Se nossos Membros seguirem com aptidão de investir em inteligência de engenharia e arquitetura, nossos profissionais, soluções e serviços conduzirão o Brasil a se destacar cada vez mais no movimento internacional de green building. Quase 10% dos empreendimentos certificados no Brasil são Platinum (jul/22).
No início, uma das discussões que se fazia presente nos seminários e fóruns de debate era sobre o custo adicional nos empreendimentos com certificação. Sem dúvida, há um trabalho adicional envolvendo, desde as fases de conceituação, projeto e obra, e exigências acima das normas técnicas. E seguramente, os pioneiros assumiram dificuldades maiores e, de certa forma, pavimentaram o caminho para as lideranças seguintes.
E sobre o custo dos green buildings, sempre destacamos o livro traduzido e promovido pelo SECOVI SP, “Tornando o Ambiente Construído mais Sustentável, Custos, Benefícios e Estratégias” de autoria de Greg Kats. Este livro foi traduzido ao português em 30 de abril de 2014, e continua disponível no website do SECOVI SP para download gratuito.
Há 10 anos, através de pesquisas diversas, o autor Greg Kats demonstrou que o custo adicional de construção não estava necessariamente relacionado com a incorporação de elementos “sustentáveis”, pois a maioria das edificações certificadas LEED informavam baixos incrementos de custo (não mais de 2%), sendo que algumas edificações certificadas LEED Ouro ou Platinum informavam zero acréscimo de custo.
A conclusão corrobora com o que o Green Building Council Brasil, inspirado em nossos Membros, têm defendido: o investimento em inteligência de engenharia e arquitetura, desde o início da concepção dos projetos, contando com profissionais bem preparados e aptos a trabalhar de forma colaborativa, trazendo uma visão holística e conhecimento multidisciplinar para a tomada das melhores decisões em matéria de eficiência, conforto e sustentabilidade, resulta em uma edificação certificada nos mais altos níveis, sem acréscimo de custos.
Em junho de 2022 foram 5 certificações LEED Platinum e 1 certificação GBC CASA Platinum, a saber:
O Hotel Moov Porto Alegre, na capital gaúcha, é o segundo hotel do grupo português Endutex certificado LEED Platinum no Brasil. As soluções adotadas para tornar a edificação mais sustentável compreenderam a redução do consumo de água e energia, a utilização de materiais e tecnologias de baixo impacto ambiental e medidas para assegurar o conforto térmico e acústico dos futuros hóspedes. Como resultado, é gerada uma economia anual de 44% em energia no edifício com 6.085 metros quadrados e 156 quartos, o equivalente a R$ 110 mil. Além disso, há uma economia de 69% nos gastos com água.
O projeto sustentável, coordenado pela Petinelli Engenharia, se deu num prédio histórico, de 1920 que, à época, se chamava Cinema Orpheu (após reforma em 1960, Cine Astor). A fachada do antigo cinema foi revitalizada e hoje traz um charme especial ao mais novo edifício LEED Platinum da capital gaúcha.
Outro projeto com consultoria da Petinelli Engenharia é o SENAC Serra, ES, o primeiro Platinum do Estado. Com mais de 3,6 mil metros quadrados, a nova unidade – voltada para a Educação Profissional – tem cinco salas de aula e 10 laboratórios, totalmente equipados para proporcionar a melhor experiência do exercício da profissão, além de auditórios, amplos espaços de convivência e muita área verde.
Toda a unidade foi projetada com o objetivo de diminuir ao máximo os impactos ambientais. A começar pelo sistema construtivo, que engloba paredes de ICF (Insulated Concrete Forms) e proporciona melhor desempenho acústico e térmico e melhor estanqueidade, além da redução drástica em resíduos de construção e tempo de execução da obra.
O sistema de iluminação foi dimensionado para otimizar a disposição das luminárias e proporcionar conforto visual. Com 100% da iluminação em tecnologia LED, possui controles automáticos e dimerização em circuitos próximos das janelas para reduzir o consumo de energia através do aproveitamento da iluminação natural. O sistema de ar-condicionado é do tipo VRF, com alta eficiência energética, e possui controles centrais para uma operação mais eficiente e controlada por parte da direção da escola. Além disso, foi instalado um sistema fotovoltaico na cobertura da edificação para a geração de energia solar. Esse conjunto de soluções garante uma economia anual de 36% em energia.
As salas também são equipadas com tecnologia de renovação constante do ar, através do controle de CO2. Além disso, o SENAC Serra, ES, conta com sistema de uso racional de água e de reaproveitamento da água da chuva, que garante uma economia anual de 69%. A sede da empresa Bludata, desenvolvedora de softwares para gestão de negócios, acaba de se tornar o 1º edifício LEED Platinum de Blumenau (SC). Em Santa Catarina, quase metade (47%) dos projetos certificados LEED – incluindo a Bludata – conquistaram o nível Platinum. Todos contaram com a consultoria em engenharia e sustentabilidade da Petinelli.
As principais medidas de eficiência aplicadas na edificação de 1.547 metros quadrados foram:
Como resultado, o conjunto de soluções gera uma economia anual de R$ 54,4 mil em energia (redução de 49%) e de R$ 9,4 mil em água (redução de 74%).
Outro projeto que se destaca por se tratar de uma grande reforma é a filial MAPFRE Seguros em Ribeirão Preto, SP. Segundo a consultora Paula Rocha Leite, da ARES Eficiência Energética e Sustentabilidade, conseguiram a economia de energia no montante de 41% devido o isolamento da cobertura e vidros duplos nas aberturas, ao bom aproveitamento da iluminação natural, além do sistema de ar-condicionado VRF de alta eficiência e toda iluminação artificial em LED. Na categoria de água, houve a redução de 61% da economia de água potável interna por conta dos dispositivos economizadores e reutilização de águas pluviais nas descargas sanitárias. Na filial da MAPFRE também foi desenvolvido a Análise do Ciclo de Vida da edificação, o comissionamento avançado e a medição individualizada dos sistemas de água e energia, o desenvolvimento de infraestrutura para o futuro programa de resposta à demanda, aquisição de RECs por 3 anos, além do suporte financeiro dado ao projeto “Amigos da Floresta”, com o comprometimento do plantio e manutenção por 2 anos de 1.200 árvores nativas do bioma Mata Atlântica. E durante a obra, houve o reaproveitamento de 75% do total do material de construção e demolição e foram instalados materiais com Declaração Ambiental de Produto, materiais reciclados e madeira oriunda de manejo florestal.
Já no segmento residencial, localizada em São Paulo, a residência FM136, recebeu a certificação GBC CASA nível Platina, alcançando 90 pontos na certificação de um total possível de 110. A construtora foi a CPA Engenharia e a consultoria Straub Junqueira. Diversas análises foram feitas, e o projeto atendeu a todas as necessidades impostas pela certificação, incluindo uma redução de 75,4% no gasto de energia em relação ao modelo convencional definido pelas normas técnicas referendadas na certificação. O estudo mostrou que o projeto apresenta qualidades excelentes quanto a iluminação natural e à performance da fachada em relação às propriedades térmicas. Como resultado da ACV, levando em conta um total de 5 ocupantes na edificação, o projeto atingiu uma emissão de 1.813 kgCO2e (GWP) por pessoa anualmente, indicando uma redução de 40,5% em comparação a uma casa convencional. No acumulado, ao término do período de 60 anos, a redução é de 35,2%.
Em números:
A arquitetura foi realizada por Miguel Aflalo e a JAA Arquitetura. Em entrevista para o jornalista Roberto Gazzi, o arquiteto Miguel Aflalo fala sobre a prioridade do projeto, “A prioridade foi a construção de uma casa prática com mínimo custo. Ela terá um custo de operação e manutenção do nível de uma casa muito menor. Imagino que 50% em custos de luz, água, gás e manutenção”.
Texto: Green Building Council Brasil com colaboração de Paula Rocha Leite, Ares Eficiência Energética e Sustentabilidade, e Maria Emília Staczuk, MEmilia Comunicação.