Atualmente, a sustentabilidade está incorporada em todas as partes de nossas vidas – e o mundo dos negócios não é exceção.
Os problemas associados aos riscos climáticos têm implicações no mundo real e apresentam desafios existenciais para muitas empresas. Como resultado, os líderes empresariais estão se concentrando cada vez mais na sustentabilidade para ajudar a diferenciar sua marca, seu desempenho e sua estratégia. E cada vez mais as empresas reconhecem que enfrentar esses desafios exigirá a implementação de planos significativos de responsabilidade social corporativa e forte trabalho em direção à eficiência energética, economia de água, maior resiliência, emissões reduzidas e estratégias de carbono e desperdício zero.
E os números ajudam a contar a história. Somente em 2017, o governo dos EUA gastou uma quantia recorde se recuperando de desastres naturais. No total, 16 grandes desastres naturais – que vão de furacões e incêndios florestais a inundações e secas – custaram aos EUA US$ 306 bilhões. O impacto real nas empresas causado por esses desastres ainda não foi totalmente quantificado, mas podemos estimar que será equivalente ao que o governo dos EUA gastou, se não mais.
É por isso que a sustentabilidade nos negócios não é mais algo “boa de se ter”. Em vez disso, tornou-se parte essencial de como todas as empresas planejam seu futuro, visto que representa a maior e mais simples oportunidade para qualquer empresa adotar o tripé da sustentabilidade: pessoas, planeta e lucro.
As construções sustentáveis são uma das melhores maneiras pelas quais as empresas podem se preparar para o futuro, apoiar ações climáticas e causar impacto imediato. Embora ainda não seja amplamente reconhecido pelo público, os edifícios são responsáveis por grande parte do consumo global de energia, de recursos e emissões de gases de efeito estufa. De acordo com o Relatório do PNUMA sobre edifícios e clima, os edifícios são responsáveis por mais de 40% do uso global de energia e um terço das emissões globais de gases de efeito estufa. Portanto, o setor de construção, em particular, tem o maior potencial para reduzir significativamente o esgotamento de recursos naturais e mitigar os riscos relacionados ao clima.
Edifícios sustentáveis usam menos energia e água, evitam desperdícios, economizam em custos de operacionais, melhoram a qualidade do ar interno e oferecem conforto aos ocupantes. Como um benefício adicional, também aprimoram a saúde e o bem-estar dos ocupantes.
Esta última parte é fundamental, pois pesquisas sugerem que o que as pessoas mais desejam é um ambiente saudável. O Relatório SmartMarket do Dodge Data & Analytics World Green Building Trends 2018 mostra que o principal fator social para a construção sustentável foi a melhoria da saúde ocupacional, seguido pelo incentivo a práticas comerciais sustentáveis e à produtividade do trabalhador.
Essa é uma grande razão pela qual tantas empresas, proprietários e legisladores estão recorrendo ao LEED e a outros programas de construção sustentável para abordar estrategicamente algumas das preocupações sociais e ambientais mais críticas de nossos tempos. Green buildings criam espaços mais saudáveis para as pessoas, usam menos recursos e economizam dinheiro. Esses projetos estão ajudando a elevar a qualidade de vida em populações de todos os cantos do planeta e a criar mudanças duradouras e mensuráveis em nossas comunidades.
Uma das minhas histórias favoritas é a de Kamal Meattle, CEO do Paharpur Business Center, o primeiro edifício LEED Platinum da Índia. Kamal sempre morou em Délhi, mas 25 anos atrás, ele aprendeu algo devastador: a cidade que ele amava o estava matando. Os médicos informaram Kamal que ele havia se tornado alérgico ao ar poluído e sua capacidade pulmonar havia diminuído em 30%. Eles pediram que ele deixasse Délhi por causa de sua saúde. Mas Kamal se recusou, e ao invés de abandonar sua cidade natal e desenraizar sua empresa em busca de ar puro, ele decidiu cultivar seu próprio ar.
Kamal descobriu que existem três plantas comuns que produzem todo o ar fresco necessário para se manter saudável em ambientes fechados, então ele começou a cultivá-las dentro de seu escritório. Hoje existem mais de 1.200 mudas de plantas – cerca de quatro para cada funcionário – que estão fazendo muita diferença em suas vidas: doenças respiratórias caíram 34%, dores de cabeça e irritação nos olhos caíram e a produtividade aumentou. Graças à visão de Kamal, o Paharpur Business Center é agora um dos ambientes internos mais saudáveis de toda a Délhi e permanece como um modelo do que é possível – a noção de que um edifício pode realmente contribuir para a saúde e a felicidade.
No USGBC, exploramos se existe mais do que apenas uma experiência anedótica. Em abril deste ano, como parte de nossa campanha Living Standard, lançamos nosso primeiro relatório que examina exatamente isso. Reunimos grupos focais em cinco regiões dos EUA entre uma ampla gama de comunidades em uma pesquisa com o público em geral, e descobrimos que os entrevistados estão profundamente preocupados com a saúde do meio ambiente a longo prazo. Eles querem ar mais limpo e menos desperdício, querem reduzir o uso de energia, economizar água. E não apenas querem, mas esperam isto!
Felizmente, os edifícios sustentáveis podem atender a todas essas expectativas. Mas ainda temos muito trabalho a fazer para mostrar às pessoas que os edifícios estão por trás desses benefícios. Nossa pesquisa mostra que as pessoas nem sequer estão totalmente convencidas de que os edifícios, de fato, desempenham um grande papel em seu próprio bem-estar.
Muitos desses mesmos indivíduos não conseguem explicar nem descrever qual o papel de um edifício em sua saúde e felicidade. Os problemas de longo prazo decorrentes da ausência desses benefícios não fazem parte das considerações do dia a dia. De fato, descobrimos que apenas 11% do público pesquisado associam a frase “construção sustentável” a uma forte relação com o meio ambiente.
As pessoas podem acreditar na ideia do LEED e geralmente apoiam a construção sustentável – mas não entendem muito bem como está contribuindo para sua própria saúde e qualidade de vida. Eles não dão o passo que precisamos: edifícios melhores são iguais a vidas melhores.
Uma maneira de resolver isso é concentrando-nos em dados, desempenho e benchmarking. Mais e mais empresas estão começando a usar plataformas que medem o desempenho de seus edifícios. Ferramentas como a plataforma Arc ajudam a criar melhores edifícios e espaços para as pessoas e meio ambiente, possibilitando os usuários a entender e melhorar seu desempenho em sustentabilidade, promover a saúde e o bem-estar humano e contribuir para uma maior qualidade de vida. A geração de relatórios e pontuação também permite que as empresas quantifiquem seus investimentos e contribuições para tornar este planeta um lugar melhor e para garantir que seus edifícios estejam realmente trazendo benefícios para as pessoas que os habitam.
Mas, mais importante, precisamos fazer um trabalho muito melhor falando sobre as pessoas por trás dessas métricas. Temos que contar histórias, como a de Kamal, que muitas vezes não foram contadas. Se pudermos fazer isso, não apenas educaremos as pessoas sobre os benefícios do LEED e da construção sustentável, mas também aumentaremos a demanda por construções melhores. E, ao fazer isso, ajudaremos todas as pessoas a viverem mais e melhor.
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por Mahesh Ramanujam, originalmente publicado em usgbc.org