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Construindo com Natureza: Cidades que roubam ideias de plantas e animais

Publicado em 17 . 05 . 2016

Biomimética-blog
Arquitetos, designers e urbanistas se apropriam de fenômenos naturais tão diversos como cupinzeiros e frutas resilientes para projetar cidades inteligentes e sustentáveis 
Com um número crescente de arranha-céus de vidros e grandes faixas de concreto, as cidades modernas aparentam trabalhar contra a natureza, suprimindo-a ao invés de funcionar em sincronia.
Porém, um número crescente de arquitetos, designers, engenheiros, cientistas e urbanistas se voltam para sistemas da natureza para inspiração
Biomimética se baseia na ideia de que animais, plantas e processos naturais da terra possuem a engenharia de ponta. Esta abordagem busca replicar ideias inteligentes da natureza, quer seja a concepção de um dispositivo que capte água com micro gotículas imbuídas de agentes de ligação, baseado na habilidade do besouro do deserto da Namíbia captar vapor de névoas ou um edifício com refrigeração passiva assim como um cupinzeiro. Biomimética decorre da conclusão de que os sistemas da natureza funcionam bem: exemplos de mal funcionamento são encontrados apenas em registros fósseis.
Claramente existe um grande hiato entre se maravilhar com a habilidade de uma aranha de tecer sua teia e criar um tecido que imite suas propriedades de aderência seletiva. E o abrigo arbóreo não oferece uma proteção de um telhado para repelir completamente as chuvas, mas os pequenos feixes de luz e o movimento de sombra que uma árvore projeta oferecem outros benefícios, dispensando a necessidade de iluminação em certos períodos do dia. Edifícios inteligentes poderiam explorar isto.
A Doutora Cheryl Desha, professora de desenvolvimento sustentável da Universidade Tecnológica de Queensland prevê um futuro em que cidades serão mais parecidas com o ambiente natural, funcionais e resilientes, protegendo seus habitantes das intempéries climáticas, poluição e vírus, enquanto minimizam sua pegada de carbono.
Mas temos um longo caminho a percorrer. “A tecnologia está avançando, mas a natureza está à frente. Em quilômetros de profundidade na água existem seres que, mesmo sem energia solar, conseguem brilhar. E ainda falamos de lâmpadas”, diz Desha.
Felizmente existem ótimas mentes trabalhando nisso. Desha aponta o Instituto de Biomimética, fundado pela cientista natural Janine Benyus.
Seu site, asknature.org, é uma biblioteca online de mais de 1.800 aplicações bio-inspiradas para arquitetos e engenheiros. A estrutura da casca do grapefruit, que permite uma queda de 10 metros sem danos. Esta estrutura inspirou um novo composto de alumínio que está sendo testado para aplicações em segurança de edifícios.
O escritório da Deloitte na Holanda,The Edge, certificado LEED Platinum, é um exemplo de edifício inteligente. Dentre inúmeras inovações, o escritório é iluminado por painéis de LED supereficientes que requerem tão pouca eletricidade que dividem o cabeamento de dados. Estes painéis contam com sensores embutidos de movimento, luz, temperatura e umidade – este cabeamento envolve o prédio como sinapses em um cérebro.
A câmara municipal de Melbourne CH2 (Council House 2), que é refrigerado através do uso de sal, é um ótimo exemplo Australiano. Os painéis do forro são refrigerados por água proveniente de grandes tanques, cada um contendo 10.000 esferas de aço cheias de sal em suspensão, que congela a 16ºC. As esferas de sal congelado resfriam a água antes de circular pelos painéis, quando necessário. A mesma água retorna ao tanque 3ºC mais quente, e a absorção de calor pelas esferas transforma o sal novamente em estado líquido, agindo então como uma “bateria térmica”.
O arquiteto do CH2, Mick Pearce, também projetou o edifício multiuso Eastgate, em Harare. O projeto, inspirado pela forma como formigas resfriam formigueiros, permite resfriamento passivo através de estratégias passivas de projeto. O Eastgate possui túneis laterais e um vertical no centro, permitindo que ar quente seja expelido por correntes de convecção.
Desha diz que investidores europeus rejeitam a ideia de um edifício sem ar condicionado. “Isto diz muito sobre a psicologia humana e como o sistema financeiro não confia na engenharia. Isto deve mudar”.
Colocar a natureza para trabalhar em um ambiente urbano é demonstrado de forma mais obvia através do numero crescente de edifícios que são literalmente verdes. Vegetação cobrindo laterais e coberturas de blocos de escritórios não só quebram com a monotonia da paisagem urbana predominante de concreto e vidro, mas também funcionam como limpadores de ar e resfriadores. Temos o One Central Park em Sydney e o Bosco Verticale em Milão como ótimos exemplos disso.
A empresa de recrutamento Parsona, em Tókio, leva os benefícios da natureza ainda um passo adiante, com instalações urbanas de agricultura integradas. São cultivadas de forma hidropônica e com o uso do solo mais de 200 espécies de vegetais e arroz, que são colhidos por funcionários da cafeteria durante horário de trabalho. Videiras de tomate se estendem sobre mesas de reunião e árvores de limão agem como partições entre mesas.
O ambiente urbano construído é um fenômeno relativamente novo na historia da habitação da humanidade, enquanto os processos da natureza foram aperfeiçoados por milhões de anos. Usar estes processos como base parece um modelo inteligente para planejar e desenvolver nossas cidades existentes e futuras.
 
por Rebecca Dargie, redatora do The Guardian
 
 
Veja também:
– Edifício feito de garrafas PET recebe certificação LEED Platinum
– Como tornar cidades mais eficientes energeticamente
 
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