A construção civil, de forma geral, não é o setor da indústria que pode ser considerado o mais amigável para a sustentabilidade. Seus impactos incluem o consumo de recursos naturais, degradação de áreas verdes, geração de resíduos, poluição sonora e aumento de consumo de energia, apenas para exemplificar.
Mas, justamente por isso, a preocupação com o desenvolvimento sustentável no segmento tem se tornado tema cada vez mais frequente. Na arquitetura, essa tendência consiste em atender as necessidades dos projetos atuais sem comprometer as gerações futuras, minimizando os impactos causados ao meio ambiente e à saúde humana.
Esse processo começa na escolha dos materiais que serão utilizados na construção, como materiais recicláveis – incluindo bioconcreto, bioplástico e ecogranito – e estruturas pré-moldadas, que costumam ser mais econômicas, rápidas e eficientes energeticamente. Para se ter ideia, a construção pré-fabricada, que também engloba prédios modulares, desenvolvidos fora do canteiro de obras, pode reduzir o desperdício de recursos em até 90%, de acordo com um estudo realizado pela organização britânica Waste & Resources Action Program.
Falando em economia de consumo, o uso de placas solares e fotovoltaicas para a geração de energia, a captação e reutilização de água, e a reciclagem e reuso de resíduos de materiais utilizados na construção já fazem parte também do planejamento da obra.
A verdade é que as tecnologias sustentáveis voltadas para o setor, hoje, são acessíveis e, muitas vezes, até mais baratas do que os materiais convencionais, proporcionando uma influência bastante positiva nesse ecossistema.
Também vale destacar que, além de atender às exigências do cotidiano do consumidor e do mercado, os projetos que incluem estratégias sustentáveis e ecológicas, como investimento em iluminação natural ou cuidados arquitetônicos como o pé-direito alto para garantir mais frescor ao ambiente e até mesmo os famosos jardins verticais que, além de conferir mais segurança e beleza também melhoram a qualidade do ar e funcionam como um eficiente isolante térmico, passaram também a ser desejo de consumo por conta do apelo visual e moderno.
Com as práticas de ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa) em alta, as edificações sustentáveis passaram a ter maior valor no mercado imobiliário. Uma incorporadora, por exemplo, que se preocupa com os impactos ambientais certamente construirá uma imagem mais positiva no mercado.
Na prática, para quem compra ou aluga, a redução de custos operacionais pode ser um grande atrativo. Sem contar a possibilidade de redução de cargas tributárias, como o IPTU Verde – desconto dado para projetos com sistemas ecoeficientes em algumas cidades.
Os grandes empreendimentos, principalmente os comerciais, que levam a sustentabilidade a sério e conquistam selos e certificações como o Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) e o Alta Qualidade Ambiental (AQUA) atraem também as empresas interessadas em cumprir suas metas de sustentabilidade – também muito valorizadas nos mais diversos segmentos. Um cenário em que todo mundo ganha: a sociedade, o mercado, as empresas, os consumidores e o planeta.
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Via Exame
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