Atentos aos importantes e preocupantes dados sobre a situação ambiental em nosso planeta, pesquisadores estudam e desenvolvem maneiras para a implementação de ações visando a reversão desse quadro. A questão hídrica, evidentemente, também vem sendo muito estudada e debatida. Alternativas são apresentadas e testadas com resultados mais ou menos relevantes e cuja aplicabilidade é variada. No âmbito da construção civil, a busca por alternativas eficazes e com custo reduzido é constante.
A questão do saneamento básico, mais especificamente o tratamento de esgoto, essencial para qualquer residência, comércio ou grande edifício, tem sido objeto de estudos não só pelas razões de saúde pública que o envolvem, mas também pelo uso da água despendida no processo.
Para uma simples descarga de vaso sanitário, são gastos seis litros de água, após a determinação de adequação às normas ABNT NBR 15.097/04 – Em modelos mais antigos se usava em torno de quinze litros de água para se realizar uma descarga. Isto sem mencionarmos os modelos sem caixa acoplada. Aqueles ligados diretamente na malha de encanamentos gastavam (ou ainda gastam, em locais que não observaram a norma) vinte, até trinta litros de água por descarga.
São números que causam verdadeiro terror, quando vemos a crise que já nos alcança a todos e sobre a qual nós temos responsabilidades urgentes, sob pena de sérias dificuldades no futuro.
No Brasil, os edifícios, em sua maioria, dispõem hoje do sistema de coleta do material sanitário por gravidade. No entanto, aos poucos, começam a surgir alternativas que tornam esse processo mais eficaz, menos poluente e mais efetivo na economia de água. O objetivo é fazer com que o vaso sanitário, existente em toda e qualquer edificação, deixe de ser um vilão do desperdício.
O sistema de esgotamento a vácuo, originalmente utilizado em aviões e navios, desponta como esta alternativa e tem conquistado o mercado da engenharia corporativa aos poucos. É um sistema com aplicabilidade facilitada, tem benefícios pela instalação simplificada em locais com níveis topográficos irregulares e por sua grande vantagem de cunho ambiental.
Esse sistema foi implementado na Suécia nos anos 50 e consiste em um conjunto de tubulações que transporta o esgoto graças a uma pressão negativa produzida por uma central de bombeamento ligada à rede elétrica. Quando o botão de descarga é acionado, a válvula do sistema a vácuo se abre e as bombas retiram a pressão atmosférica de dentro das tubulações, produzindo uma pressão de vácuo que suga os dejetos para uma central liberando um jato de água nova. Em seguida, o esgoto é jogado diretamente na rede pela central de vácuo, eliminando o risco de odor no local da central. É necessário ser bastante meticuloso na instalação dessa rede de tubulações. O material empregado e a disposição física de todo o conjunto de equipamentos devem seguir as especificações de maneira exata para que não haja intercorrências.
Rodrigo Mizuno, engenheiro, diretor do Grupo Orion, responsável pela implementação desse sistema no prédio ocupado hoje pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em Brasília, conta que foram instaladas 240 bacias sanitárias modelo em 99 banheiros, utilizando um total de 4.032 metros de tubo. A empresa também instalou esse mesmo sistema no Centro Corporativo Portinari, certificado LEED Platinum pelo USGBC.
Os benefícios que o sistema traz empolgam e valorizam os empreendimentos em termos ecológicos e financeiros:
. A economia de água total é superior a 50%. Somente ao compararmos por acionamento, o consumo já é no mínimo seis vezes menor do que um vaso sanitário com caixa acoplada. Enquanto no sistema comum de esgoto, cada descarga que obedece à norma utiliza de três a seis litros, em sistema fechado, a descarga gasta apenas 1,2 litros de água.
Mizuno revela que, no primeiro mês de implementação no TCU, a conta de água já caiu pela metade. “O sistema de esgotamento a vácuo vem evoluindo muito. Hoje, o nível de ruído produzido pelo acionamento da descarga já é consideravelmente menor do que os primeiros modelos”. Rodrigo conta que há vantagens até para dispor novos vasos sanitários onde não havia tubulação de esgoto em projeto. “A versatilidade e as vantagens econômicas são muito convidativas! ”
. O volume do esgoto gerado é substancialmente reduzido. A água necessária para processar esse esgoto será também reduzida, por consequência.
. Assepsia: A renovação do ar se dá pelo próprio vaso e na tubulação a vácuo não há vida, o que inviabiliza a proliferação de microrganismos e agentes nocivos no ambiente de banheiros. Também não existe o ”spray” da descarga convencional e ainda há renovação de ar no sanitário a cada descarga.
. A pressão na tubulação impede que dejetos obstruam o caminho. Isto leva a menos entupimentos e um menor tempo de mão de obra de manutenção. Além disto, o esgoto é triturado antes de ser lançado na rede.
. Há economia de material e de tempo empregado em limpeza.
. O vazamento praticamente inexiste por causa do sistema que é selado e da tubulação que está com pressão negativa.
. Esse sistema selado a vácuo não necessita de prumada de ventilação
. Há maior flexibilidade de instalação. O local desejado para a implantação do sistema independe da gravidade.
. O espaço necessário para a instalação do sistema é menor porque também é menor o diâmetro da tubulação e os “vácuo geradores” ocupam pouca área.
Instituições como o U.S. Green Building Council, criador de certificações como o LEED, pontua iniciativas que diminuem o consumo, especificamente o consumo de água neste caso, colabora enormemente para que haja cada vez mais estudos e experiências bem-sucedidas no sentido da economia e da redução de prejuízos ambientais.
Cabe aos empreendedores se convencerem de que é um caminho sem retorno o da busca por alternativas sustentáveis para a manutenção com a consequente e inestimável melhoria da qualidade vida neste planeta.
Conheça mais sobre as empresas membro do GBC envolvidas nestes projetos!