgânicos voláteis (COVs) podem trazer problemas respiratórios. Este, inclusive, será o tema central do Greenbuilding Week 2021 que terá início em 22.04.
3 – Saúde térmica
É importante manter a temperatura e a umidade relativa dentro das faixas consideradas ideais para cada ambiente, além de monitorar as condições térmicas e reduzir o ganho de calor solar para economizar energia e reduzir os impactos ambientais.
4 – Qualidade da água
Os testes na água devem ser feitos regularmente para monitorar a quantidade de desinfetantes residuais, como o cloro, o nível de pH e a temperatura, além de identificar possível presença de bactérias que podem trazer algum risco às pessoas.
5 – Umidade
É preciso proteger a envoltória do edifício, desde a cobertura até a impermeabilização, para evitar a entrada de água e a proliferação de mofo e umidade. A dica é verificar regularmente se há sinais de vazamento ou água parada nos encanamentos.
6 – Poeiras e pragas
Os fundamentos do edifício saudável também se preocupam com a entrada de poeiras e pragas. A recomendação é limpar todas as superfícies e, no caso do chão, aspirá-lo regularmente com um aspirador HEPA (High Efficiency Particulate Arrestance) para pegar até micropartículas.
7 – Ruídos
A poluição sonora depende de inúmeros fatores, mas é possível controlá-la com a definição de “zonas de ruído” em diferentes áreas de edificação, utilização de materiais que absorvam o som e minimizem a reverberação e a criação de áreas mais silenciosas em prédios comerciais.
8 – Iluminação e vistas
Os projetos devem seguir as boas práticas de iluminação nos ambientes, controlando a quantidade de luz e o ofuscamento. É ideal maximizar o acesso à luz natural por meio de janelas e controlar intensidade, espectro e tempo de exposição à luz.
9 – Segurança e proteção
O prédio precisa atender todas as normas e padrões de segurança, como sistemas de supressão de incêndio e detectores de fumaça, além de investir em equipamentos como sistemas de vigilância e controle de fluxo seguro dos visitantes.
É hora de se aprofundar em saúde e bem-estar nas edificações
Com a necessidade de aprofundar o conhecimento em torno dos fundamentos do edifício saudável, o GBC Brasil decidiu trazer como tema principal do evento online que ocorre anualmente: Greenbuilding Week 2021. Com início no dia da terra (22/04/2021), o evento trará conteúdo sobre os diversos assuntos ligados à qualidade do ar nas construções, para fomentar as boas práticas de gestão e a atuação sustentável no setor de construção civil brasileira. De forma gratuita, profissionais e estudantes de todo o mundo terão acesso a estudos e experts de mercado durante toda a semana.