Promover a economia circular é uma pauta importante quando se trata de construção sustentável.
O conceito de economia circular consiste em um movimento que associa o melhor uso possível de recursos naturais ao desenvolvimento econômico. Através da inovação e otimização dos processos de fabricação com menos dependência de matéria-prima virgem, sempre priorizando insumos e materiais que sejam recicláveis, renováveis e mais duráveis.
Foi inaugurada a primeira loja do varejo brasileiro que segue o conceito de circularidade e tem como objetivo de diminuir seu impacto ambiental. A Renner, localizada no Shopping Rio Sul, no Rio de Janeiro, foi certificada em 19 de outubro de 2022 LEED ID+C Retail v4 a nível GOLD com 70 pontos.
A Renner, que integra a carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3, busca incorporar os princípios de economia circular na criação de seus produtos há alguns anos. E, por isso, o desenvolvimento natural foi levar essa filosofia também para o ambiente construído. O programa de conformidade foi ampliado com o objetivo de qualificar os fornecedores parceiros. Com isso, todos os envolvidos no projeto passaram por treinamentos sobre sustentabilidade e economia circular.
O mais interessante a respeito dessa loja é que foi pensada e estudada durante muito tempo. Alessandra Shargorodsky, diretora de arquitetura, engenharia e expansão, diz: “A Renner abre em média 30 lojas por ano, e em cada uma delas a gente ia estudando, ia aprendendo coisas novas sobre materiais mais eficientes e também sobre o comportamento dos clientes. Essa loja do Rio Sul é a concretização de todo esse trabalho de muitos anos.”
A Renner possui uma sólida estratégia ESG, com iniciativas voltadas para a produção de peças menos impactantes, redução das emissões de CO2, consumo de energia limpa e eficiência energética. Essa nova loja é pioneira no mercado e faz parte do plano de aceleração da jornada ESG da Renner. O objetivo com isso é equilibrar o uso de recursos renováveis, assim, preservando o meio ambiente.
Tendo em vista a transformação constante dos hábitos dos consumidores, desde 2014 as lojas da Renner seguem padrões de responsabilidade ambiental guiados pela certificação reconhecida internacionalmente para construções sustentáveis LEED. A partir de 2016, a Renner passou a neutralizar 100% das suas emissões de CO2. E está ampliando o consumo de energia renovável de baixo impacto a cada ano. 100% de 170 lojas já são abastecidas com energia eólica.
Além da preocupação com a sustentabilidade ambiental, o aspecto social também foi englobado na Renner Rio Sul. A comunidade no entorno do shopping onde a loja fica recebeu atenção do Instituto Lojas Renner, o braço social da companhia, que desenvolveu ações de capacitação e apoio a pessoas vulneráveis.
A nova loja modelo conta com conceitos de economia circular na escolha de materiais duradouros, na preservação e reutilização de recursos, e no descarte adequado no fim do ciclo de vida útil.
Diferenciais da loja Rio Sul:
Por causa da economia circular, algumas inovações foram adotadas dentro do referencial LEED através da busca por créditos diferenciados! Karolini Silva, coordenadora técnica da Sustentech explica:
“Para o crédito ‘Interiors life cycle impact reduction’ foi feita, de forma inusitada, a primeira análise de ACV para retail. Durante a fase de projeto a Análise do Ciclo de Vida ajudou nas tomadas de decisão do projeto e escolha de materiais que reduzissem os impactos ao longo do ciclo de vida da loja. No caso da Renner Rio Sul, o reuso de elementos já existentes na loja, como piso e parede, também fizeram parte desse crédito”.
Karolini também cita “No crédito ‘Long term commitment’, que exige que a loja possua um contrato de locação de 10 anos, o que não seria possível tendo em vista que o Shopping Rio Sul pratica contratos de locação de no máximo 5 anos, foi conquistado através do chamado ‘Alternative Compliance Path (ACP)’, através da alegação de que a Renner está presente nesse shopping desde 1999, ou seja, há mais de 20 anos, e também da entrega de uma carta de intenção de permanência no mesmo.”
“Já para o crédito ‘Sourcing of raw materials’, conseguimos as declarações ambientais dos produtos atestadas por terceira parte. A exigência é de que 30% do seu custo em materiais deve possuir declarações ambientais (DAP’s) que declarem a fonte da matéria prima do produto, e na Renner conseguimos chegar aos 60%, o que muito se deu devido ao reuso de piso e parede. Com isso, dobramos a pontuação. ”
“Para o crédito ‘Bicycle Facilities’, um crédito difícil de ser obtido quando se trata de um shopping, foi realizado um cálculo por área da loja, que revelou que o bicicletário do Rio Sul, que possui 54 vagas de bicicleta, atende perfeitamente a Renner, ou seja, seus funcionários e clientes. Além disso, a Renner engajou no tema e promoveu um desconto de 20% para manutenção de bicicletas em uma oficina próxima para os funcionários que irão trabalhar utilizando esse transporte. ” E por fim, Karolini comenta:
“Para o crédito ‘Inovation’ também utilizamos o recurso ACP, onde declaramos que há equidade social dentro da equipe de empreendimentos. Isso deu certo por conta das iniciativas do Instituto Renner com o objetivo de gerar inclusão e promover a equidade social, além de criar cadeias de fornecimento para a Renner, e com isso, investir em projetos de capacitação de mulheres migrantes através de cursos de costura e funcionários, desenvolvendo pessoas diversas para o mercado de trabalho, por exemplo.”
Os próximos passos da Renner na sustentabilidade estão claros. Eduardo Ferlauto, gerente geral de sustentabilidade das Lojas Renner, afirma: “Queremos ser net zero em 2050 e reduzir em 30% as nossas emissões de gases-estufa até 2030. A sustentabilidade é uma convicção que a gente tem. Ela passou a ser um valor para nós em 2013, e desde então a nossa estratégia foi sempre começar pequeno, testar ideias e pensar no longo prazo.”
Em complemento a esse case diferenciado de LEED Retail, Felipe Faria, CEO do Green Building Council Brasil, comenta sobre como o LEED Zero pode ajudar empreendimentos de retail nesses objetivos: “Somente a operação das edificações é responsável por 27% das emissões globais e, somando o carbono da fase de construção, chegamos a 37%. As certificações do Green Building Council traçam um caminho, onde apesar do impacto alarmante, o setor passa a ser visto como solução, pois há conhecimento técnico que permite intervenções na construção e operação das edificações, reduzindo as emissões com total viabilidade financeira.”
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por Sustentech, empresa membro do GBC Brasil.