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Anuário GBC Brasil 2022

Publicado em 17 . 09 . 2022

O movimento de green building vive um grande momento. Inicialmente trabalhamos para quebrar a barreira da percepção do custo adicional, a compreensão do ciclo de vida da edificação e o fortalecimento da comunicação entre os profissionais, desafios que já foram superados.

Atualmente comprovamos resiliência no enfrentamento dos recentes desafios e seguimos crescendo com solidez. Acumulamos crescimento de 45% em 2019, seguido de 28% em 2020, quando registramos 155 empreendimentos nas certificações LEED, GBC ZERO ENERGY, GBC CASA&CONDOMÍNIO e LIFE. Já em 2021, registramos 158 novos empreendimentos e certificamos 92.

Também celebramos a parceria com o GRESB (Global ESG Benchmark for Real Estate), fortalecendo o movimento de green building como prerrogativa das corporações, investidores e instituições financeiras que desejam demonstrar aderência aos princípios de responsabilidade social, ambiental e boa governança. Globalmente, o rating ESG do GRESB envolve mais de 1,5 mil portfólios e mais de 100 mil ativos que correspondem a praticamente 5 trilhões de dólares. Nossas certificações conduzem os portfólios de edificações a alcançarem as melhores posições no rating.

De fato, o movimento é global, as parcerias são robustas e mantemos a nossa vontade de continuar dando passos largos. Promovemos inteligência e colaboração. Imaginem profissionais com conhecimento, preferências e experiências por vezes diametralmente distintas, mas que, quando concordam com o nobre objetivo de uma edificação eficiente, saudável e sustentável, trabalham coletivamente pautados pela técnica, conduzidos por rotinas e hábitos, e unificam seus interesses em prol de uma bela obra green building.

Mantemos no Brasil vários tipos de certificação para poder atender prédios corporativos, residenciais, industriais, de logística ou institucionais, caso do Crematório Campo Grande, certificado LEED Platinum, nível alcançado por apenas 5% dos projetos no mundo. E conseguimos ótimos resultados na condução do movimento de green building para as cidades do interior.

Neste sentido, cito a liderança do Grupo Madero que em breve completará mais de 100 edificações LEED, em diversas cidades brasileiras; o Sicredi Evolução, que celebrou a primeira certificação em João Pessoa e anunciou um plano de expansão que levará o green building a cidades do interior da Paraíba e do Piauí; a Cidade dos Lagos, em Guarapuava-PR, e o Viva Park, em Porto Belo-SC, certificados LEED Communities; a sede da AMIC certificada LEED Platinum em Cascavel-PR; a Prologis LEED Platinum em São João do Meriti-RJ; além de novos registros nas cidades de Ribeirão Preto-SP; Eusébio-CE; Pouso Alegre-MG e muitas outras.

O green building também aumentou sua participação em edificações destinadas ao varejo. Lojas como a Prada e Chanel passaram a certificar suas instalações, assim como alguns shopping centers buscando a certificação LEED O+M (operação e manutenção).

Para os próximos anos, o envolvimento do varejo será maior. Teremos a retomada de projetos corporativos, crescimento no segmento residencial e projetos buscando a certificação LEED Communities (bairros). No LEED Communities é como se o incorporador estivesse investindo em educação na origem do empreendimento, formando a cultura da sustentabilidade. A harmonia entre o ambiental, o social e o econômico.

Recentemente, celebramos a certificação GBC CONDOMÍNIO dos edifícios ROC Batel, Curitiba – PR (Construtora Laguna); Arbo Cabral, Curitiba – PR (MDGP Incorporações) e o Ed. Myrá, Alphaville – SP (Construtora MPD). Esses empreendimentos apresentam redução média de 20% no consumo de energia (PBE Edifica) e de até 45% em água. Além disso, desviaram de aterros sanitários cerca de 90% dos resíduos gerados no canteiro de obras e se diferenciam pelo melhor desempenho em conforto, saúde e bem-estar.

O movimento ainda ganhou relevância nas discussões de políticas públicas para nortear os desafios climáticos. O GBC Brasil participou da definição dos projetos a serem expostos no “Built Environment Pavilion” no COP 26 (Glasgow) das Nações Unidas e também certificou seis empreendimentos GBC ZERO ENERGY, sendo dois campi universitários da UNIVALI nas cidades de Tijucas e Piçarras, SC, e quatro escolas do Ensino Adventista no Paraná, que registrou 30 novas unidades em 2021.

Cresceu também o número de membros concluindo seus processos de Declaração Ambiental de Produto, dos quais tomo a liberdade de citar Santa Luzia, Tigre ADS e Arcelor Mittal. Parceiros como o SindusCon-SP, Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) e Ministério de Minas e Energia têm avançado no oferecimento de ferramentas gratuitas para estudos de avaliação de ciclo de vida e inventário de emissões na construção civil. Lançamos ainda o Programa “Small Act, Big Impact”, idealizado pela equipe de facilites da Shell, que visa reconhecer as lideranças que operam e administram as edificações focadas na implementação de inovação e procedimentos que reduzem as emissões de gases ao mesmo tempo em que reduzem despesas.

Internamente, continuamos motivados nas oportunidades de disseminação da informação: foram diversas matérias nos principais veículos de mídia do país (TV, rádio, jornais e revistas) e nossa conferência anual Greenbuilding Brasil contou com a participação de 9,5 mil profissionais de 28 países. Certamente, um dos maiores públicos de todos os eventos de green building realizados nos 70 países onde temos presença física. Decidimos trabalhar com o conceito “edificando ideais humanos”, como forma de provocar uma reflexão contínua.

Não obstante, nas oscilações a que todos nós estamos sujeitos, identificamos como norte profissional no movimento de green buildings o serviço coletivo, a colaboração, a ética, a ressignificação do belo, aspectos condizentes com os espaços que criamos, nos quais valorizamos as relações humanas ao promover eficiência, conforto e sustentabilidade.

Estamos em evidência em ESG no mundo financeiro, compromisso de grandes corporações, acompanhando a tendência dos consumidores manifestarem suas preferências na direção do que o movimento de green building oferece. Não podemos relaxar em períodos de fartura! Precisamos continuar focados e criativos, pois as expectativas em cima do movimento aumentarão.

 

 

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por Felipe Faria
Chief Executive Officer
GBC Brasil

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