Em tempos de isolamento social é uma ótima oportunidade para repensarmos a forma como vivemos e perceber o impacto que o ambiente construído pode causar diretamente na saúde de um indivíduo e de toda a sua família. Se vamos além na reflexão e pensarmos que praticamente toda a sociedade planetária encontra-se “em casa” desenvolvendo todas as suas atividades, seja de trabalho, refeições, lazer, e descanso, agora, mais do que nunca, a residência tem uma importância vital em nosso dia-a-dia.
Uma edificação que não foi projetada e construída com o cuidado em proporcionar conforto e maior qualidade de vida aos seus moradores pode causar diversos sintomas negativos para a sua saúde, tais como: fatiga, dores de cabeça, problemas respiratórios, irritabilidade, dentre vários outros…
As construções sustentáveis têm um papel fundamental na saúde dos ocupantes por fornecerem diretrizes de projeto e construção que visam a melhoria do bem-estar físico e emocional e o aprimoramento do conforto das pessoas que ali irão residir.
O GBC Casa & Condomínio prioriza o tema saúde e bem-estar como um dos principais objetivos da certificação. Para isso, estabelece uma série de requisitos visando a melhora do conforto térmico, acústico, luminoso, a melhora da qualidade do ar, etc.
Com a execução destas medidas enfocadas na saúde das pessoas, o ambiente construído pode aliviar significativamente o nosso estresse em tempos difíceis de crise e isolamento social, acolhendo-nos e proporcionando o conforto e bem-estar necessários para manter o nosso estado de espírito e físico fortalecidos para o combate ao COVID-19.
Conheça os créditos que vão tratar especificamente desta temática e as estratégias a serem incorporadas para o seu atendimento:
Requer o controle de emissão de gases de combustão com o objetivo de eliminar ou minimizar o vazamento desses gases nos espaços internos da edificação, de modo a não causar impactos a saúde dos ocupantes. Para tanto, não devem ser instalados equipamentos cujo processo de combustão ocorra dentro dos espaços internos, porém, se instalados, a combustão deverá ocorrer em câmara fechada. Há também a opção de realizar a exaustão mecanizada de gases, neste caso o ambiente deverá possuir sensor permanente de CO (monóxido de carbono) com acionamento de alarme sonoro quando os níveis atingirem 25 ppm. Caso o ambiente não possua ventilação natural com aberturas permanentes, deverá ser instalado sensor de CO2 com acionamento de alarme sonoro quando os níveis atingirem 1000 ppm.
Objetiva reduzir o mofo e a exposição a poluentes internos por meio do uso de sistemas passivos (ventilação simples e/ou cruzada) ou ativos (exaustores mecânicos) que forneçam a exaustão do ar interior para o exterior das áreas molhadas. No banheiro, a quantidade mínima de fluxo de ar deve proporcionar de 6 a 10 renovações de ar / hora e na cozinha, de 10 a 15 renovações de ar / hora. A capacidade do sistema de exaustão deve ser calculada em m³ / hora. Deverá ser calculado o volume do ambiente (comprimento x largura x altura) e multiplicado o resultado pelo número de extrações necessárias por hora (10 a 15 em uma cozinha, 6 a 10 em um banheiro).
Tem o objetivo de garantir que as residências ou condomínios residenciais apresentem um nível mínimo de desempenho, com base nos critérios da NBR15575, considerando requisitos voltados ao comportamento térmico, acústico e luminoso, para a obtenção de ambientes com melhor qualidade para os ocupantes nesses quesitos. Os créditos 1, 2 e 3 desta categoria requerem o melhor desempenho em cada um desses fatores.
Objetiva proporcionar níveis adequados de desempenho térmico de residências ou condomínios ventilados naturalmente, expostos ao clima das 8 Zonas Bioclimáticas brasileiras. Por meio de simulação computacional, possibilita 2 pontos caso atendido o nível intermediário (I) conforme os critérios da NBR 15575-1 e 3 pontos para o atendimento do nível superior (S) da norma.
Tem como objetivo proporcionar desempenho luminoso adequado às residências e condomínios residenciais. Possibilita 2 pontos para o atendimento do nível intermediário (I) e 3 pontos se atingido o nível superior (S) da norma NBR 15575-1. O desempenho deve ser demonstrado por simulação computacional.
Objetiva reduzir o risco de incômodos ou doenças que o ruído possa produzir aos usuários das residências. Possibilita 2 pontos para o atendimento do nível intermediário (I) e 3 pontos se atingido o nível superior (S) da norma NBR 15575-1, 3, 4, 5 e 6. O desempenho deve ser demonstrado por simulação computacional.
Para reduzir e controlar os níveis de umidade no interior da residência, proporcionando conforto e reduzindo o risco de mofo, todas as áreas molhadas das residências e condomínios deverão ser impermeabilizadas atendendo as diretrizes das normas ABNT NBR 9574 – Execução de impermeabilização e NBR 9575 – Impermeabilização – Seleção e projeto.
Objetiva reduzir a exposição dos ocupantes da residência aos poluentes provenientes da garagem, por meio de vedações ou de equipamentos mecânicos. Em termos de estratégias deverão ser vedadas as superfícies (aberturas, pisos e forros conectados) situadas entre a garagem e os espaços internos, além de portas com fita veda frestas; também é possível criar um hall de acesso aos elevadores que seja isolado do ambiente da garagem com paredes ou divisórias. Além disso, para o alcance de 1 ponto adicional, deverão ser instalados exaustores com timer controlado por meio de sensores de ocupação; acendimento automático da iluminação; mecanismos de abertura da porta da garagem; sensor de monóxido de carbono e acionamento automático em determinado intervalo de tempo.
Tem como objetivo reduzir a exposição dos ocupantes da residência e dos trabalhadores da construção civil aos contaminantes do ar, por meio do controle e da remoção das fontes de contaminação. Utilizar estratégias como a vedação de todos os dutos e aberturas, após a instalação, para minimizar a contaminação durante as obras. Reservar um local específico para fumantes no canteiro de obras, com uma distância mínima de 8 metros do refeitório, vestiários e principais atividades. Realizar uma limpeza, aspiração e higienização dos cômodos da residência, incluindo também limpeza dos azulejos, vidros, caixilhos, armários e móveis, após o término das obras, na fase de pré-ocupação. Além dessas estratégias como utilizar capachos em todas as entradas da residência, com pelo menos, 0,60 m de comprimento na direção do deslocamento principal e/ou um depósito para calçados (guarda-sapatos) e um espaço de armazenamento, próximos à entrada principal.
Utilizar materiais de baixa emissão com o objetivo de diminuir a produção e o consumo de materiais com conteúdo contaminantes e perigosos que podem causar lesão, desconforto ou mal-estar aos ocupantes, usuários, instaladores e operários da construção. Compensados de madeira ou produtos confeccionados com fibras agrícolas, devem respeitar os limites de ureia formaldeído conforme a NBR 15.316, possuindo até 8mg de formol a cada 100 g painel. Limitar o teor de COV para tintas, revestimentos e adesivos em aerossol aplicados em paredes internas e em tetos conforme os limites estabelecidos pela Green Seal Standard GS-11 ou pela ISO 11890-2. Todos os adesivos e selantes utilizados no interior da residência devem cumprir os requisitos estabelecidos pela South Coast Air Quality Management District (SCAQMD).
Tem como objetivo estabelecer parâmetros para ambientes que promovam maior bem-estar e melhora da saúde dos ocupantes dentro das residências no Brasil. O crédito requer medidas, tais como: o desenvolvimento de um Plano de Biofilia, o qual deverá descrever como o projeto incorpora a natureza dentro de seus limites; um plano de integração de obras de arte nas áreas de convívio e permanência do empreendimento; desenvolvimento de um Guia explicativo de Saúde e Bem-estar com o objetivo da familiarização dos usuários com os benefícios de elementos incorporados ao projeto, descrevendo as estratégias priorizadas para alcançar o maior conforto e bem-estar dos usuários; utilizar sistemas de ventilação com janelas operáveis, demonstrar que a ventilação natural é suficiente para manter os níveis de dióxido de carbono abaixo de 800ppm na ocupação planejada; criar um plano de limpeza e boas práticas que deverá ser disponibilizado aos moradores e incluído no Manual de Operação, Uso e Manutenção; prever uma área adequada equipada (exemplos: com esteiras, bicicletas ergométricas, pesos, barras, caneleiras, colchonetes, etc.), dedicada para a realização de exercícios, de forma a incentivar as atividades físicas; Gerenciamento do espaço: requisitos mínimos de armazenamento para minimizar a bagunça e manter um ambiente bem organizado e confortável; Altura mínima do pé-direito.
Para saber como as empresas que estão envolvidas nas operações de condomínios residenciais durante estes tempos de isolamento social, entrevistamos o José Roberto Graiche Júnior, Vice-Presidente do Grupo Graiche e Presidente da AABIC (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios, passando sobre as principais adaptações da operação residencial, novidades normativas, sobre a conscientização e canais de comunicação com moradores e ainda o compartilhamento de espaços, individualização do consumo e desempenho.
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por Maíra Macedo, Gerente de Projetos e Certificações do GBC Brasil