A expansão e a diversificação de fontes renováveis no Brasil crescem exponencialmente nos últimos anos e deverão representar 86% da geração de energia elétrica no país até 2024.
Energia limpa é um dos temas de maior relevância na atualidade brasileira. A necessidade em gerar energia através de fontes renováveis se tornou imprescindível para o suprimento das demandas energéticas. De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME) as fontes renováveis contribuem para a diversificação da matriz elétrica, além de estarem usualmente relacionadas a projetos menos impactantes do ponto de vista ambiental. Grande parte das fontes renováveis é obtida sem a emissão de gases de efeito estufa, o que contribui com a estratégia brasileira para atingir as metas de redução de emissões desses gases, conforme a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC).
Segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE – 2024), ao final de 2015, as energias renováveis representavam 42,5% de toda a matriz energética brasileira, com destaque para o crescimento das fontes alternativas à geração hidrelétrica, como a eólica, solar e biomassa. “Em dez anos, esse tipo de energia renovável cresceu 30%, passando de 2,8% de toda a oferta de energia interna em 2004 para 4,1% em 2014”. Na matriz também incluem, por exemplo, o petróleo e seus derivados, como a gasolina, e o gás de cozinha. “Esse cenário faz parte da política do Ministério de diversificação da matriz energética brasileira, que considera uma forma mais eficiente do uso de recursos naturais do planeta”, explica o secretário de Planejamento Energético do MME, Altino Ventura.
A diversificação da matriz energética brasileira é fundamental para as potenciais crises de energia que o país atravessa, diz w(Associação Brasileira de Energia Eólica). Segundo ela, nenhum país pode ter uma matriz energética baseada apenas em uma única fonte de recurso, pois se o recurso falha, o país entra em colapso de fornecimento de energia. “A solução de política energética é a complementação desta matriz a partir de outros recursos renováveis como a fonte eólica, fonte biomassa, fonte solar, e o Brasil já está seguindo nesta trajetória”, analisa. “O Brasil aprendeu que não pode ter uma fonte principal de energia. A hídrica continuará sendo a maior participante da matriz nos próximos anos, porém o ideal é que o Brasil expanda com a participação das complementares”, conclui.
Na matriz de geração de energia elétrica, as renováveis deverão representar perto de 86% em 2024, com destaque para a energia eólica, que dos atuais 5,6% de participação na matriz de capacidade instalada de geração de energia (janeiro/2016) elétrica deverá passar a 8% em 2024.
Capacidade de eólica instalada no Brasil cresceu 60% em 12 meses
O número de usinas eólicas no Brasil nos últimos cinco anos, passou de 51 para 330 parques, representando uma expansão de 7.039 megawatts (MW) de capacidade instalada, que em janeiro de 2016 totalizou 7.968 MW, contra os 929 MW de janeiro de 2011. “Esse cenário demonstra que estes empreendimentos atingiram preços bastante competitivos e impulsionaram a instalação de uma indústria nacional de equipamentos para o atendimento deste mercado. Dessa forma, esta fonte, ainda com grande potencial a ser explorado, se consolida como um dos principais componentes para a expansão da matriz de energia elétrica do Brasil”, afirma o MME. O aumento expressivo dessas usinas no Brasil é resultado dos Leilões de Energia para a fonte eólica, iniciados em 2009. Desde então, o nordeste representa o maior polo da energia eólica no Brasil, que responde atualmente por 5.699 MW da capacidade instalada no Sistema Interligado Nacional – SIN, seguida pela região sul, com 1.730 MW e pela região sudeste, representando 28 MW. Segundo o MME, a capacidade eólica instalada cresceu 60% em 12 meses até janeiro de 2016. “Considerando toda a potência instalada no país, em todas as fontes, foram adicionados 7.676 MW, neste período, sendo 2.873 MW de geração de fonte hidráulica, 1.810 MW de fontes térmicas, 2.987 MW de fonte eólica e 6 MW de fonte solar”, complementa o MME.
No Brasil o avanço do desenvolvimento de geração de energia elétrica através de fontes eólica vem se consolidando em ritmo acelerado. Os primeiros parques eólicos nesta modalidade começaram a entrar em operação em 2012. De acordo com Elbia Ganoum, este é um cenário virtuoso de crescimento. “É um cenário favorável para o futuro, pois a fonte eólica é, atualmente, a segunda fonte de energia mais competitiva do país, é a fonte de energia mais abundante”, destaca.
Considerando que o Brasil tem pouco potencial hidrelétrico para explorar, a fonte eólica se tornou a segunda fonte mais importante. Em 2014 o Brasil tornou-se o segundo país mais atrativo em geração de energias renováveis, ficando atrás somente da China. “Atualmente, o Brasil possui uma potência instalada de mais de 8 GW, representando quase 6% da geração de energia total da matriz brasileira. As outras fontes que possuem participação relevante são as hidrelétricas, que possui o primeiro lugar em geração de energia, com 65%, termelétricas com 9,9% e biomassa, representando 9,5% da geração de energia total da rede”, explica Elbia Ganoum. “Com o crescimento de instalação dos parques eólicos e leilões, a previsão é que a energia eólica seja a segunda maior fonte de geração de energia até 2020.”
O foco de uma das conferências mais importantes do mundo é a redução de CO2 na atmosfera, que mobilizou centenas de países a se reunirem por um bem maior, a preservação do meio ambiente e condições climáticas drásticas em que o planeta se encontra. A energia eólica é uma aliada importante no processo de redução de emissões de CO2. Segundo informações da ABEEólica, a geração de energia eólica contribuiu para redução de 6 milhões de toneladas de CO2 em 2015, considerando os parques instalados no ano. Para cada GW instalado há uma redução de 1,8 milhões de CO2 evitados. “A perspectiva de instalação para o ano de 2016 é de 11 GW de potência, o que evitará cerca de 20 milhões de toneladas de CO2 lançados na atmosfera”, analisa a presidente da associação.
Crescimento da energia solar através da geração distribuída
A energia solar garante um potencial energético muito alto no Brasil, pois há uma grande incidência de luz solar durante a maior parte do ano, que atualmente se desenvolve também de uma forma sustentável, verifica-se este desenvolvimento através da utilização de placas fotovoltaicas nas construções atuais brasileira, cujo objetivo é, além da preservação do meio ambiente, evitando o uso de energia da matriz energética, mas também focando na economia e retorno financeiro para investidores desta tecnologia. A irradiação no Brasil é muito melhor do que em outros países. Pegando exemplo de países como Alemanha, Japão, Estados Unidos, China, que são os países que mais estão usando esta tecnologia, a irradiação solar é pelo menos 30% menor do que no Brasil, garante Márcio Takata, sócio-diretor da Enova Solar e professor do curso de Energias Renováveis do Green Building Council Brasil.
Em dezembro de 2015, o Ministério de Minas e Energia (MME) lançou o Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD), para ampliar e aprofundar as ações de estímulo à geração de energia pelos próprios consumidores, com base nas fontes renováveis de energia (em especial a solar fotovoltaica). O Programa pode movimentar pouco mais de R$ 100 bilhões em investimentos, até 2030. “A geração distribuída traz benefícios para o consumidor e para o setor elétrico, o que reduz a necessidade de estrutura de transmissão elétrica e evita perdas. Até 2030, 2,7 milhões de unidades consumidoras poderão ter energia gerada por elas mesmas, entre residência, comércios, indústrias e no setor agrícola, o que pode resultar em 23.500 MW (48 TWh produzidos) de energia limpa e renovável, o equivalente à metade da geração da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Com isso, o Brasil pode evitar que sejam emitidos 29 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera”, afirma MME. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Sistema de Compensação de Energia Elétrica, instituído pela Resolução Normativa nº 482/2012, é um dos avanços no setor e tem crescido expressivamente desde as primeiras instalações, em 2012. Entre 2014 e 2016, os registros de adesões ao modelo de geração distribuída quadruplicaram, e com a revisão da norma, que simplificam procedimentos de registro, a estimativa é que até 2024 mais 1,2 milhão de consumidores passem a produzir sua própria energia, o equivalente a 4,5 gigawatts (GW) de potência instalada.
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Brasil em 1° lugar no grupo da BRICS com participação de energia renovável na matriz
No cenário internacional, o Brasil tornou-se o 4º país no ranking mundial de expansão de potência na energia eólica em 2014, e subiu cinco posições no ranking mundial de capacidade instalada. Agora, ocupa o 10º lugar em geração, tendo sido o 15º em 2013.
O Brasil também é o país com a maior participação de energia renovável na matriz de geração elétrica dentro do grupo conhecido como BRICS, que inclui também Rússia, Índia, China e África do Sul. De acordo com o relatório “Energia no Bloco dos BRICS” (agosto de 2015), as fontes renováveis representaram 73% da geração de energia elétrica do país, em 2014. Nos demais países do grupo, este percentual varia de 2% (no caso da África do Sul) a 22%, na China.