A sustentabilidade enquanto tendência tem se consolidado cada vez mais no urbanismo. Painéis solares, áreas verdes comuns e estações de carregamento para veículos elétricos se tornam acessórios indispensáveis na construção de edifícios sustentáveis. Em Fortaleza, por exemplo, empreendimentos corporativos e residenciais já trazem o ecológico como diferencial.
Para além dos diferenciais que agregam valor ao negócio, a construção de “prédios verdes” proporciona ainda uma melhora na qualidade de vida dos moradores da região. Nessa linha, a C Rolim Engenharia, por exemplo, deve lançar neste semestre um novo empreendimento, Flora, com o uso do verde dentro dos empreendimentos de forma muito presente.
O Brasil, inclusive, tem se destacado na construção de edifícios sustentáveis. De acordo com dados de 2020 do United States Green Building Council (USGBC), o país possui mais de 1,5 mil construções desse tipo, ocupando a 5ª posição no ranking mundial de sustentabilidade, do qual fazem parte 180 países.
A ONG é responsável por criar o sistema LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental, em português), que classifica edifícios sustentáveis. Cerca 641 empreendimentos já são certificadas e 50 milhões de metros quadrados ainda buscam a certificação Green Building Council Brasil.
A diretora executiva da C Rolim Engenharia, Águeda Muniz, pontua que esta, inclusive, é uma das premissas da empresa e, cada vez mais, itens ecológicos devem ser incluídos e aprofundados nos novos empreendimentos da companhia. “A sustentabilidade é algo que faz parte do estilo de vida que queremos proporcionar aos nossos clientes”, diz.
“No Flora, por exemplo, vamos trabalhar com o conceito de biofilia, teremos uma fachada verde para promover maior conforto térmico. Já no Estrelário, outro lançamento, boa parte da fachada é revestida com placas solares para gerar energia para o prédio, além disso, cada varanda terá um jardim particular”. – ÁGUEDA MUNIZ, diretora executiva da C Rolim Engenharia
A modalidade também faz parte do portfólio corporativo da empresa. No Uno Medical & Office, empreendimento corporativo entregue em 2019, o estacionamento dispõe de tomadas para veículos elétricos, além de um sistema automatizado de iluminação das áreas comuns.
Em 2009, a companhia firmou o Compromisso Verde para garantir que iniciativas como essas integrem ainda mais seu escopo e como forma de tentar reduzir os impactos ambientais. O programa tem o objetivo de aumentar a quantidade de metro quadrado de área verde per capita na zona urbana onde se localizam os seus empreendimentos.
Além disso, realizam, desde 2005, o Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil nos seus canteiros de obra.
A construtora tem ainda um edifício residencial com a certificação LEED, o Paço das Águas, que conta com técnicas de racionalização de consumos como o uso de energia solar, o reaproveitamento de águas da chuva, a coleta seletiva de lixo e o uso de louças e metais de baixo consumo na construção dos apartamentos.
Essa certificação é concedida pela ONG norte-americana United States Green Building Council e é uma das mais renomadas no mundo para a questão da sustentabilidade.
Para além de soluções simples como o uso de iluminação em LED, o próximo lançamento da Mota Machado (Rooftop Canuto 1000), que deve ser entregue em novembro deste ano, traz como aposta a reutilização da água que sai dos aparelhos de ar-condicionado para o sistema de irrigação da área verde comum do condomínio, conforme explica Mário Zacchigna, gerente comercial da construtora.
“Todos os aparelhos vão receber um dreno que vai captar essa água e vai ser armazenada no subsolo e, na hora marcada, ela é mandada para os irrigadores. Também trabalhamos com um sistema de placas solares para realizar o aquecimento de uma piscina”. – MÁRIO ZACCHIGNA, gerente comercial da construtora
Zacchigna acrescenta ainda que o empreendimento terá redutores da vazão da água nas torneiras e chuveiros promovendo economia, além disso, cada apartamento vai contar com um sistema predisposto a receber tomadas de carros elétricos ou híbridos.
“A Mota Machado trabalha com uma agenda ESG (sigla em inglês para os princípios ambiental, social e de governança) e, na questão ambiental, tem esses diferenciais de sustentabilidade. Nosso empreendimento, inclusive, recebeu a certificação ambiental Fator Verde nível Diamante”,diz.
O reconhecimento é concedido pela Prefeitura de Fortaleza a partir de uma avaliação conforme 45 critérios distribuídos em seis fatores: Cidade Sustentável; Hídrico; Ambiente Saudável; Energético; Materiais e Resíduos; e Social. Entre os aspectos analisados, estão o acesso ao transporte público, gentilezas urbanas, iluminação natural e captação de águas pluviais.
Inovando no mercado cearense, a Luciano Cavalcante Imóveis aproveitou a tendência e lançou primeiro edifício comercial das regiões Norte e Nordeste a obter o selo LEED. De acordo com o presidente da construtora, Luciano Cavalcante, a construção do LC Corporate Green Tower contou com a consultoria de uma empresa especializada em São Paulo.
“Todo o acabamento do prédio tem que ser feito com materiais da região, pois precisam estar distantes apenas 500 quilômetros da obra. A parte elétrica também foi construída para ter promover economia, assim como a utilização de água. Temos três filtros de ar que proporcionam um ar mais puro aos escritórios, melhorando a qualidade do ambiente para os funcionários”. – LUCIANO CAVALCANTE FILHO, presidente da Luciano Cavalcante Imóveis
O prédio foi inaugurado em 2016 e, nos últimos dois anos, a ocupação aumentou em 80%. “Muitas empresas internacionais que vêm para cá precisam trabalhar num ambiente que seja ‘green building’, então estamos expandindo”.
A construtora também amplia o portfólio com outros empreendimentos sustentáveis, a exemplo da Cidade Cayupe e um projeto na praia da Lagoinha, com características do novo urbanismo e conceitos de smart city. Para Cavalcante, esta é uma tendência.
Apesar das vantagens que um prédio desse reflete para a cidade, os custos para uma construção dessa modalidade é mais dispendiosa, o que onera um pouco o valor do produto final, é o que pontua a diretora executiva da C Rolim.
“Se a gente tivesse uma usina de resíduos para reciclagem de resíduos da construção civil de Fortaleza, como tarefa da iniciativa privada, seria interessante para que as construtoras locais passassem a ter essa mentalidade, porque a sustentabilidade também vem dessa boa utilização e reutilização dos resíduos”, acrescenta.
Embora o gerente comercial da Mota Machado observa esse custo mais alta, ele pondera que isso se torna um diferencial para o cliente. “Eles percebem esse valor agregado, além de ter um impacto mais positivo no meio ambiente, também desenvolve essa cultura da preocupação, então acabam ficando mais dispostos a pagar”.
De acordo com Cavalcante, a construção do LC Corporate Green Tower, por exemplo, foi 10% mais cara que a de um edifício convencional. “É um extra, mas vale a pena, pois um ‘green building’ não envelhece”.
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por, Lívia Carvalho, Diário do Nordeste
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