A Organização Mundial de Saúde define saúde como “um estado de bem-estar físico, mental e social completos, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade [1]”.
O termo “saúde e bem-estar” pode ser considerado como abrangente de fatores sociais, psicológicos e físicos. A saúde e o bem-estar de um indivíduo são determinados por uma combinação complexa de fatores genéticos, estilo de vida, comportamento e ambientais, incluindo aqueles relacionados ao ambiente construído. Com a pessoa média no mundo desenvolvido passando aproximadamente 90% de suas vidas dentro de ambientes construídos [2], as condições e instalações que os edifícios oferecem e os comportamentos que eles incentivam são, portanto, uma influência significativa na saúde e no bem-estar de todos.
Na verdade, há um grande número de pesquisas que demonstram de forma convincente que o projeto, a construção e a operação de edifícios têm um impacto substancial na saúde e no bem-estar de seus ocupantes.
Além disso, evidências mostram que há uma diferença clara entre ambientes internos que simplesmente não são prejudiciais à saúde e aqueles que apoiam e melhoram positivamente a saúde e o bem-estar. Para locais de trabalho, onde os custos relacionados com a equipe normalmente representam 90% dos custos operacionais (energia e custos relacionados com aluguel normalmente representam 1% e 9%, respectivamente), qualquer coisa que possa ajudar a tornar uma força de trabalho mais saudável e feliz pode ter impactos significativos no fundo de uma organização linha em termos de melhoria de produtividade, absenteísmo e retenção / atração de pessoal.
Este tópico desponta como uma das principais discussões internacionais no movimento de Green Building.
Conforto, Saúde e Bem-Estar nas Construções e Ambientes Internos
O conceito de green buildings abraça os de prédios saudáveis e inteligentes. Assim, o novo curso do GBC Brasil “Conforto, Saúde e Bem-Estar nas Construções” não poderia estar mais alinhado com o objetivo da organização, de que, ainda nesta geração, todos possam estudar, trabalhar ou morar em edificações greenbuildings.
O tópico de conforto, Saúde e Bem-Estar é abordado de forma mais densa neste novo curso com módulos sobre os fundamentos de edifícios saudáveis, conforto, qualidade do ar, água segura em edificações, materiais saudáveis e sustentáveis, operação e manutenção com foco na saúde e bem-estar, certificações saudáveis e sustentáveis, apresentação de cases e os aspectos econômicos e financeiros relacionados à qualidade do ambiente interno das edificações.
Onde os profissionais da área da construção se encaixam no tema?
Profissionais da área que trabalham com sustentabilidade já são vistos como os principais promotores da qualidade interna do ar nas edificações, conforto térmico alinhado à eficiência energética, qualidade da água em contato com o ocupante alinhado ao uso eficiente da água, conforto acústico, luminoso, aproveitamento da iluminação natural também propiciando vistas para a área externa, trabalho de biofilia, boa ergonomia dos equipamentos, design ativo e uma série de outras práticas que serão aprofundados neste novo treinamento.
Muitos já ouviram falar da síndrome do edifício doente, que se caracteriza por diversos sintomas, desde dores de cabeça, náusea, apatia, cansaço e sonolência, olhos secos, até alergias graves e ataques de asma, que acontecem quando estamos em um edifício com baixa qualidade do ar. Isto se associa com baixa ventilação e acúmulo de poluentes como COVs, mofo, bactérias e monóxido de carbono.
Qualidade do Ar
- A questão do ar é de extrema relevância: inalamos o equivalente a 12.000 litros de ar [3], o equivalente a encher 60 banheiras de ar;
- Mais da metade do ar que inalaremos na vida será dentro de casa. Devemos nos proteger do ar externo poluído, bem como evitar poluentes gerados dentro de nossas casas;
- 5,5 milhões de pessoas morreram em 2013 por problemas respiratórios causados pela poluição do ar interno e externo [4].
- Já estudos de universitários sobre doenças respiratórias causadas a exposição de mofo e outras situações evidenciou que ocusto anual de doenças pulmonares e asma giram em torno de US$ 82 Bi na Europa e US$ 8 Bi no Canadá [5].
- Bebês e crianças correm maiores riscos por problemas causados por produtos químicos inadequados. Dependendo da exposição do risco, podemos comparar a hipótese de uma criança que estivesse fumando 3 cigarros por dia [6].
- A OMS estima que na América Latina e Caribe aproximadamente 58.000 mortes por ano são atribuídas a poluição do ar externo, e 80.000a poluição do ar dentro das casas [7]. Ou seja o ar interno pode ser até mais problemático que o externo na América Latina onde temos conhecidos problemas de poluição nas capitais por conta do Transporte.
Termoacústica
- Níveis elevados de poluição sonora causamproblemas de hipertensão, stress e acidentes vasculares cerebrais. Nas crianças pode afetar o desenvolvimento cognitivo [8].
- O isolamento térmico em 46 milhões de lares americanos deverão resultar na redução de 100 mil toneladas de óxido nitroso, o quecorresponderia a 6.500 ataques de asma a menos, 240 mortes a menos, e economia de US$5,9 Bi de economia financeira ano [9].
Iluminação
- O desconforto luminoso, como viver em um lar escuro, pode piorar as condições de saúde em 50% [10], com dores de cabeça, insônia, depressão, transtorno afetivo sazonal e até câncer de mama e suicídio.
- A iluminação natural pode aumentar a produtividade em 15% [11].
- Residências escuras correm 150% mais risco de sofrerem com a síndrome do edifício doente [10].
Fica claro o quanto é importante trabalhar esse assunto nos ambientes construídos. O primeiro módulo do novo curso do GBC Brasil está com acesso liberado! Garanta sua participação na primeira turma do curso Conforto, Saúde e Bem-Estar nos ambientes construídos!
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Referências
[1] International Health Conference. (2002). Constitution of the World Health Organization. 1946.. Bulletin of the World Health Organization, 80 (12), 983 – 984. World Health Organization. [2] U.S. Environmental Protection Agency. 1989. Report to Congress on indoor air quality: Volume 2. EPA/400/1-89/001C. Washington, DC. [3] Saint Gobain. 2018. ‘Multi-Comfort’.
http://multicomfort.saint-gobain.com. [4] World Bank Group [2018] Open Knowledge Repository – The Cost of Air Pollution: Strengthening the Economic Case for Action.
https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/25013 [5] Respiratory Diseases in University Students Associated with Exposure to Residential Dampness or Mold. Mathieu Lanthier-Veilleux 1,*, Geneviève Baron 1,2 International Journal of Environmental Research and Public Health [6] Ott, Wayne & Roberts, John. (1998). Everyday Exposure to Toxic Pollutants. Scientific American. 278. 86-91. 10.1038/scientificamerican0298-86 [7] World Health Organisation. 2014. Burden of disease from ambient air pollution for 2012: description of method, source of data and methods. Geneva.
http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs313/en/ [8] Münzel, T., Gori, T., Babisch, W. and Basner, M. (2014) Cardiovascular effects of environmental noise exposure. European Heart Journal. DOI:10.1093/eurheartj/ehu030 from European Comission Study ‘Science for Environmental Policy’ Thematic Issue: Noise impacts on Health. January 2015, Issue 47.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3971384/ [9] Levy, J. Nishioka, Y and Spengler, J. 2003. The public health benefits of insulation retrofits in existing houses in the United States Environ Health. doi: 10.1186/1476-069X-2-4. [10] Velux. 2018. Healthy Homes Barometer.
https://www.velux.com/health/healthy-homes-barometer-2018 [11] Velux A/S. 2018. ‘A Good Indoor Environment feels like being Outside on a Mild Summer’s Day. A Guide to Designing Healthy Homes’ Horsholm. pp18.