Se você acredita que a preocupação com a qualidade do ar é um assunto recente, muito se engana. Desde o Egito Antigo, já era possível notar que profissionais precisavam de afastamento por conta de doenças respiratórias. Até mesmo na Bíblia são citadas pessoas que analisavam a necessidade de desocupar casas por conta do mofo instalado.
Um dos casos mais famosos que atestou a necessidade de cuidar da saúde de um edifício foi o que aconteceu nos Estados Unidos, em 1976. Durante uma convenção da American Legion de veteranos de guerra, 34 participantes morreram e 221 contraíram uma pneumonia grave por conta de uma bactéria que se propagou pelo local. Segundo a History, embora Legionella não tenha sido encontrada no sistema de resfriamento do hotel por ter sido limpo no momento de sua descoberta, os investigadores presumiram que os poderosos ventiladores do sistema emitiram uma névoa de água contaminada que caiu sobre os pedestres na calçada abaixo e foram sugados para o saguão através de uma abertura no andar térreo, onde as vítimas respiravam as minúsculas gotas de água infectadas.
Com o passar dos anos, a importância de adotar estratégias para ter um prédio mais saudável com relação ao ar interno foi só aumentando. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cada indivíduo consome cerca de 10 mil litros de ar por dia.
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Mas afinal, qual é a importância da qualidade do ar interno?
Para descrever características físicas, químicas e os constituintes atmosféricos com foco principal no impacto na saúde dos ocupantes das construções foi criado o termo qualidade do ar interno. Essa concepção analisa todos esses pontos, como a temperatura, a concentração de dióxido de carbono (CO2) e até mesmo a presença de pólen no ambiente fechado.
O ponto interessante deste conceito é que ele mescla saúde com conforto. Dessa forma, o ar pode ser considerado bom quando não há nenhum contaminante conhecido em concentrações nocivas conforme determinado pelas autoridades competentes, e quando mais de 80% das pessoas que vivem ou frequentam o local não sentem desconforto ao ficarem expostos àquela concentração.
O desequilíbrio disso pode impactar diretamente no bem-estar dos indivíduos causando dor de cabeça, tontura, náusea, irritação na garganta e nos olhos, entre outros. Com base em situações como essa, em 1982 a OMS criou o termo Síndrome do Edifício Doente que aborda que características e condições de uma construção podem estar associadas ao adoecimento de seus ocupantes. Segundo o levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), o número de afastamento de profissionais por doenças respiratórias aumentou 165% no ano passado no Brasil. Além de 40 mil classificados como Covid-19, houve um salto de 19 mil para 51 mil que foram afastados por problemas respiratórios, de 2019 para 2020.
Para os gestores prediais, é muito importante conhecer o seu ambiente, fazer relatórios epidemiológicos e monitorar as queixas a fim de identificar pontos de melhoria no uso e ocupação de uma edificação. Os melhores agentes de informação são os usuários.
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Como promover maior bem-estar nas edificações?
Separamos uma série de exemplos de empresas brasileiras ou do exterior que estão se aprofundando neste tema. Desenvolvemos também algumas ações para promover este importante tema: material de estudos, um curso focado em Conforto, Saúde e Bem-estar nas edificações e está em fase piloto de uma nova certificação com foco total para estas questões em interiores residenciais, chamada GBC LIFE.