“Economia criativa”, “nova economia”, “internet das coisas”, “smart cities”, “big data”, “Design Thinking“ e “smart grids“ são exemplos de termos que tem aparecido em nossas vidas ou pelo menos daqueles mais antenados. As mudanças têm acontecido de maneira cada vez mais rápida e tais mudanças estão impactando nossa rotina diária, nossas empresas e projetos.
Não temos mais que convencer o mercado ou empresários sobre as necessidades em relação à sustentabilidade econômica, social e ambiental. Eles sabem que é uma questão de sobrevivência e, que para sobreviver com sucesso, terão que constantemente rever seus modelos de trabalho, seus produtos, a relação entre equipes, parceiros e clientes, ferramentas de projeto, as estratégias de negócios, entre outros.
Falando mais especificamente sobre o mercado da construção civil, um dos “calcanhares de Aquiles” que mais gera perdas ao processo de produção de edificações ou desenvolvimentos urbanos foi percebido, nos anos 90. O nosso problema era a metodologia de desenvolvimento dos projetos! A forma através da qual as equipes são contratadas, organizadas e gerenciadas é falha. As relações e comunicações estabelecidas são deficientes. A maneira através da qual as informações são armazenadas e utilizadas é obsoleta. Todos estes e outros fatores resultam em perdas de produtividade, qualidade, eficiência e tempo. Sem mencionar litígios, obras atrasadas, retrabalhos, desperdícios, patologias, sinistros, desgastes e desentendimento entre profissionais. Talvez, em tempo de crise, o mercado venha a perceber que não tem mais como pagar a conta de tantas perdas e, finalmente, perceba a urgência de repensar seus atuais modelos de gestão de projetos.
A experiência neste assunto começa quando se percebe que, apesar de termos profissionais e equipes muito bem qualificadas, os projetos, em momentos bem iniciais de seu desenvolvimento, já apresentam problemas dos mais variados tipos. Soluções incompatíveis, orçamentos estourados, cronogramas mal definidos e nunca cumpridos e premissas, mas estudadas são uma lista preliminar dos intermináveis “imprevistos” dos projetos. Tais problemas aconteciam em qualquer tipo de projeto, mesmo naqueles onde a sustentabilidade ambiental não era um objetivo. Para agravar a situação, tal sustentabilidade começa a ser um requerimento de mercado e é rotulada como um item que “encarece” os projetos.
Vamos parar para pensar. Projetos sem maiores preocupações com consumo, performance, desempenho ou impactos ambientais já ficam “mais caros” por conta da maneira ineficiente através da qual são desenvolvidos. Ao acrescentarmos qualquer outro tipo de exigência que eleve os padrões de qualidade ou sustentabilidade, tais exigências passam a ser o “bode expiatório” e são as mais novas culpadas pelos aumentos dos custos.
A partir daí, a proposta de trabalho e o desafio passa a ser o de incorporar sustentabilidade sem acrescentar nenhum real aos orçamentos dos projetos e obras. Isso é possível? Sim! É possível naqueles projetos que, através de uma gestão e coordenação técnica bem realizadas, não desperdiçam tempo, dinheiro ou a boa vontade dos profissionais envolvidos.
A metodologia de projetos integrados responde às afirmações acima. Através dela, é possível alocar esforços e investimentos em etapas e ferramentas que permitem otimizar os processos e talentos dos envolvidos. Em resumo, o trabalho nos direciona sobre como, quando, com quem, porque e de que forma trabalhar para que os melhores resultados sejam alcançados para todos os envolvidos e para o projeto. Desde as etapas mais iniciais de qualquer projeto, as mais diversas técnicas de moderação e facilitação são empregadas para que o processo atinja o sucesso.
Não é uma metodologia nova e revolucionária. Ela vem sendo utilizada e aprimorada ao longo dos anos nos Estados Unidos e Europa. No Brasil, as primeiras experiências já são encontradas, mas não tão bem estruturadas a ponto de poderem ser chamadas de “Projetos Integrados” em sua forma completa.
Deve-se tomar cuidado com a simplificação do processo. A metodologia não é de fácil aplicação e deve ser liderada por profissionais muito bem treinados e, dependendo do tamanho dos projetos, assessorados por equipe que também detenha conhecimentos sobre a definição de escopos, forma de contratação de profissionais, mecanismos de controle e acompanhamento dos processos. Tais profissionais são chamados de facilitadores e são de crucial importância para o sucesso do projeto.
Cursos
Matéria enviada pela arquiteta Rosana Correa, LEED AP BD+C, diretora fundadora da Casa do Futuro, empresa Membro do GBC Brasil e Professora do GBC Brasil no curso “Projeto Integrado: LEED V4 e Referencial GBC Brasil Casa®“.