Entre o desejo de adotar medidas sustentáveis e colocá-las em prática há uma longa distância no ambiente corporativo. A questão é que apenas a boa vontade não é mais suficiente para atrair oportunidades de negócio. Dessa forma, é preciso dar um passo a mais e buscar soluções, como a proposta de implementar ESG na construção civil.
Este conceito é novo, mas está ganhando espaço entre as empresas de diferentes setores. A sigla refere-se a meio ambiente, desenvolvimento social e governança e, de forma resumida, pode ser compreendida como indicadores que buscam aferir o impacto e a influência destas áreas nos processos operacionais.
Natural, portanto, sua utilização em projetos de construção e reforma de edificações no Brasil – afinal, vai ao encontro das tendências apresentadas no setor. Nos últimos anos, temas como prédios verdes e sustentabilidade passaram a fazer parte do dia a dia de empresas e profissionais da área.
Não há mais como ignorar o impacto das edificações na biodiversidade e até na própria saúde das pessoas. Assim, implementar ESG na construção civil é uma forma eficiente e inteligente de mostrar a investidores, organizações e poder público que o setor acompanha as boas práticas nacionais e internacionais.
Até porque trata-se de um mercado-chave para a recuperação econômica nacional. Mesmo diante da pandemia, a indústria da construção cresceu 8,3% de acordo com o Índice Nacional da Construção Civil (SINAPI). Além disso, representa, sozinho, 7% do PIB brasileiro e é o principal indicativo de geração de empregos e renda.
O ESG melhora imagem e amplia investimentos
Não é novidade que o mundo se transformou nos últimos anos. Hoje, é preciso que as organizações demonstrem diariamente boas práticas para atingirem os resultados esperados. Dessa forma, o conceito resolve duas questões imprescindíveis nesse cenário: a atração de novos investimentos e a melhoria na imagem pública.
Implementar o ESG na construção civil faz com que os projetos sejam atrativos a novos investidores por reforçar o respeito às principais práticas globais. Essas métricas estão entre as mais valorizadas (e requisitadas) por bancos e fundos na hora de avaliar oportunidades de negócios – e é algo que irá se acentuar ainda mais nos próximos anos.
Além disso, também serve para valorizar aspectos do projeto, principalmente no impacto socioambiental ao privilegiar a saúde e bem-estar das pessoas e do planeta. Afinal, uma das premissas na utilização desse conceito é a transparência nas práticas e nas políticas – o que garante uma imagem mais positiva aos stakeholders.
Como implementar ESG na construção civil?
Ok, é fácil compreender a teoria, mas e na prática? Como incluir esses indicadores na avaliação e desenvolvimento de projetos na área? Com pesquisa e planejamento, é possível identificar tarefas que podem adequar o trabalho às normas previstas nos indicadores. Confira algumas propostas:
Gestão de resíduos
Não há dúvidas de que a geração e o descarte de resíduos sólidos é uma das maiores preocupações que envolvem o setor. Implementar o ESG na construção civil passa, portanto, por sua gestão adequada, evitando desperdícios de materiais e reciclando e reutilizando o que for possível no andamento da obra.
Economia de recursos naturais
Outro tópico que deve ser planejado com atenção é a utilização de recursos naturais. Estimativas mostram que a construção civil consome, sozinha, entre 50% e 75% dos insumos gerados pelo planeta. É preciso controlar a emissão de poluentes, assim como economizar água e energia elétrica antes, durante e depois da conclusão do projeto.
Segurança dos trabalhadores e dos ocupantes
Antes mesmo de colocar o primeiro tijolo, o projeto precisa deixar claro quais são as regras e políticas de segurança para todos os trabalhadores. É importante preservar a saúde das pessoas e reduzir riscos de acidentes, não apenas das pessoas que estiverem no canteiro de obras, mas dos moradores e ocupantes das edificações já concluídas.
Presença social
Quais medidas o projeto adota para estimular o desenvolvimento social? No caso de edificação comercial, é possível criar propostas de mobilidade, como áreas para bicicletas. Outras opções incluem coleta seletiva e apoio a cooperativas da região, além da manutenção de áreas verdes na parte externa dos prédios.
Conforto, saúde e bem-estar
Por fim, implementar ESG na construção civil implica em reconhecer que a edificação vai além de sua funcionalidade de moradia ou espaço de trabalho. É necessário garantir, em última instância, o conforto, a saúde e bem-estar das pessoas. Para isso, além de utilizar técnicas de uso inteligente de recursos, adotar medidas sustentáveis como iluminação natural e ventilação.
Saiba como passar da teoria à prática!
O conceito de ESG na construção civil não pode ser um mero discurso de marketing, com pouco efeito prático no dia a dia do mercado. É preciso incorporá-lo em todos os processos e, principalmente, avaliá-lo continuamente para saber se o projeto segue respeitando as normas ambientais, sociais e de governança.
Nesse sentido, a incorporação de certificações surge como alternativa. O LEED, por exemplo, é uma das mais importantes do mundo e, no Brasil, é oferecido pelo GBC Brasil. Com suas técnicas, é possível reduzir em 40% o consumo de água, 30% o de energia elétrica, 35% a emissão de dióxido de carbono e 65% a geração de resíduos.