Neste ano de 2016, o surto de gripe A (H1N1) começou em março, bem mais cedo do que o esperado que seria com o inverno. Aqui em São Paulo temos uma concentração de casos de gripe que foram letais. A gripe H1N1 já causou mais de uma centena de mortes até o mês de abril, segundo dados do Ministério da Saúde. Como devemos nos prevenir deste surto? As nossas casas, os edifícios em que trabalhamos podem influenciar na disseminação da doença?
Conforme o velho ditado: ‘prevenir é melhor do que remediar’. A campanha de vacinação pública se iniciou antes do que o planejado exatamente para aumentar a prevenção. A corrida para a vacinação particular motivou escolas, condomínios e famílias a tomarem a vacina para evitar a gripe H1N1. Houveram filas de mais de duas horas de espera para tomar vacina em algumas clínicas particulares! No colégio que o meu filho estuda foi feita uma campanha no final de semana em que todos os alunos, pais, avós, funcionários e professores foram vacinados. Todos estavam assustados com um caso fatal ocorrido em uma outra escola vizinha.
Entretanto a prevenção não se limita a tomar a vacina. Não podemos nos assustar mas temos que evitar a contaminação nos ambientes públicos que frequentamos. Devemos lavar muito bem as mãos com água e sabonete para evitar a contaminação por contato com o vírus. Este já é um indício que nos mostra como as edificações interferem na doença. Quanto mais lavatórios bem posicionados, mais as pessoas se lembrarão de lavar as mãos. Alguns shoppings centers da capital tem reformado a área da praça de alimentação colocando lavatórios com pia, sabonete líquido, papel toalha e lixeira. Lavar as mãos antes de comer é essencial, assim como é muito importante evitar colocar as mãos sujas nos olhos, nariz e boca.
A gripe se prolifera mais no inverno porque é uma época na qual as pessoas ficam mais próximas e em locais fechados. Estamos no outono e apesar das temperaturas estarem bem mais altas do que as médias de anos anteriores, as pessoas se esquecem de ventilar suas próprias casas e ainda há o costume de deixar os ambientes que convivemos muito fechados. Devemos ficar atento a maior forma de transmissão do vírus da gripe que é por via aérea. O vírus influenza transmite-se facilmente de pessoa para pessoa através das gotículas dispersas no ar emitidas com a tosse ou com os espirros. Se não houver circulação de ar ou renovação, este ar contaminado com o vírus pode ser inalado por outra pessoa. Poderíamos até inferir que São Paulo está tendo mais casos de gripe H1N1 por ter mais prédios fechados e com sistema de ar condicionado. Vejam como a qualidade do ar interno dos edifícios pode colaborar aumentando os casos de pessoas infectadas!
Em locais com grande circulação de pessoas como shopping centers, edifícios de escritórios, escolas, estações de metrô e hospitais, o ideal seria que o sistema de ar condicionado tivesse filtragem e taxas de renovação de ar externo mais altas, como preconizadas em edificações sustentáveis e com certificação ambiental LEED. Como infelizmente não temos todos os prédios climatizados seguindo essas recomendações, devemos preventivamente abrir as janelas para circular o ar nestes locais; se houverem janelas operáveis para ventilação natural, é claro. Essa é outra evidência que mostra a parcela de responsabilidade de um bom projeto na qualidade do ambiente construído, e como os prédios podem sim influenciar no aumento do surto da gripe e outras doenças.
Visando ter uma boa qualidade de vida, nós devemos manter hábitos saudáveis, fazer exercícios regularmente, beber água e nos alimentar bem. Para obtermos qualidade nos espaços que convivemos devemos ter cuidado com o ar interno que respiramos e as instalações de água e climatização para evitar proliferação de doenças, como da gripe H1N1. Portanto devemos mais do que nunca, durante períodos de surtos, tornar nossas edificações verdadeiramente saudáveis!
Texto escrito por Eleonora Zioni, LEED AP BD+C, DGNB Consultant, Consultora do GBC Brasil Casa, professora dos cursos “Como se tornar LEED AP” e “LEED for Healthcare” no GBC Brasil e Diretora Executiva da Asclépio Consultoria, empresa Membro do GBC Brasil.
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