Nesta semana tivemos a oportunidade de conversar com o Presidente na América Latina da Danfoss, Júlio Molinari. Veja como foi:
1 – Sr. Molinari, aproveitando a sua longa experiência em países da América Sul, gostaria que discorresse como está o mercado Brasileiro em relação aos demais países da América do Sul no que tange a eficiência energética, mencionando os pontos positivos e o que devemos aprender com eles?
Júlio Molinari: Lamentavelmente a maioria dos países da América do Sul não têm uma grande cultura de economia de energia e o Brasil não é uma exceção. O fato de nosso continente ser tão generoso enquanto a recursos naturais para gerar energia facilita de alguma maneira o pouco interesse em sermos mais eficientes no uso da energia, e não é coincidência que os países que possuem menos recursos naturais como o Chile e o Uruguai estejam na vanguarda não só na geração de energia sustentável como também no uso mais eficiente da energia. O Brasil sem nenhuma dúvida ainda tem muito a aprender, é uma mudança cultural importante que se deve empreender e que depende de cada um de nós pais, autoridades, empresários e executivos na hora de realizar nossos projetos ou mesmo na educação de nossos filhos. O Brasil necessita urgentemente de gerar esta consciência.
2- No último ano tivemos um aumento de quase 50% na tarifa de energia convencional, dessa forma o mercado passou a buscar por energias alternativas, bem como pela eficiência. No entanto, quando pensamos no consumo energético de um edifício, o ar condicionado e elevador representaram cerca de 50% do consumo total, sendo considerado “os vilões”. Por que antes desta crise, já que esta percentagem sempre foi muito relevante, o mercado não possuía a mesma preocupação e consciência de investir em tecnologias que proporcionam maior eficiência, e encaravam como “custo” qualquer item mesmo que demonstrassem uma redução de consumo e automaticamente um menor custo na operação do edifício?
J.M: Em períodos de crise projetos de redução de custos ganham foco nas organizações, a busca por economia é uma questão de sobrevivência. Por outro lado o aumento da energia elétrica fez com que o tempo de “pay-back” dos projetos fosse reduzido expressivamente, gerando economia de custos em um prazo muito mais curto. Acredito que estes dois fatores combinados fizeram com que produtos tecnológicos e que aumentam a eficiência energética entrassem definitivamente no radar da sociedade. Uma prova de que a mudança vem ocorrendo na sociedade é o aumento rápido da penetração das lâmpadas tipo LED nas residências. Gostaria de crer que podemos conscientizar as pessoas não só pelo bolso más também que podem adotar a economia de energia como uma cultura para o bem-estar social.