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Cidade Matarazzo impressiona pela arquitetura, pelo luxo e pela mata exuberante

Publicado em 09 . 09 . 2022

Um dos maiores e mais instigantes projetos arquitetônicos da atualidade é sem dúvida o Cidade Matarazzo, que está crescendo na região da Avenida Paulista.

Crescendo é uma boa palavra para definir um projeto que trouxe para área nobre de São Paulo uma enorme mata com 10 mil árvores nativas, algumas com mais de 15 metros. Muitas delas estão espalhadas pelos andares da Torre Mata Atlântica, projeto de Jean Nouvel, prêmio Pritzker de Arquitetura, que abriga o Hotel Rosewood, o primeiro 6 estrelas do país, e 122 suítes privativas que variam de 112 m2 a 519 m2. A visão da Torre Mata Atlântica impressiona. Basta ver a foto da obra. Melhor ainda, um passeio pela rua Itapeva. Muitos dos que participam do projeto falam com orgulho do que estão construindo. Mas relatam as dores do enorme desafio que tiveram de enfrentar. “Fiquei muitas noites sem dormir, preocupado com as árvores colocadas lá em cima”, lembra o arquiteto Benedito Abbud, um dos responsáveis pelo projeto paisagístico. O lá em cima são áreas verdes em todas as sacadas dos apartamentos e suítes e em áreas comuns. O detalhamento do que foi e está sendo feito tranquilizou a todos. Mas contar isso é tão complexo como o que foi feito.

O trecho a seguir complementa o texto publicado no GBC em Ação: Operação em Edificações

 

1) Qual foi o maior desafio do projeto (da parte da Mata Atlântica)?

(BM: Eng. José Rodrigo Tavares) R.: O primeiro desafio foi a transferência do conceito paisagístico para a metodologia técnica de plantio, principalmente no quesito de segurança de ancoragem das árvores de grande porte nas lajes do edifício. Os desafios sequentes foram as escolhas das árvores nos viveiros espalhados pelo interior de São Paulo, pois deviam apresentar simetria de copa e condição estética / paisagística harmoniosa, o respeito ao tempo de sangria dos torrões das raízes das árvores e finalmente o plano logístico de chegada das árvores ao entorno do empreendimento, o içamento das mesmas e plantio nos locais projetados.

(BM: Eng. Marcelo Fioravante) R: O plano logístico previa a ordem de carregamento das árvores em cada carreta em função do posicionamento delas em cada terraço da torre. O içamento devia atender a uma ordem única sob pena de inviabilizar o plantio das demais árvores. Uma falha na sangria, no carregamento ou no içamento comprometeria o resultado de um planejamento de meses e até do projeto como um todo.

Comentário Danny Braz (Diretor de técnico de engenharia Regatec) – O maior desafio foi atender com irrigação cada local com sua necessidade diferente em função da arquitetura. As compatibilizações com as diversas disciplinas, variedade de plantio, nos exigiu um sistema de irrigação com uma possibilidade de até 200 válvulas cada uma com diferentes tempos de rega e frequência. Não só isto, mas o fato de ter áreas tombadas e um padrão de acabamento esmerado, exigiu maiores cuidados.

 

2) Havia os objetivos de garantir a sobrevivência da mata e a economia de água. Os resultados estão saindo como esperado? Vocês já têm esses dados?

(Cia das Árvores: Eng. Cristiano Budreckas / Roberto Ferrari) R.: Os índices de perdas de árvores são até o momento muito baixos, na ordem de 6%. Baixo para o porte das árvores plantadas e para as espécies escolhidas pelo projetista. Quanto ao quesito água, devemos esperar o término de toda a implantação e avaliar esse ganho no segundo ano após o término.

Todo empreendimento, quanto à irrigação, está projetado para utilização de água de reuso, com bombas e gotejamentos pensados para economia de água e vazão adequada a saúde do plantio.

Comentário Danny Braz (Diretor de técnico de engenharia Regatec) – Justamente pelas diferentes espécies é que optamos por um sistema flexível no sentido de expansões e o tipo de irrigação utilizado na grande maioria do projeto que foi o de gotejamento, onde se consegue níveis de eficiência de 90 a 95%.

 

3) Como vocês estão avaliando os resultados?

(Cia das Árvores: Eng. Cristiano Budreckas / Roberto Ferrari) R.: Até o momento eles são promissores, não tivemos perdas significativas de plantas, o estado fitossanitário e fenológico das árvores é muito bom. Inclusive passamos por dois episódios de ventos na grandeza dos 70 Km/h, sem nenhum contratempo.

Comentário Danny Braz (Diretor de técnico de engenharia Regatec) – o resultado está maravilhoso, basta ver a obra que em plena uma estiagem de mais de 60 dias recém atravessada, a vegetação está exuberante.

 

4) E os clientes e fornecedores?

(BM: Eng. José Rodrigo Tavares) R.: Representando a equipe técnica do cliente, podemos cravar que tivemos sucesso absoluto diante os desafios técnicos, orçamentários e paisagístico. O retorno que temos dos das mídias sociais e das visitas dos usuários também são de extrema admiração. O projeto inclusive inspirou outros empreendimentos nos últimos anos.

(BM: Eng. Marcelo Fioravante) R.: as visitas aos possíveis fornecedores de árvores foram iniciadas com antecedência de 2 anos do plantio e a escolha dos indivíduos arbóreos foi realizada um ano antes.

(Cia das Árvores: Eng. Cristiano Budreckas / Roberto Ferrari) R.: Com relação aos fornecedores de árvores para a Torre Mata Atlântica, foram em número de seis, para avaliar o desempenho geral de seus produtos, elencamos 17 quesitos e nossos técnicos (em número de cinco) ofertaram notas á esses quesitos; ao final três fornecedores foram desqualificados pois não possuem perfil para participar de projeto desta magnitude. Segue abaixo planilha com tabulação dos resultados.

Os critérios de avaliação dos fornecedores:
• Adubação prévia
• Uso de Produto Protetor de Raiz
• Confecção do torrão em fases
• Irrigação
• Utilização de stracht
• Presença de embalagens no torrão
• Estado Fitossanitário das árvores
• Forma do torrão e resistência
• Embalagem com estopa
• Equipamento de içamento
• Proteção do tronco no içamento
• Acomodação no caminhão
• Lesões em galhos ou palmitos
• Lesões com xilema/vasos expostos
• Aceitabilidade para mudanças
• Torrão com pedras
• Coparticipação
• Totalização

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Elas foram respondidas por 4 pessoas, conforme descrição abaixo.
Eng. José Rodrigo Tavares
Cargo: Gerente Geral de Engenharia
Empresa: BM Empreendimentos

Eng. Marcelo Fioravante
Cargo: Eng. Civil Responsável pela Gestão da Implantação do Paisagismo do Cidade Matarazzo
Empresa: BM Empreendimentos

Eng. Cristiano Budreckas
Cargo: Eng. Agrônomo responsável pela Consultoria Geral da Implantação do Paisagismo do Cidade Matarazzo
Empresa: Cia das Árvores

Roberto Ferrari
Cargo: Curador Botânico responsável pela Consultoria Geral da Implantação do Paisagismo do Cidade Matarazzo
Empresa: Cia das Árvores

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