“Levar o lixo para fora”: quantas vezes na nossa semana, e até mesmo no nosso dia, falamos essa frase? O ato é automático, mas impossível em um mundo com 7 bilhões de pessoas: não é mais possível jogar nada “fora”. Tudo o que descartamos, de alguma maneira, volta para o nosso planeta. E, apesar de as políticas de reciclagem de lixo e medidas ambientais terem evoluído muito nas últimas décadas – segundo a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), 65% dos municípios brasileiros têm alguma ação de coleta seletiva – as estimativas não são muito animadoras: até 2030, o lixo mundial deve ter um aumento dos atuais 1,3 bilhão de toneladas para 2,2 bilhões, de acordo com estimativas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
Felizmente, o tema vem sendo mais discutido e implementado: em 2000, por exemplo, a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico apontou que apenas 451 municípios tinham coleta seletiva de resíduos sólidos, porcentual que passou dos 60% pouco mais de uma década depois.
A responsabilidade por essa questão não deve ser apenas de governos, e sim, de todos – inclusive das empresas, que precisam pensar formas mais inteligentes na hora de fabricar os seus produtos. Um instrumento muito interessante hoje, sobretudo para o segmento de plástico, é a logística reversa. Com ela, as empresas assumem responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, algo proposto pela A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (Lei nº 12.305/2010).
O instrumento é um importante meio de desenvolvimento econômico e social: a empresa consegue reduzir custos adotando processos que aproveitam o material ao máximo e, ao mesmo tempo, contribui ambiental e socialmente ao dar uma destinação final adequada.
Um exemplo de logística reversa é criar produtos de grande porte – como paver e pisos estruturais que podem ser usados para quadras esportivas ou calçadas públicas – com embalagens longa-vida. O material criado também pode ser permeável, o que possibilita um escoamento de água bastante eficiente. Antes utilizado só na indústria de brindes (como canetas, estojos, entre outros produtos), o reaproveitamento das “caixinhas” é uma tendência crescente na indústria de plásticos. No processo, a fibra de papel da embalagem é retirada – e vai para a indústria de papel e celulose . Um processo de extração misturado com o alumínio cria uma matéria-prima fácil de trabalhar, com condições inclusive de pigmentação do material.
Esse processo tem um aspecto ecológico muito importante, denominada de pós-consumo: a embalagem, que já foi ao mercado e foi usada, volta para a indústria, que consegue criar um novo produto. O que é mais sustentável do que o pré-uso, quando se utilizam sobras de algum processo (o plástico que apresenta defeitos de processamento é moído novamente e a reutilização desse resíduo acontece na própria fábrica).
Na elaboração desse processo, o número de embalagens longa-vida que é usado pela indústria é de, mais ou menos, 1 quilo de embalagem para 1 quilo de matéria-prima. Por exemplo: com 20 embalagens, você pode ciar uma parte considerável do seu produto.
Incorporar cada vez mais esses processos e atitudes dentro das indústrias possibilitará uma economia mais inteligente, que usa menos recursos naturais, recicla e leva ao consumidor não só produtos, e sim, soluções.
*Texto escrito por Suelen Oliveira, gerente de marketing da Plastprime e da Isto!, empresa de soluções plásticas de Curitiba (PR).