Sabe aquela sensação gostosa de conforto e relaxamento que sentimos quando entramos em um prédio com bastante área verde em seus ambientes? Isso daí tem nome: é a biofilia, um conceito que ganhou espaço nos últimos anos e que explica esse amor e conexão que temos com a natureza. Inicialmente pensado para outros setores, tornou-se fundamental na construção civil recentemente graças à maior preocupação de empresas e profissionais com a biodiversidade e seus eventuais impactos e efeitos.
São dois temas que caminham lado a lado. Popularizado a partir do livro de mesmo nome de Edward Wilson, biofilia pode ser entendido justamente como essa necessidade de estar em contato com a natureza e com tudo o que deixa a gente vivo. Já biodiversidade nada mais é do que toda a variedade e quantidade de vida no planeta, seja marinha ou terrestre. Ou seja, ao pé da letra, o primeiro seria o sentimento de se conectar e de amar o segundo.
Mas o que o setor da construção tem a ver com essa busca pela natureza e pela vida?
A resposta é simples e categórica: tudo! Trata-se de uma das poucas áreas que se relaciona com o meio ambiente em todos os sentidos. Seja como fornecedora de matéria-prima para as obras, espaço de uso para criação de projetos ou até mesmo como elemento para criação de locais mais seguros e confortáveis. A construção afeta e, felizmente, é também afetada pela biodiversidade e sua busca por conexão.
Hoje, ninguém quer conviver mais com espaços mal planejados e que tragam mais problemas do que soluções a seus ocupantes. Locais fechados, que não aproveitam aquilo que a natureza tem a oferecer, fazem mal para a vida humana. A Síndrome do Edifício Doente, por exemplo, não é fruto da ficção científica. Ela existe, é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde desde os anos 1980 e compromete a saúde física e mental de milhões de pessoas pelo mundo.
Se estimativas indicam que passamos 90% de nossas vidas dentro de prédios, seja para morar, se divertir ou trabalhar, é natural que esses locais sejam espaços de acolhimento, harmonia e tranquilidade. Quando entramos em nossas casas, precisamos nos sentir em paz e saudáveis – da mesma forma quando estamos em contato com o meio ambiente.
Por muito tempo, o ecossistema da construção civil imaginava que bastava colocar uma ou outra área verde para atender os requisitos considerados sustentáveis de fundos de investimentos e de certas certificações. Havia uma ideia consolidada de que bastava cuidar dos recursos naturais para preencher esse perfil amigável com a biodiversidade. Hoje, porém, sabemos que não é assim que funciona.
Ainda que muitos considerem a sustentabilidade um conceito único e exclusivo de temas ambientais, essa proposta cresceu nos últimos anos. Adotar ações sustentáveis implica em preservar e respeitar o meio ambiente, sem dúvida, mas também prezar pela igualdade social e, principalmente, pelo bem-estar individual.
Quem trabalha em um projeto de construção ou reforma de casa ou condomínio, por exemplo, precisa pensar nestas questões. Não adianta fazer um imóvel lindo visualmente, mas que não traz conforto porque dá uma sensação de aperto e tristeza. Ou ainda apostar em uma linda vegetação para promover um espaço verde, mas ela simplesmente destruir aquele habitat por ser uma espécie invasora.
O desafio, portanto, é criar estes ambientes de convívio. A casa não pode ser apenas o “prédio” onde moramos. Ela precisa ser um “lar”, um lugar que vai oferecer memórias e experiências para nossas vidas, onde iremos passar momentos felizes com familiares e amigos.
Como a biodiversidade pode ajudar a construção civil a criar estes ambientes mais humanos e menos de concreto? Simples, promovendo a biofilia que citamos no início do artigo. Ao trazer a natureza para dentro dos projetos, é possível resgatar essa conexão que sentimos quando estamos em contato com a fauna e a flora. Não se trata daquela natureza ‘selvagem’, com animais peçonhentos, mas sim da capacidade de mexer com nossos sentidos.
Uma casa com diversas flores, por exemplo, traz novos cheiros para o ambiente, aguçando nosso olfato. Espaços verdes bem planejados dão um charme estético, relaxando nossa visão. Árvores frutíferas podem dar alimentos para horas de relaxamento, como jabuticabeiras e amoreiras. Mais vegetação atrai pássaros, que contribuem com nossa audição. O trabalho de sombras com a luz natural também melhora nosso tato.
Em Burkina Faso, por exemplo, as escolas não precisam de ar-condicionado mesmo com sol de 40ºC porque há planejamento em utilizar os recursos naturais de forma inteligente. Trazer a natureza e sua biodiversidade para os projetos imobiliários cria esse ambiente de “sensações” tão importante para nos conectarmos de verdade com os prédios que frequentamos. Em outras palavras, para termos essa biofilia de enxergá-los como parte da nossa natureza.
Pensando nesse novo momento, as principais certificações começaram a incluir a biodiversidade como um pilar importante de suas avaliações. Antes ela estava presente enquanto conceito, isto é, como uma espécie de guia para avaliação de itens práticos e não como ele próprio um item capaz de ser mensurado.
Refletindo essa necessidade cada vez mais urgente, o GBC Brasil promoveu uma mudança estrutural em sua Certificação Casa & Condomínio, colocando a biodiversidade como uma de suas categorias de análise dos projetos, abrangendo as seguintes situações:
Para conseguir que a biodiversidade de fato esteja dentro dos projetos imobiliários e promova um ambiente saudável e confortável para todos, a melhor alternativa é buscar a certificação dos edifícios. Ela é a garantia de que aquela construção seguiu todos os passos necessários para criar um local que promove bem-estar física e mental.
Além de atualizar a sua Certificação Casa & Condomínio para abranger todas estas questões, o GBC Brasil possui uma lista completa de certificações para diferentes etapas de construção e reforma de edifícios, sempre pensando em promover espaços mais saudáveis entre os brasileiros. Para saber mais, acesse nossa página especial de certificações aqui.