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Economia circular e a certificação LEED

Publicado em 19 . 07 . 2022

O conceito de “economia circular” faz parte de muitas conversas nas construções sustentáveis em todo o mundo, além de estar incluído no próprio sistema de certificação LEED. Como esse princípio é definido e como podemos avançar em seus objetivos?

O que é a economia circular?

De certa forma, a economia circular é uma nova maneira de olhar para velhos problemas. A ideia é liberar todo o valor dos materiais ao invés de desperdiçá-los. Para isto, precisamos de soluções de negócios inovadoras, juntamente com uma política progressiva que permita novos modelos econômicos – conceitos como projetar para circularidade, estabelecer modelos de negócios reais de devolução de produtos que funcionem, alugar em vez de possuir materiais, apoiar reformas, re-manufatura e inovar em questão de logística reversa (recuperação dos materiais usados).

Todos esses conceitos precisam de novas ideias, novas soluções e, mais importante, colaboração. A economia circular é o veículo mais poderoso para reunir todas essas partes interessadas para resolver esses problemas. É por isso que o ambiente construído precisa se envolver.

 

Como o ambiente construído pode ser circular?

Estamos em uma economia predominantemente linear: pegue, faça, descarte. Isso é o que acontece com os edifícios. Construímos principalmente com materiais virgens que não são muito duráveis. Quando terminamos um edifício, o derrubamos e reciclamos de 30 a 50% dos materiais, para então construímos algo novo.

Um ambiente construído circular deve ser muito diferente. Há menos materiais virgens, e a maior parte do que compõe os novos edifícios vem de materiais reutilizados, recuperados, de base biológica ou reciclados. Além disso, nossos edifícios duram mais, são usados ​​com mais intensidade (por mais pessoas, usando mais serviços) e são projetados para serem reformados e atualizados, em vez de demolidos. Finalmente, quando os edifícios estão perto do fim de sua vida útil, nós recuperamos e reutilizamos tudo, de modo que os resíduos se tornem apenas um pequeno subproduto do processo.

O LEED v4.1 aborda muitas dessas intervenções de economia circular, desde promover a reutilização de edifícios até projetar espaços para flexibilidade, além de incentivar o reuso e a reciclagem. Temos pontos para todas essas estratégias. Também apoiamos a mudança de materiais baseados em combustíveis fósseis para materiais de base biológica colhidos de forma sustentável, um componente-chave para se afastar de uma economia linear baseada em combustíveis fósseis. Também devemos lembrar que a mudança para materiais de base biológica deve incluir, no mínimo, práticas sustentáveis ​​de produção e colheita, e deve levar a ecossistemas regenerados.

Um estudo de caso para esses princípios é o crédito piloto de Produtos Circulares no LEED v4.1. Este crédito aborda áreas emergentes da economia circular para produtos de construção. Esses novos conceitos incluem:

  • Divulgação precisa de conteúdo reciclado. Não basta saber se um produto tem conteúdo reciclado. Precisamos saber de onde veio e se há algum ingrediente que possa ser prejudicial à medida que o material é reaproveitado em novos produtos.
  • Projeto para circularidade. Damos crédito a produtos projetados para serem desmontados e colocados de volta no mercado ao invés de descartados.
  • Desperdício Zero. Os fabricantes estão cada vez mais cortando seus resíduos durante os processos de fabricação, um elemento-chave da circularidade. O TRUE Zero Waste é um programa que ajuda a apoiar esses objetivos.
  • Produtos de ciclo fechado. O crédito piloto recompensa produtos que são re-feitos ou que usem matéria prima pós-consumo. A locação ou compartilhamento de produtos também é incentivada e dá mais ênfase aos produtos re-manufaturados e re-condicionados.

 

Quais são os desafios na implementação de uma economia circular?

O maior desafio é que os modelos econômicos atuais não recompensam uma economia circular e, muitas vezes, é mais difícil e caro ser circular. Se uma empresa quer fazer o bem, pode custar mais, ou é penalizada por fazer investimentos que reduzam a poluição ou melhorem a circularidade. Por exemplo, o custo para recuperar plásticos normalmente é muito maior do que o custo de novos plásticos. Como resultado, pode ser difícil para os fabricantes enfrentarem esse problema sozinhos. A solução é trabalhar em conjunto, com parceiros da indústria e do governo, para encontrar soluções que recompensem as melhores práticas e reflitam os custos econômicos e ambientais totais da não recuperação desses materiais.

Assim como no LEED, no entanto, mostramos que a sustentabilidade e a circularidade não precisam ser mais caras, especialmente quando o projeto é integrado e planejado com antecedência.

 

Como podemos alavancar a circularidade?

A reutilização é a melhor solução para a circularidade, e deve se tornar de alta prioridade. No LEED, estamos focando cada vez mais na circularidade, adicionando créditos piloto e dando mais peso aos créditos de reutilização, bem como acoplando a questão de carbono incorporado aos novos projeto.

Nosso principal papel neste espaço é garantir que a circularidade não se torne apenas mais um atributo dos produtos. Devemos pensar de forma holística e olhar para a forma como as coisas são feitas, usadas, reutilizadas e descartadas. Cada uma dessas etapas tem impactos no meio ambiente e em todas as pessoas.

A economia circular tem muito potencial, mas alguns são críticos porque a veem como greenwashing. Precisamos garantir que as coisas sejam “seguras e circulares” e que as soluções circulares reduzam as emissões de gases de efeito estufa. É imperativo que façamos o que sempre fizemos e pensamos em todos os sistemas, nos aspectos holísticos de produtos, materiais e edifícios.

 

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