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Você já se perguntou o quanto o ambiente à sua volta influencia na sua saúde?

Publicado em 18 . 07 . 2024

Há 10 anos, especificamente em 2014, eu fiquei curiosa quando vi a estrutura da certificação WELL por conter créditos relativos à saúde mental de quem usa o edifício. Lembre-me que a certificação LEED OM tinha um item relativo a comida que era oferecida para as pessoas. Comecei a fazer as conexões e refletir: o quanto o ambiente influencia na saúde dos usuários?

Essa pergunta norteou minha linha de pesquisa no mestrado em Arquitetura e Urbanismo para saber qual a percepção dos usuários sobre a qualidade do ambiente construído de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) dentro de um Hospital. Desde os anos 90, trabalho com ambientes complexos como os de saúde. A Arquitetura Hospitalar apresenta desafios a cada projeto e utilizar um ambiente crítico como uma UTI como estudo de caso do mestrado, onde poder ajudar as pessoas é uma ação terapêutica me deixou mais motivada ainda. A conclusão da pesquisa demonstrou através de múltiplos métodos que a principal percepção das pessoas sobre a qualidade de 110 ambientes da UTI do hospital está relacionada à ambiência com 44% do total, seguida por infraestrutura com 25% e humanização com 13%. Ou seja, o quanto o ambiente influencia é bastante significativo. Caso queiram ler a pesquisa completa, acessem o linktree no meu Instagram @elezioni.

Imaginem que se fosse uma ambiência humanizada poderia- se somar a porcentagem dos 44 com os 13 e resultar em 57%, mais do que a metade dos fatores percebidos como de qualidade influenciando a sensação de bem-estar e saúde. Entretanto estou brincando nesse texto, porque em ciência não se pode extrapolar os dados assim. Mas concordo plenamente que a meta de desenvolver ambiência humanizada existe e deve ser incentivada em todos espaços de saúde. Escrevi sobre esses assuntos nos capítulos e organização do livro “Conhecendo a Arquitetura Hospitalar” lançado pela Editora Manole.

A busca de como o ambiente pode ajudar no bem-estar mental me levou a aprofundar os estudos em Neurociência e descobri a aplicação à Arquitetura. A partir do desenvolvimento dos exames recentes, é possível compreender com maior clareza como o cérebro e todo o sistema nervoso central humano respondem aos estímulos do ambiente. Assim temos evidências científicas de como despertar ‘gatilhos’ nas pessoas que são ações para desencadear certos comportamentos a favor dos objetivos.

Atualmente a Neurociência tem sido aplicada ao Marketing, às Vendas, à Educação, ou seja, toda área que precisa da interface com o ser humano tem se apoiado nas explicações de como as pessoas sentem, percebem, compreendem, memorizam ou tomam decisões. Tem-se denominado como forma de ‘apelido’ como Neuromarketing, Neurovendas, Neuroeducação, e então a tendência da chamada Neuroarquitetura. Eu já falei em várias aulas e postei nas minhas redes sociais que não gosto do apelido Neuroarquitetura. Porque a considerada boa Arquitetura com A maiúsculo não precisa do Neuro na frente. Afinal, a Arquitetura sempre foi e sempre será feita para as pessoas. A diferença agora é que temos embasamentos científicos de quais medidas são mais positivas para incentivar processos cognitivos e algumas ações dos usuários nos ambientes. Não é uma questão subjetiva ou “de gosto” pessoal. Usar e aplicar ciência é ótimo!

O aprofundamento nos estudos me levou a conhecer a Academia de Neurociência para Arquitetura dos Estados Unidos da América, a ANFA (www.anfarch.org). A organização já existe há 30 anos e tive a oportunidade de apresentar um poster de forma híbrida, presencial e on-line, durante o Congresso de aniversário da ANFA em San Diego na Califórnia em 2023. Várias pesquisas e projetos apresentados no Congresso da ANFA mostravam o quanto o ambiente é responsável por influenciar a saúde das pessoas.

Na Conferência Internacional Greenbuilding Brasil de 2021 apresentei as explicações da Neurociência porque devemos fazer edifícios saudáveis. É inconcebível termos edifícios doentes que não estão integrados às necessidades atuais e aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável ODS e à Agenda 2030. Saúde e Sustentabilidade não existem de forma separadas.  O conceito de ESG, ou ASG, Ambiental, Social e Governança ajuda a esclarecer como as pessoas precisam do ambiente. Afinal necessitamos muito do equilíbrio com a natureza, pois precisamos do ar para respirar, da água para beber e dos alimentos para nos alimentar, além de um ambiente para nos proteger.

Portanto preste mais atenção em como o ambiente em que você trabalha, vive, se trata ou passeia tem influência na sua saúde mental. Vamos juntos projetar, construir e manter ambientes saudáveis para torna-los ambientes terapêuticos? Conto com a sua participação.

 

27/06/2024

Por Eleonora Zioni

Eleonora Zioni é conhecida como a ‘médica de ambientes’. Palestrante e consultora para recursos físicos na sua empresa Asclépio Consultoria que existe há mais de 10 anos. Eleonora é arquiteta e urbanista graduada e com mestrado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP sobre saúde no ambiente construído. Está desenvolvendo o doutorado em Neurociências aplicadas à Arquitetura na Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein do Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, onde ministra várias aulas e cursos sobre saúde do ambiente.

Eleonora é diretora América do Sul da Academia Internacional Design & Health, faz parte da diretoria técnico-científica da ABDEH e membro da rede E-DAU. Certificada ‘Planetree Fellow’ em 2022 pela dedicação em transformar os espaços em ambientes que promovam o bem-estar. Possui especialização em Cultura de Saúde e Edifícios Saudáveis pela Universidade Harvard- Escola de Saúde Pública; especialização pela FUPAM- USP; fez MBA em Administração Hospitalar pela Fundação Getúlio Vargas FGV- EAESP; certificada pela Universidade Michigan; certificada WELL faculty; profissional LEED AP BD+C desde 2007, consultora GBC Brasil Casa e DGNB.

Autora do e-book e áudio livro “Planejamento físico-funcional e hotelaria em saúde” pela Editora Senac, São Paulo, 2018. É autora e coordenadora do livro “Conhecendo a Arquitetura Hospitalar” pela Editora Manole em 2022. Escreveu o capítulo 5 do livro “Jornada da Mente para a Alta Performance” lançado pela editora Brasport em 2023. Professora do curso EaD ‘Arquitetura Hospitalar: Projetos e Inovações em Saúde’ desde 2023, disponível no website da Asclépio Consultoria.

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