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Grandes empresas usam financiamento ‘verde’ para construir seus portfólios LEED

Publicado em 24 . 01 . 2023

Fazer negócios de maneira sustentável tem sido uma prioridade para empresas com visão de futuro há décadas – mas em 2020, especialmente para empresas grandes e amplamente conhecidas, ser proativo em ter um impacto positivo e compartilhar esse impacto com o público se tornou essencial. Negócios verdes são bons negócios e, no futuro, as decisões financeiras vinculadas a metas de sustentabilidade provavelmente serão o novo normal.

Financiamento que beneficia o meio ambiente

O termo “financiamento verde” abrange várias formas de financiamento: incentivos para construções sustentáveis, títulos verdes, ou instrumentos financeiros de renda fixa que arrecadam dinheiro para projetos que beneficiam o meio ambiente, além de locações verdes, nos quais os inquilinos se comprometem ou recebem incentivos para participar da conservação de energia e água, redução de resíduos e outras ações sustentáveis.

De acordo com as Nações Unidas, o financiamento verde é um subconjunto do financiamento sustentável. Este último inclui aspectos sociais e de governança (das prioridades “ESG“, intimamente relacionadas à responsabilidade social corporativa), mas o financiamento verde se concentra especificamente em metas ambientais.

Por exemplo, por meio de sua Iniciativa de Negócios Ambientais, o Bank of America se comprometeu a investir US$ 1 trilhão até 2030 para promover energias renováveis, transporte sustentável, uso eficiente da água e manejo florestal aprimorado. O Citi também assumiu um compromisso de US$ 1 trilhão com o financiamento sustentável. A Charles Schwab and Co. fornece orientações a seus clientes sobre como começar a investir em ESG. Estes são apenas alguns dos muitos bancos, casas de investimento e outras instituições financeiras públicas e privadas que priorizam as escolhas sustentáveis.

No entanto, grande parte do impulso que alimenta o movimento ESG é a vontade de investidores individuais – nossos valores estão mudando. Conforme relatado pelo J.P. Morgan Chase, “US$ 500 bilhões fluíram para fundos integrados a ESG em 2021, contribuindo para um crescimento de 55% nos ativos sob gestão em produtos ESG”. As pessoas querem cada vez mais apoiar empresas e produtos que tenham um impacto positivo no mundo ao seu redor.

Financiamento verde para green buildings

Contribuindo com o objetivo de criar comunidades mais sustentáveis e igualitárias, os incentivos de financiamento verde ajudam a trazer os benefícios da certificação LEED ao alcance de mais locatários e proprietários. De acordo com o USGBC, “os ativos com certificação LEED fornecem a base para novos fundos negociados em bolsa, definem o uso de recursos para títulos verdes e ganham pontos no benchmark ESG do GRESB. O setor financeiro reconhece os benefícios do LEED e o impacto positivo que tem sobre as propriedades imobiliárias, o que levou a soluções de financiamento para edifícios com certificação LEED, incluindo reduções nas taxas de juros, aumento dos rendimentos de empréstimos e descontos e redução dos prêmios de seguros.”

Para incorporadores no Brasil, o Santander criou uma linha de financiamento para green buildings residenciais, onde projetos em busca da certificação GBC Condomínio podem ter benefícios como financiamento de até 100% dos custos da obra, com liberação dos recursos a partir de 1% de evolução física do empreendimento, ante os 10% exigidos, em média, em empreendimentos sem a certificação. Além disso, é possível repassar a carteira de financiamento dos clientes com a obra 70% concluída, o que permite ao incorporador quitar o financiamento mais cedo e ao mutuário, acelerar a contratação do crédito.

Edifícios sustentáveis

A Prologis é um exemplo impressionante de empresa que usa títulos verdes para arrecadar dinheiro para edifícios sustentáveis. Com um portfólio de mais de 90 milhões de metros quadrados em 19 países, a Prologis, com sede na Califórnia, é especializada em armazéns e imóveis industriais. A empresa estima que 2,5% do PIB global passe por seus armazéns.

A Prologis desenvolveu sua própria estrutura de títulos verdes com ênfase em novas construções, reformas e certificações de edifícios existentes para atender LEED, BREEAM ou outros padrões de construção sustentável. Atualmente, são mais de 240 projetos LEED. Em abril de 2022, A FIBRA Prologis, o REIT mexicano da empresa, informou que havia obtido certificações verdes para metade de seu portfólio, um ano antes do previsto.

“Os títulos verdes são um veículo para promover nossos objetivos ESG e criar valor para nossos investidores, clientes e comunidades”, diz Tim Arndt, diretor financeiro da Prologis. “Nos últimos quatro anos, emitimos 16 títulos verdes e adicionamos características de sustentabilidade em várias linhas de crédito bancário”, acrescenta.

Prologis Park 70, em Denver, Colorado, certificado LEED Silver. Foto: Prologis.

Do outro lado do Pacífico, uma tendência particular são as empresas imobiliárias com sede em Hong Kong, China, adotando grandes empréstimos vinculados à sustentabilidade.

Por exemplo, 30% dos títulos e empréstimos atuais da Swire Properties são gerados por meio de várias formas de financiamento verde. Em 2018, a empresa lançou sua jornada de financiamento verde com um título de $ 500 milhões como parte de sua estratégia de Desenvolvimento Sustentável 2030. O título também financiou o desenvolvimento do One Taikoo Place da Swire, certificado LEED Platinum. Todos os imóveis do portfólio da Swire na China continental são certificadas LEED.

Outras empresas da região que dão um forte exemplo são a New World Development, com um título vinculado à sustentabilidade de US$ 200 milhões vinculado a 100% de energia renovável até 2026; a Hong Kong Land, com US$ 6,85 bilhões em empréstimos vinculados à sustentabilidade atrelados à certificação de edifícios sustentáveis, redução de resíduos e muito mais; e a Sino Land, com um empréstimo vinculado à sustentabilidade de US$ 1 bilhão com metas semelhantes em construções sustentáveis e outras estratégias de sustentabilidade.

Um recorde foi estabelecido pela Sun Hung Kai Properties Limited (SHKP) em junho de 2022, quando a empresa assinou um empréstimo vinculado à sustentabilidade de cinco anos no valor de US$ 20,7 bilhões – o maior de seu tipo para o setor imobiliário em Hong Kong – com 16 grandes bancos internacionais e locais. O grupo fez da incorporação de elementos ESG em suas operações de negócios uma grande prioridade para criar valor de longo prazo para seus acionistas e a comunidade como um todo.

Parte de seus objetivos são investimentos pesados ​​em energia renovável, incluindo a construção de fazendas solares e a instalação de painéis solares em seus imóveis gerenciados, além de buscar a certificação LEED Gold ou Platinum para os principais projetos comerciais em desenvolvimento. A SHKP também conquistou recentemente o LEED Platinum para o International Commerce Center, o edifício mais alto de Hong Kong, sob o LEED para Operações e Manutenção.

Empresas de Hong Kong lideram em empréstimos vinculados à sustentabilidade.

 

Moda sustentável

A indústria da moda pode não ser o que vem à mente quando se pensa em sustentabilidade, mas em 2020, 32 grandes marcas de moda se uniram para assinar o Fashion Pact, um compromisso para transformar a indústria em uma que valorize a redução de carbono, biodiversidade e outras metas de sustentabilidade. Agora com mais de 60 signatários, as empresas estão começando a alavancar o financiamento verde como uma ferramenta de mudança.

Com sede em Milão, na Itália, a Prada pode ter sido a primeira em seu setor a assinar um empréstimo de 50 milhões de euros vinculado à sustentabilidade, em 2019, com o Crédit Agricole Group. De acordo com os termos do empréstimo, as taxas de juros podem ser ajustadas anualmente se a Prada atingir metas específicas de sustentabilidade, como se um determinado número de lojas obtiver a certificação LEED Gold ou Platinum. Com um portfólio de mais de 140 lojas com certificação LEED em 29 países, a empresa já é líder nessa área.

“Desde 2019, o Grupo Prada assinou vários empréstimos vinculados à sustentabilidade, que têm sido ferramentas úteis para integrar práticas mais sustentáveis ​​em seus negócios”, diz Lorenzo Bertelli, chefe de responsabilidade social corporativa do Grupo Prada. “Nossas conquistas consideráveis ​​na certificação LEED estão estritamente ligadas a essa estratégia, que visa atingir metas sustentáveis ​​ambiciosas”, acrescenta.

Outro nome famoso em artigos de luxo, a Burberry, sediada Londres, Inglaterra, tem o objetivo de ser positiva em carbono até 2040 e refinanciou sua linha de crédito rotativo para um empréstimo vinculado à sustentabilidade. O empréstimo foi concebido para permitir que a Burberry incorpore aspectos ESG em suas operações, incluindo a reforma do portfólio de edifícios com certificações LEED Gold ou Platinum.

 

Tecnologia verde

A Alphabet Inc., empresa controladora do Google, divulgou recentemente seu Relatório de Impacto de Títulos de Sustentabilidade de 2022, no qual anunciou que concluiu as alocações do título de sustentabilidade de US$ 5,7 bilhões anunciado pela primeira vez em 2020 – na época, o maior desse tipo já emitido por uma corporação. A empresa investiu US$ 2,47 bilhões em edifícios verdes, incluindo mais de 800.000 metros quadrados de espaço de escritório LEED Platinum.

Escritório do Google em Tel Aviv, Israel, LEED Platinum. Foto: Itay Sikolski.

A gigante da tecnologia Microsoft, que em 2017 se comprometeu a alcançar o LEED Gold para todos os seus data centers, criou um “fundo de inovação climática” de US$ 1 bilhão, uma iniciativa de investimento específica “para acelerar o desenvolvimento tecnológico e a implantação de novas inovações climáticas”. Parte do objetivo da empresa para o fundo é trazer capital para mercados subfinanciados, onde a sustentabilidade pode não ser priorizada, trabalhando assim em direção a uma maior equidade climática.

Resumindo, em todo o espectro de líderes de portfólios imobiliários LEED, empresas estão colocando seu dinheiro onde falam quando se trata de questões críticas de ESG. Questões de “pessoas, planeta e lucro” estão mais entrelaçadas do que nunca. Foi há 30 anos que a iniciativa financeira da ONU foi lançada e, em 2023, iremos comemorar 30 anos do movimento de green building. As mudanças na sociedade desde então foram tremendas – é emocionante imaginar o que todo esse investimento verde fará pelo mundo de 2053.

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