Nesta semana, em referência ao “Outubro Rosa” tivemos a oportunidade de conversar com a CEO da Cushman & Wakefield, para América do Sul, Celina Antunes. Veja como foi:
1- Celina Atunes, desde 2003 quando assumiu a presidência da Cushman & Wakefield mostrou na sua liderança que a sustentabilidade seria um dos princípios basilares da sua gestão. Em 2007, fez parte do primeiro conselho de administração do GBC Brasil com a missão de acelerar a transformação da indústria da construção civil em prol da sustentabilidade. Atualmente, ainda como membro do conselho, quais foram as mudanças significativas no mercado da construção civil?
Houve muitas mudanças, a começar pelos fornecedores da construção civil que passaram a produzir em grandes volumes peças e materiais sustentáveis, o que fez com que os preços desses produtos caíssem.
No mercado corporativo a mudança foi imensa, pois os ocupantes desses edifícios começaram a demandar espaços certificados e, mesmo quando ainda não existiam muitos edifícios certificados, os inquilinos buscavam certificar seus próprios espaços. Com o tempo, todos os edifícios de alto padrão em desenvolvimento passaram a buscar a certificação LEED (a mais difundida no mercado corporativo).
Esse movimento começou em São Paulo, onde houve o maior o volume (recorde histórico) de edifícios em construção. Porém, em decorrência desse movimento, outras cidades do país passaram também a buscar a certificação para edifícios de alto padrão em construção. Na sequência deste movimento, surgiu a demanda por certificações em prédios existentes e essa realidade se espalhou por outros setores como varejo, residenciais e galpões.
2- C.A, desde 2014 a Cushman & Wakefield começou a elaborar um modelo de negócio pautado na sustentabilidade, onde integrou as áreas de projetos, gerenciamento de ativos e operações e área de Certificação de Green Buildings na nova área de Project Management, para que o projeto seja “criado” contemplando os itens de sustentabilidade, bem como garantir a operação correta. Identifico os dois “desafios” no processo de Certificação, conceituação integrada de projeto e a garantia de performance na operação de um prédio Certificado, contemplados nesse modelo. Gostaria que comentasse quais estão sendo os desafios para implementação no Brasil, visto que, mesmo caminhando a passos largos em número de empreendimentos Certificados, ainda possuímos grandes lacunas.
Todo esse processo demorou para ser implantado dentro da Cushman & Wakefield pois o mercado ainda está absorvendo o processo integrado. Para nós, é mais fácil implantar esse processo quando estamos projetando, construindo e depois operando espaços de empresas corporativas que possuem em seu DNA a questão de sustentabilidade bem enraizada.
Na prática, esse processo integralizado é bem difícil de ocorrer quando a sustentabilidade parte apenas do incorporador do edifício e posteriormente o(s) inquilino(s) destes edifícios não têm a cultura de sustentabilidade. A coisa se complica ainda mais em edifícios onde existem inquilinos distintos, como ocorre também em shopping centers, prédios residenciais e condomínios de galpões.
3- Na última edição do anuário do GBC Brasil, Pesquisa realizada pela Geoimoveis junto com a Revista GBC com prédio LEED e não LEED Brasil mostra que prédios LEED possuem maior valor de aluguel; 7% menor vacância no Rio e 9,5% menor em São Paulo e valores de condomínio menores. Além disso, sabemos que um prédio LEED é de 0% a 5% apenas mais caro do que um empreendimento não LEED, sendo essa variação de acordo com a expertise da equipe de projeto, segundo o livro “Tornando nosso ambiente construído mais sustentável – Custos, Benefícios e Estratégias”, do autor, Greg Kats, uma das maiores autoridades em tecnologia de energia limpa da atualidade. Com esse subsidio solido de argumentação para que o cliente possa garantir seu investimento em um empreendimento LEED, por que, ainda, possuímos céticos ao movimento?
Na verdade, o conceito e a literatura sobre o assunto de sustentabilidade ainda não são tão difundidos como gostaríamos que fossem. Se todos os ocupantes e/ou compradores de edifícios exigissem a certificação porque acreditam plenamente no resultado positivo para o meio ambiente e também para a redução de custo operacionais (custo de condomínio, gastos com energia e água etc), o processo já estaria mais difundido. Acredito que mais publicidade sobre o assunto em vários meios de comunicação é fundamental para difundir as vantagens da certificação.