Independentemente de sua indústria, muitos estão repensando o ambiente construído após a pandemia, principalmente com relação à flexibilidade do uso do espaço e seus protocolos de manutenção. Há muita especulação sobre o futuro do local de trabalho e como as organizações podem empregar princípios de resiliência nos escritórios corporativos. No entanto, essa abordagem também é adequada para ambientes de saúde, que muitas vezes devem permanecer abertos quando os funcionários em escritórios podem trabalhar de casa.
De acordo com um artigo de 2020 publicado na revista médica italiana Acta Biomedica, “a resiliência é um dos desafios mais importantes que as estruturas hospitalares devem enfrentar de acordo com as necessidades de emergência de saúde que podem surgir ou desaparecer em um ritmo muito rápido”. Ao projetar para resiliência, hospitais e clínicas podem estar preparados para adaptar seus espaços para futuras crises de saúde, integrando métodos e materiais que irão beneficiar pacientes e funcionários durante todo o ano.
A seguir estão alguns fatores-chave a serem considerados ao projetar para resiliência em ambientes de saúde.
A COVID-19 reforçou a necessidade das instalações de saúde adaptarem seus espaços para lidar com um aumento repentino de pacientes além da capacidade normal. Com a propagação da pandemia, hospitais em todo o mundo converteram quartos de pacientes tradicionais em quartos de isolamento de pressão negativa que acomodariam pacientes COVID-19 e ajudariam a prevenir a transmissão do vírus. No futuro, a necessidade de expandir o núcleo hospitalar para acomodar demandas repentinas será prioridade para muitas instalações, enquanto planejam para futuras crises de saúde. Embora alguns hospitais possam criar capacidade direcionando pacientes para centros de atendimento ambulatorial, outras opções incluem reaproveitar espaços não clínicos e áreas clínicas anteriores.
Não importa a solução empregada, é essencial considerar como os espaços podem ser usados ou convertidos com antecedência. Tomar decisões antecipadas em relação ao projeto e à seleção de materiais com a necessidade de adaptabilidade para demandas repentinas em mente ajudará a pavimentar o caminho para uma transição rápida e suave, caso necessário.
Como resultado da COVID-19, muitos serviços ambientais e equipes de facilities ajustaram seus protocolos de manutenção para estabelecer e manter com eficácia os mais altos níveis de desinfecção e limpeza. Essas mudanças também influenciarão na seleção de materiais para o ambiente construído voltado para a saúde. As equipes se beneficiarão com o desenvolvimento de parcerias estratégicas com fornecedores que oferecem programas de suporte de manutenção e estão disponíveis para consultoria sobre a seleção e manutenção adequadas do produto.
A COVID-19 demonstrou claramente os desafios físicos e emocionais que os profissionais de saúde enfrentam diariamente e a necessidade de priorizar a saúde mental e o bem-estar destes. A força-tarefa para COVID-19 do American Institute of Architects (AIA) escreveu: “Os profissionais de saúde encontram muitos perigos ao prestar cuidados, incluindo exposição a patógenos, risco de infecção, sofrimento psicológico, fadiga, esgotamento ocupacional, estigma , e violência física e psicológica… A provisão de espaços para colaboração e orientação, bem como espaços para descanso e recuperação são extremamente importantes para a saúde mental, comportamental e física dos profissionais.”
A integração de espaços restauradores em ambientes de saúde pode contribuir para a resiliência, dando aos trabalhadores áreas para descansar e se recuperar, enquanto a inclusão de elementos de design biofílico pode impactar positivamente tanto os profissionais de saúde quanto os pacientes. As instalações também podem tomar medidas proativas para evitar a fadiga da equipe ajustando os horários, aumentando o número de funcionários e escolhendo materiais que apoiam diretamente o ambiente construído com conforto, saúde e bem-estar.
Projetar para resiliência significa garantir que cada espaço dentro de uma instalação de saúde possa ser usado conforme necessário, com interrupções mínimas. Salas cirúrgicas, corredores, salas de pacientes, áreas de espera – todos têm finalidades específicas, bem como diferentes necessidades de desempenho e manutenção. Embora os espaços devam estar prontos para se adaptar à demandas repentinas, também é essencial selecionar os materiais certos para cada ambiente – isso fornecerá apoio para as equipes de saúde e um ambiente de cura para os pacientes.
A COVID-19 nos mostrou que o futuro é imprevisível e, embora não possamos saber se ou quando ocorrerá outra pandemia global, podemos usar o que aprendemos nos últimos 18 meses para criar unidades de saúde mais resilientes. Ao examinar estruturas, espaços, procedimentos e processos sob a ótica de “como isso pode contribuir para a resiliência?”, as instalações podem estar mais preparadas caso o mundo enfrente uma crise de saúde semelhante um dia.
_
por Paula Meason, via Human Spaces