Um mundo de construções que sejam zero água, energia e resíduos. Pois este, no fim das contas, deveria ser o objetivo a ser perseguido pelo mercado de construção. Afinal, o setor é em 2022 responsável por 48% de toda a energia consumida no Brasil, índice que subirá para 51% em 2030, segundo cálculos. Cálculos, números, porcentagens. Este foi o maior desafio deste e-book proposto pelo Green Building Council Brasil para mostrar a importância das construções verdes e de suas operações para ajudar a cumprir os objetivos do Acordo de Paris que visa mitigar os efeitos das mudanças climáticas no Planeta Terra. Quanto mais o trabalho avançava, mais a busca de dados para estes conceitos se complicava.
Mas, paradoxalmente, a cada avanço do trabalho também ficava mais claro a importância da busca do net zero, seja por alguns dados gerais ou outros específicos. Muito mais claro ainda se mostrava a paixão de profissionais de diversas áreas na busca pelas construções cada vez mais sustentáveis e por operações que garantam os conceitos da sustentabilidade por todo o ciclo de vida de uma construção, que em média varia de 50 a 100 anos. A ponto de gerar o fenômeno do small act, big impact, as muitas soluções às vezes simples e baratas nascidas da observação ou do foco de profissionais e empresas que acabam gerando importantes soluções para todo um segmento ou até para toda a indústria da construção. E para o planeta, por que não?
Neste GBC em ação se verá a paixão de profissionais e empresas no desafio da busca do gasto zero em energia, água e resíduos. Profissionais que sempre lembram do mais importante, o conforto, a saúde e o bem-estar dos ocupantes. Estudos realizados principalmente nos Estados Unidos revelam as vantagens de um ambiente sustentável para seus ocupantes. Mas num centro de ensino e pesquisa recém-inaugurado em São Paulo, o cuidado do projeto aliado à tecnologia prepara as salas para aumentar a oxigenação no ambiente e diminuir a sonolência dos alunos durante as aulas.
Vamos ainda apresentar números impactantes conseguidos por esta paixão. Em algum momento deste século foi levantada a hipótese de que se toda a cadeia de produção da construção se tornasse verde o problema do aquecimento global seria resolvido. Pelos dados que se pode coletar, a constatação, como diriam os italianos, ‘si non é vero é ben trovato’ (se não é verdade, é bem pensado).
Há várias outras possibilidades de buscar números que mostrem o gigantismo das melhorias para as pessoas e o ambiente proporcionadas pelas construções certificadas. Como calcular que se os edifícios verdes podem reduzir em média 25% da energia de um prédio padrão brasileiro isso equivaleria a toda a produção de Itaipu, a maior hidrelétrica brasileira, diminuindo gastos públicos e dos consumidores. Idem no consumo de água, em que a construção consome 21% de toda a água tratada no Brasil.
Estão neste trabalho também projetos que buscam e conseguem o zero água e o zero resíduos. Empresas e profissionais envolvidos sabem do desafio do zero e buscam soluções. É o caso das escolas adventistas do sul do Brasil que se tornaram autossuficientes em energia. Ou o shopping do interior de São Paulo que vai se tornar zero água. Ou ainda o edifício corporativo da Avenida Faria Lima que é zero resíduo. Todos eles colaboram no esforço pela redução da emissão de CO2, na luta contra o aquecimento global. É o que mostra trabalho da engenheira da Shell Ana Cláudia Machado, que avaliou estas economias a partir da busca de uma melhor operação na limpeza de carpetes nas edificações da petroleira no Brasil. O trabalho ganhou prêmios nacionais e internacionais e referendou o conceito small act, big impact que o Green Building resolveu patrocinar.
Para toda e qualquer discussão sobre Net Zero, edificações autossuficientes, o item mais importante do projeto é a eficiência. Não há de se falar em zero emissões de carbono na operação de uma edificação sem antes investir em eficiência energética ou no estímulo ao transporte de baixa emissão dos ocupantes. Somente após maximizar os esforços com eficiência, se deve pensar em compensação de carbono ou no caso do zero energia, geração de energia renovável. A maximização da eficiência operacional de uma edificação exige a valorização dos profissionais, empresas e soluções destinadas a facilities e properties. Disseminar estes conceitos é um dos objetivos deste trabalho. Mais que isso, esperamos conseguir mostrar nas próximas páginas os benefícios de uma construção sustentável e sua melhor operação para sua saúde, seu bolso e para o planeta.
Boa leitura.