Em 2016, a ONU propôs aos líderes mundiais 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para que, coletivamente, a humanidade pudesse dissociar o crescimento econômico da pobreza, da desigualdade e das mudanças climáticas. Este último tópico é possível com as construções sustentáveis.
Os 17 objetivos vão desde acabar com a fome até promover sociedades pacíficas e inclusivas e cada um possui metas detalhadas a serem alcançadas nos próximos 15 anos. Porém, o que ninguém esperava é que pudesse surgir uma pandemia como a covid-19, que impactou diretamente no progresso dessas metas.
De acordo com o Relatório 2020 dos ODS, o mundo está progredindo de forma irregular e insuficiente em áreas como melhora da saúde materna e infantil, aumento da representação das mulheres no governo e expansão do acesso à eletricidade. A má notícia é que também houve aumento da insegurança alimentar, das persistentes e generalizadas desigualdades e da deterioração do meio ambiente natural.
Diante deste cenário, a contribuição dos edifícios sustentáveis é ainda mais significativa. Eles são uma oportunidade de economizar energia, água e emissões de carbono, além de educar, criar empregos, fortalecer comunidades, melhorar a saúde e o bem estar, entre outros benefícios.
Objetivo 3 – Saúde e Bem-Estar: segundo a OMS, as doenças pulmonares e respiratórias associadas à baixa qualidade do ambiente interno são três das cinco principais causas de morte. Por outro lado, uma iluminação aprimorada e a melhor qualidade do ar e vegetação, características de edifícios sustentáveis certificados pelo LEED ou GBC Brasil Casa e Condomínio, têm provado impactar positivamente neste quesito.
Ciente disso, o projeto global Better Places for People do World Green Building Council pretende criar um mundo em que os edifícios não sejam apenas bons para o meio ambiente, reduzindo a poluição e melhorando a qualidade do ar, mas também ofereçam uma vida mais saudável, feliz e produtiva, beneficiando a saúde dos habitantes das cidades.
Objetivo 7 – Energia Limpa e Acessível: ter um consumo eficiente de energia, tanto em escritórios comerciais quanto em residências, é de extrema importância. Além da economia, os edifícios verdes também usam energia renovável, que pode ser mais barata que a proveniente de combustíveis fósseis. O movimento de green building promove o uso de energias limpas em suas certificações como o LEED e o GBC Brasil Casa e recentemente desenvolveu a certificação para empreendimentos autossuficientes energeticamente, chamada de GBC Brasil Zero Energy.
Dados da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) sugerem que os sistemas de energia solar domésticos na África fornecem eletricidade aos domicílios por apenas US$ 56 ao ano – muito mais barato do que aquela vinda do diesel ou da querosene.
A energia renovável também tem o benefício adicional de não produzir emissões de carbono, limitando o impacto no planeta. Essa eficiência associada a fontes renováveis locais também contribuem para a segurança energética.
Objetivo 8 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico: à medida que a demanda por construções sustentáveis cresce ao redor do mundo, o mesmo acontece com a força de trabalho necessária para entregá-las. No Canadá, por exemplo, esta indústria representou quase 300.000 empregos em tempo integral somente em 2014.
Além disso, a concepção de um edifício verde, com a construção, operação e eventual reforma, impacta em uma grande variedade de pessoas, proporcionando mais oportunidades de emprego inclusivo. O GBC Brasil, por exemplo, disponibiliza cursos de especialização na construção, adequação e certificação dessas edificações voltados aos profissionais e membros a fim de incentivar a criação de empreendimentos sustentáveis.
Objetivo 9 – Indústria, Inovação e Infraestrutura: as edificações sustentáveis devem ser projetadas para garantir sua resiliência e adaptabilidade em meio às mudanças climáticas. Segundo o relatório do New Climate Economy, são necessários US$ 90 trilhões de investimento no setor de infraestrutura em todo o mundo, nos próximos 15 anos, para alcançar um futuro próspero de prédios com emissões zero.
Objetivo 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis: segundo a ONU, atualmente 55% da população mundial vive em áreas urbanas e a expectativa é de que esta proporção aumente para 70% até 2050. Por essa razão, é de suma importância garantir a sustentabilidade das comunidades e das edificações a longo prazo.
Em muitos países, os Green Building Councils foram além da certificação de construções sustentáveis e desenvolveram ferramentas que facilitam a formação de bairros e distritos verdes. Segundo dados do GBC, o Brasil está em quinto lugar no ranking mundial de sustentabilidade, com 1.555 construções do tipo já registradas e 641 certificadas. São Paulo concentra a maioria, com 842 registros de construções sustentáveis e 364 certificações de casas, indústrias, hospitais e até bairros.
Objetivo 12 – Consumo e produção responsáveis: focado na promoção de recursos e eficiência energética, infraestrutura sustentável e acesso a serviços básicos e empregos “verdes”, esta meta conversa diretamente com a indústria de construção civil. Ela tem um papel importante na prevenção de resíduos por meio da redução, reciclagem e reutilização – princípios de “economia circular”, em que os recursos não são desperdiçados.
Um bom exemplo para este item é um dos membros do GBC Brasil, a Shaw Contract, que desenvolveu maneiras de gerar produtos do que antes era considerado resíduo. Isso não só reduz a quantidade que vai para o aterro como as matérias-primas que são extraídas da terra. Desde 2006, a Shaw recuperou e reciclou mais de 400 milhões de quilos de carpetes pós-consumo.
Objetivo 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima: os edifícios são responsáveis por mais de 30% das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo a ONU. Portanto, são um dos principais contribuintes para as mudanças climáticas. Por essa razão, as construções sustentáveis têm um enorme potencial para combatê-las por meio de medidas como a eficiência energética.
Na África do Sul, somente os edifícios certificados pelo Green Star economizaram 336 milhões de quilos de emissões de carbono por ano – o mesmo que tirar 84.000 carros das ruas – ajudando a limitar os efeitos da mudança climática.
Objetivo 15 – Vida Terrestre: a indústria da construção e suas cadeias de suprimentos também impactam o uso de materiais de origem responsável, como a madeira. As ferramentas de certificação de construção ecológica reconhecem a necessidade de reduzir o uso da água, o valor da biodiversidade e a necessidade de garantir sua proteção e incorporá-la ao espaço durante e após a construção – minimizando danos e projetando formas de melhorar a biodiversidade, como paisagismo com flora local.
Objetivo 17 – Parcerias e Meios de Implementação: não basta saber o que tem que ser feito, é preciso botar a mão na massa. Apesar da ausência de uma voz coletiva por muitos anos no cenário mundial, a partir de 2015 com o primeiro “Dia dos Edifícios”, muitos benefícios já foram notados.
Fortes parcerias, como as do World Resources Institute e do Global Environmental Facility, aumentam a capacidade de gerar mudanças e garantem o fortalecimento coletivo. O movimento reconheceu que as barreiras para um ambiente construído sustentável não são soluções técnicas, mas sim como colaborar efetivamente, garantindo que os esforços estejam alinhados para alcançar um impacto muito maior.
Diante de todos estes desafios, fica mais claro que o movimento de construções sustentáveis tem influência na dissociação do crescimento econômico das mudanças climáticas, pobreza e desigualdade, ajudando a alcançar as metas e criando um mundo mais verde que todos podem se orgulhar de chamar de lar.
Com o intuito de transformar a indústria da construção civil e a cultura da sociedade em direção à sustentabilidade, o Green Building Council Brasil foca no desenvolvimento e na promoção de diferentes sistemas de certificações ambientais. Utilizando as forças de mercado para conduzir a adoção de práticas de “prédios verdes”, a organização também atua na capacitação contínua, engajamento profissional e iniciativas socioculturais.
Se a sua empresa tem interesse em fazer parte deste movimento, seja obtendo uma certificação para seu empreendimento ou capacitando seus profissionais para criar e planejar edifícios com essas características, faça parte deste movimento e torne-se Membro do GBC Brasil.