Impressionante. A Isadora é super engajada no trabalho, excelente no que faz e se relaciona muito bem com as pessoas. Porém, toda vez que ela é chamada para uma reunião por algumas horas, no meio da tarde, em uma sala fechada, ela sempre sai se sentindo muito cansada. Parece que alguém colocou um caminhão nas suas costas e ela se sente exaurida. A dor de cabeça é inevitável.
Rodrigo também é elogiado, mas ultimamente não tem conseguido desempenhar tudo o que poderia. Alguma coisa sempre faz com que suas crises respiratórias despertem e ele passa a espirrar constantemente da sua estação de trabalho. É difícil para ele trabalhar com coriza e os olhos lacrimejando.
Rafaela enfrenta um outro desafio. Há um restaurante no escritório onde ela trabalha, porém, com restrições alimentares, raramente ela consegue almoçar junto com os seus colegas. A empresa não possui um local para que os funcionários possam deixar seus alimentos e o serviço do restaurante, que é terceirizado, não oferece muitas opções para quem não pode comer “de tudo”.
Apesar de trabalharem em locais diferentes, Isadora, Rodrigo e Rafaela estão bem longe de trabalhar em um ambiente insalubre. Muito pelo contrário, o escritório onde eles desempenham suas funções, à primeira vista, parece limpo e bem-organizado.
Mas e você? Você já sentiu algum desconforto no seu local de trabalho ou em qualquer outro ambiente fechado? Uma iluminação que te deixa com sono, um ambiente que te deixa ansioso ou um local em que você não aguenta mais ficar sentado oito horas por dia em uma cadeira sem qualquer cuidado com ergonomia?
Esse é o grande desafio que as empresas vêm lidando ultimamente. Como deixar seus espaços internos favoráveis para que as pessoas se sintam mais leves, com maior qualidade de vida e possam, de fato, melhorar sua produtividade e engajamento. Todas estas questões esbarram na qualidade do ambiente interno, que é um grande guarda-chuva para conceitos como qualidade do ar e da água, alimentação saudável, iluminação circadiana, biofilia, saúde mental, ergonomia, conforto térmico e acústico, além de tantos outros aspectos.
A má qualidade do ar, por exemplo, é a causa número um de mortalidade prematura, responsável por 7 milhões de mortes anuais no mundo por ano. Além dos problemas relacionados ao ar externo com poluentes como benzenos, particulados, ozônio, óxido de nitrogênio, monóxido e dióxido de carbono, dentre outros, há os problemas relacionados ao ar interno das edificações, principalmente em edificações que possuem sistemas de ar-condicionado e ventilação mecanizada e não possuem ventilação natural. É importante destacar que o ar externo precisa estar limpo, caso contrário, é necessário passar por alguma filtragem ou tratamento antes de deixá-lo entrar no ambiente interno.
Da mesma forma, a iluminação também exerce influência na saúde das pessoas. A iluminação é um dos fatores que contribui para o ritmo circadiano, que é o período de 24 horas em que o ciclo biológico dos seres vivos se baseia. A iluminação sincroniza o relógio biológico dos seres vivos e ajuda o núcleo supraquiasmático a regular os hormônios que atuam nos processos fisiológicos como o estado de alerta, digestão e sono.
Outro fator interessante é a biofilia, ou seja, inserir no ambiente de trabalho elementos e padrões naturais para remeter as pessoas ao seu estado natural, na natureza. Esse tema geralmente gera algum conflito, pois os escritórios não querem se preocupar com a manutenção das plantas, no entanto, a própria arquitetura e as cores podem equilibrar o ambiente e transformar o local em um espaço agradável, onde a pressão do dia a dia fique mais leve. A biofilia faz com que as pessoas sejam mais criativas e produtivas, além trabalhar com as questões de saúde mental diminuindo o stress e aumentando a sensação de conforto e bem-estar.
Ao analisar todas essas questões pelo aspecto da qualidade ambiental interna, a dor de cabeça e o cansaço da Isadora tem explicação, em uma sala fechada e pouco ventilada, a tendência é que os níveis de oxigênio caiam e os de dióxido de carbono aumentem. Já no caso do Rodrigo, algum contaminante no ar proveniente de alguma cola do mobiliário ou até de produtos de limpeza faz com que suas crises despertem. Para a Rafaela, comer bem significa uma alimentação balanceada, sem ingredientes alérgenos e alguns tipos de corantes.
O bem-estar no ambiente de trabalho passa por vários aspectos, no entanto, é completamente possível identificar os problemas internos para que as pessoas possam desempenhar suas funções de forma saudável e com boa qualidade de vida. Afinal, o sucesso de uma organização passa primeiro pelo seu público interno.
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Por Eduardo Straub, StraubJunqueira