Por que é importante cuidar da saúde do edifício?
Uma das lições que a pandemia da covid-19 passou à população é que a preocupação com a saúde deve envolver os mínimos detalhes. Do uso de máscaras e equipamento de proteção individual à forma como passamos álcool gel nas mãos. Qualquer descuido na prevenção pode acarretar em sérias complicações.
Assim, as construções precisam incorporar esse cuidado em sua estrutura e processos. Afinal, a maioria das pessoas passa, em média, oito horas por dia nesses locais, cinco vezes na semana, para exercerem suas tarefas. O impacto em nosso bem-estar é muito maior do que a própria residência onde vivemos.Após meses da pandemia da covid-19 e de trabalho remoto, muitas organizações começam a retomar suas atividades presenciais. Isso significa que os profissionais novamente irão conviver em um escritório. Mas será que a saúde do edifício está adequada para garantir bem-estar a todos?
Sim, a própria construção pode estar doente e comprometer a qualidade de vida de seus ocupantes. No caso do local em que trabalhamos, a situação se agrava porque as pessoas estão sujeitas a outros complicadores, como pressão por desempenho e estresse por sete, oito horas por dia, se não mais..
A Organização Mundial da Saúde (OMS) detectou esse problema em 1982 e batizou como Síndrome do Edifício Doente (SED). A entidade definiu como situações em que os ocupantes “experimentam efeitos agudos de saúde” relacionados ao tempo em que passam no prédio. Estima-se que três em cada dez construções poderiam ser diagnosticadas com a SED.
Não se trata, evidentemente, de implementar políticas de segurança ocupacional aos trabalhadores. Tampouco implica nos protocolos de prevenção contra a covid-19. São estratégias importantes, sem dúvida, mas observar a saúde do edifício significa compreender como a construção em si impacta na qualidade de vida dos colaboradores.
Assim, algumas questões tornam-se imprescindíveis: qual o tipo de material usado na obra? Como é o uso de água e energia elétrica no prédio? Há iluminação natural e espaço para ventilação? Está integrado à comunidade? É de fácil acesso? As respostas a estas perguntas são o ponto de partida para analisar se o local em que trabalhamos está doente ou não.
Portanto, nossa saúde está ligada à saúde do edifício. Baixa iluminação, por exemplo, compromete a visão, provoca dores de cabeça e diminui o poder de concentração. Pouca ventilação natural, por sua vez, aumenta o risco de contágio de doenças infecciosas. Sem falar, evidentemente, no uso de produtos sanitários e na qualidade da água.
Cinco dicas para melhorar o bem-estar proporcionado pelo local
Melhorar a saúde de edifícios requer planejamento e estratégias sustentáveis. Locais em sintonia com os recursos naturais e elementos presentes na comunidade em que estão inseridos proporcionam maior conforto aos trabalhadores. Confira algumas dicas fundamentais:
Utilização consciente de recursos naturais
O primeiro passo é adotar uma política clara de utilização de recursos naturais, principalmente a água e a energia elétrica. É preciso reduzir o desperdício, permitindo que o colaborador possa usufruir sempre que precisar mas de forma consciente.
Cuidados com higiene e limpeza
Trabalhar em ambientes limpos é fundamental. Contudo, para que a saúde do edifício não seja prejudicada, é preciso saber quais produtos podem ser utilizados. Isso porque muitos deles contêm elementos tóxicos em sua composição – o que, com o passar do tempo, pode trazer sérias complicações aos ocupantes.
Iluminação equilibrada
Já citamos anteriormente os problemas que a baixa iluminação pode trazer, mas isso não significa que é preciso encher o prédio de lâmpadas. O segredo é equilibrar a iluminação, encontrando um nível que promova um conforto visual aos profissionais. Para isso, balanceie a luz solar com a artificial sempre que possível.
Ventilação adequada aos ambientes
Deve-se garantir uma ventilação adequada ao ambiente, seja através de ventilação natural ou forçada. Escritórios fechados, com ar condicionado, devem se atentar às taxas de renovação de ar e garantir o bom funcionamento de seus sistemas.
Acessibilidade Universal
Um edifício saudável deve ser saudável para todos! O pensamento deve ir além do simples atendimento à legislação e normas técnicas vigentes. Ao entender acessibilidade como um organismo vivo e incorporar fatores humanos, deve-se levar em consideração a experiência prática de pessoas com deficiência, a percepção dos usuários habituais do espaço, além de aspectos de tratamento interpessoal.
Edifício saudável é edifício certificado
Identificar quais prédios estão doentes e quais são saudáveis não é uma tarefa simples. Mas para isso existem organizações que buscam certificar construções que adotam boas práticas socioambientais e valorizam o bem-estar de seus ocupantes.
É o caso do GBC Brasil, que desenvolve e promove sistemas de certificação, capacitação, engajamento e iniciativas socioculturais para estimular o conceito de construções sustentáveis no país. Inclusive neste mês lançou um curso específico sobre Saúde e Bem-estar em Edifícios comerciais.