O combate ao novo coronavírus (SARS-CoV-2) causador da síndrome respiratória conhecida como COVID-19 tem exigido de todos nós algumas mudanças na rotina para que possamos diminuir sua proliferação. Evitar colocar a mão no rosto, higienizar rotineiramente as mãos e objetos, tossir e espirrar cobrindo a boca com um lenço descartável ou a parte interna do cotovelo são apenas algumas dessas medidas de controle. Ações coletivas como cancelamentos de aulas, restrição do comércio, fechamento de edifícios para atendimento do público e a migração de pessoas do escritório para trabalhar em suas residências gerou uma enorme quantidade de edifícios nas cidades brasileiras e do mundo que estão subutilizados ou praticamente sem uso e, consequentemente, o seu consumo de água também cai. Com o consumo de água menor, o sistema predial passa a ter um baixo fluxo de água em seus reservatórios e tubulações e criam-se setores com água estagnada – aumentando o tempo entre o momento em que a água entra no sistema e o momento em que ela é consumida ou descartada.
Um grande impacto negativo na qualidade da água na edificação é gerado: mudança da cor e sabor, aumento de processos de corrosão e, principalmente, crescimento microbiológico e formação de biofilme. Quanto maior o tempo de residência da água no sistema predial mais tempo as bactérias e microrganismos vão ter para se proliferar e concentrar-se em níveis que podem gerar infecções e males para a saúde dos usuários dos sistemas. Temos diversos tipos de doenças que podem ter seu risco aumentado em um sistema com baixo fluxo ou água parada, como é o caso das infecções gastrointestinais, pneumonias severas (como as causadas pela bactéria Legionella) e infecções cutâneas (como as causadas por fungos e Pseudomonas).
O importante para deixar o sistema de água um pouco mais seguro durante situações de baixa demanda de água nas edificações é manter:
É importante que antes da volta do uso normal da edificação seja feita uma avaliação da limpeza dos reservatórios e uma drenagem de todos pontos de consumo para renovação geral da água; quando há tratamento no local, pode-se manter o residual de cloro um pouco acima do normal por uma semana para um controle mais eficiente da qualidade da água. Assim os ocupantes, ao retornar, terão uma água renovada no sistema.
Essas medidas simples possuem o propósito de renovar com uma frequência adequada a água nos sistemas prediais, manter um mínimo de residual de cloro livre atuando e, assim, reduzir o impacto do crescimento microbiológico e outros problemas em situações de baixa demanda. Elas são eficientes e podem ser aplicadas a praticamente todos os tipos de sistemas prediais, porém não são específicas suficientes para manter a água completamente segura para consumo e uso normais. Diversos outros perigos e condições perigosas podem existir nos sistemas prediais de água fria e quente, assim como em outros diversos sistemas (como sistemas de resfriamento que não abordamos neste texto). Por isso é sempre recomendável que toda edificação possua uma gestão da segurança da água baseada em uma avaliação de risco (realizada por um profissional especializado), como um Plano de Segurança da Água, que considere todos os diversos perigos que a água possa apresentar para o consumo humano, aspiração e contato com a pele e mucosas. Só assim podemos ter um sistema seguro não apenas nesse momento como também durante sua operação normal.
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