Nesta semana tivemos a oportunidade de conversar com o Presidente da Lafem Engenharia, Ernani Cotrim. Veja entrevista abaixo:
1 – Sabemos que uma obra convencional difere, e muito, de uma obra com Certificação LEED em vários pontos, como a organização do canteiro de obras, preocupação com o entorno, separação adequada dos resíduos e etc. Hoje, essas diferenças, ainda, para uma pequena parte é considerada como empecilhos para que possamos acelerar a transformação do mercado da construção civil em prol da sustentabilidade. Gostaríamos de saber a sua opinião sobre esse assunto, como a Lafem, que apresentou um crescimento significativo em 5 anos, contemplando nesse período obras relevantes com a Certificação LEED, conseguiu se “adaptar” a esse novo mercado e quais foram e são os desafios?
Ernani Cotrim: A Lafem está sempre atenta às novas tendências e exigências de mercado e, sem dúvida, a certificação LEED está entre as de maior expressão. Como toda novidade, passamos por uma curva de aprendizado e suas dificuldades iniciais, mas, passados alguns anos desde o nosso primeiro empreendimento certificado (o primeiro selo ouro “Core and Shell” da América Latina), podemos dizer que, mais do que preparados para novas demandas, estamos convencidos de seu valor, não apenas mercadológico mas, principalmente, sob o aspecto de consciência ecológica e a contribuição que podemos dar na preservação de nosso planeta. Hoje temos dois projetos corporativos em andamento (já em fase final) candidatos à certificação ouro para os quais temos a forte convicção de sucesso.
Diria que a maior dificuldade inicial esteve no convencimento do nosso investidor na qualificação do seu imóvel, tendo em vista o acréscimo de custo que um projeto LEED exige, mesmo que muitíssimo aquém dos números que já chegamos a ouvir no passado (20%!!!). Importante demonstrar a eles que, em contrapartida, o valor de locação ou venda do imóvel compensa com facilidade esse incremento.
Vencida essa etapa e já no processo de implantação, tivemos como maior desafio a conscientização de nossos funcionários na mudança de hábitos, como na separação de materiais para sua correta destinação, limpeza permanente do canteiro e entorno da obra etc. O histórico mostra claramente que, após passar pela primeira experiência, nossos colaboradores assumem postura diferenciada quanto à sustentabilidade, mesmo trabalhando em projetos sem demanda de certificação.
Por fim, cabe registrar que, com o tempo, passamos a contar com mais alternativas de fornecimento de materiais sustentáveis para as obras, o que não era abundante há algum tempo.
2 – Seguindo nessa linha da pergunta anterior e de acordo com uma análise de demanda de obras nesses últimos 5 anos da Lafem, acredita que a perspectiva para o mercado da construção civil, seja de obras convencionais ou obras com Certificações?
Ernani Cotri, Presidente da Lafem
3 – A introdução de certificações na indústria da construção civil ocasionou diversas mudanças, entre elas no modelo de planejamento e execução de obras. O modelo tradicional é feito de maneira fracionada e linear, onde os stakeholders trabalham de forma independente. O novo modelo que vem ganhando força é o processo integrativo, onde reúnem os principais stakeholders a fim de coletar informações e reconhecer necessidades, estabelecer metas com o intuito de reduzir custo, aumentar a eficiência durante todas as fases do projeto e construção, bem como otimizar os resultados. Como a Lafem enxerga essa alteração?
E.C: De forma extremamente positiva. Sendo uma prestadora de serviços de engenharia, a Lafem oferece serviços de pré-engenharia aos nossos clientes, o que muito pode contribuir para o sucesso do projeto como um todo. Julgamos vital a participação do ápela execução da obra em todas as etapas de implantação de um projeto, garantido a viabilidade da execução do produto final.
4 – Atualmente possuímos 1106 projetos registrados e 335 Certificados, sendo desses, 600 registros e 204 certificados no Estado de São Paulo, contra 188 registros e 50 certificados do Estado do Rio de Janeiro. Quais fatores acredita que podem ser considerados para essa diferença considerável?
E.C: São Paulo é a maior metrópole do País, com grandes investimentos e novas oportunidades, em especial no mercado corporativo, onde está a maior concentração de certificações e, assim, é natural que apresente maior concentração. Nos últimos anos, em especial por conta dos grandes eventos, como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, associada ao crescimento da indústria de óleo e gás (infelizmente hoje já comprometida), o Rio de Janeiro veio apresentando um crescimento forte.
Observa-se que a proporção de entre registros e certificados é bastante próxima.
5 – Apesar dos desafios econômicos e políticos no primeiro trimestre de 2016 tivemos 34 novos registros contra 24, 21 e 33, respectivamente referentes aos anos de 2015, 2014 e 2013. Isso demonstra que o começo de 2016 desponta como o segundo melhor ano da certificação LEED no Brasil, perdendo apenas para os 64 novos projetos registrados no primeiro trimestre de 2012.Acredita que essa perspectiva continuará sendo positiva para o futuro?
E.C: Creio que, apesar de termos um menor número de empreendimentos “em gestação”, teremos grande demanda por projetos certificados, o que justifica essa ocorrência.
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