O Aeroporto Presidente Itamar Franco, também conhecido como Aeroporto Regional da Zona da Mata, é um aeroporto localizado no município de Goianá, em Minas Gerais.
Em janeiro de 2015, por meio de licitação lançada pelo Governo de Minas Gerais, o Aeroporto Presidente Itamar Franco passou a ser administrado pela Concessionária do Aeroporto da Zona da Mata S.A., formada pelas empresas Socicam Administração, Projetos e Representações Ltda. e pela Companhia Brasileira de Comércio Exterior – CBCE. A Socicam é uma empresa com ampla experiência na administração de terminais rodoviários, além de terminais urbanos e portuários.
Ao assumir a administração, a Socicam contratou os serviços da Novva Solutions para incorporar os critérios de sustentabilidade exigidos em contrato para que o empreendimento pudesse obter a certificação LEED no mais alto nível possível. Desde 2017, a Socicam e a equipe de operações do Aeroporto vêm colocando em prática os critérios sustentáveis sob a orientação da Novva Solutions, começando pela adequação do Aeroporto às exigências mínimas de qualidade do ar interno. Nesse sentido, foi instalada uma nova rede de dutos para captação de ar externo. Adicionalmente, o sistema de ventilação natural foi verificado e melhorado através da abertura de venezianas basculantes em locais estrategicamente posicionados para induzir a ventilação cruzada, de maneira que o alto pé-direito favorecesse o fenômeno conhecido como efeito chaminé, visando o conforto térmico dos ocupantes.
Em relação à iluminação interna e externa, todo o sistema foi substituído por equipamentos de LED 45% mais eficientes do que o sistema anterior, reduzindo consideravelmente o consumo energético. Novas janelas foram instaladas nas áreas administrativas para diminuir a necessidade de iluminação artificial e favorecer a entrada de luz natural, conectando os funcionários ao seu ciclo circadiano através da conexão visual com a passagem do dia para a noite, o que não era possível nos ambientes anteriormente enclausurados. Combinando estratégias de ventilação natural em mais de 50% dos espaços internos, iluminação natural e iluminação de alta eficiência, o Aeroporto conseguiu atingir 43° Percentil acima da média nacional energética comparando-se a outros três Aeroportos também gerenciados pela Socicam.
Visando contribuir para a diminuição das emissões atmosféricas, a equipe de operações do Aeroporto incentiva a utilização de meios de transporte alternativo, implementado a política da carona solidária, incentivando a utilização de transporte público e o uso de bicicletas para que seja possível diminuir a utilização do carro com um único usuário. Através de pesquisas, a equipe demonstrou que 62% dos colaboradores utilizam meios de transporte alternativo para ir ao trabalho.
Para a categoria de Eficiência no Consumo de Água, o aeroporto conseguiu atingir 43% de economia em comparação ao baseline através da substituição de parte dos metais sanitários existentes, além da instalação de hidrômetros para os principais subsistemas consumidores de água visando ampliar o desempenho através da diminuição de gastos desnecessários com a rápida identificação de vazamentos. Além disso, toda a vegetação utilizada no paisagismo é nativa da região, não havendo necessidade de sistemas de irrigação permanentes.
Na categoria Materiais e Recursos, o empreendimento implementou uma auditoria dos resíduos para conseguir compreender os fluxos gerados em 24 horas de operação. A partir destes dados, foi possível elaborar a logística da segregação conforme sua real necessidade, além de implementar uma política de doação dos recicláveis para os catadores locais ou até mesmo para os funcionários que tivessem interesse na reciclagem dos rejeitos. Para os resíduos orgânicos, o Aeroporto adquiriu uma composteira elétrica capaz de transformar 10kg de resíduos orgânicos em adubo, que atualmente é utilizado para uma horta local ou doado para a comunidade. Dessa maneira, o empreendimento foi capaz de demonstrar desvio de 96% dos resíduos passíveis de reciclagem que antes eram encaminhados para aterro ou incineração.
Em se tratando da Qualidade dos Ambientes Internos, o Aeroporto fez importantes melhorias, começando com a substituição dos produtos de limpeza convencionais por produtos de base natural, com capacidade de desinfecção das superfícies contra a COVID-19. Da frota total dos equipamentos de limpeza, 76% possui baixos níveis de ruído. Em todos os principais acessos, foram instalados capachos de 3 metros de comprimento, visando conter a contaminação trazida de fora pelos calçados dos usuários da edificação.
O principal desafio para a certificação de um aeroporto, diferente de uma edificação corporativa, foi a necessidade da criação de um benchmark energético para se estabelecer um critério de comparação energética, onde atualmente temos pouca ou nenhuma informação para criação de critérios de comparação. Esse trabalho levou em conta três outros aeroportos e, com base em seus desempenhos energéticos, foi possível estabelecer um baseline e uma meta de eficiência a ser atingida. Como o Aeroporto implementou muitas estratégias visando a diminuição do consumo energético, como por exemplo, ventilação natural eficiente em mais de 50% dos espaços internos, aumento do fornecimento da iluminação natural e substituição da iluminação convencional por um sistema de iluminação de alta eficiência do tipo LED, o Aeroporto conseguiu atingir 43° Percentil acima da média nacional energética.
Outra grande questão que garantiu uma boa qualidade dos ambientes internos foi o fornecimento adicional de 30% de ar-externo nos ambientes enclausurados garantindo uma excelente troca de ar nos ambientes internos, diminuindo também as chances de contaminação pelo COVID-19.
Todas estas estratégias combinadas garantiram um alto desempenho energético, baixo consumo de água, excelente qualidade dos ambientes internos e a satisfação dos colaboradores, além de possibilitar a obtenção da Certificação LEED no nível Gold, com 66 pontos obtidos. Agora, a meta dos gerenciadores é manter o alto nível de desempenho obtido ao longo do processo pois acreditam que a verificação contínua é a garantia de uma edificação sustentável.
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por Leandro Silva, Novva Solutions