Na manhã do último dia 20 de março de 2025, o Green Building Council Brasil, o SindusCon-SP, através do COMASP, e a Saint-Gobain realizaram o encontro “Novas Exigências Financeiras e a Indústria da Construção”. O Encontro foi realizado na cidade de São Paulo, no bairro Jardim Europa e reuniu 130 profissionais. Os participantes, incorporadores, construtores, prestadores de serviços de engenharia e arquitetura, representantes do Governo e entidades de classes, lideranças da indústria de materiais foram recebidos com um café da manhã de networking, e seguiram para um cronograma de painéis de discussões.
Diante a instabilidade climática vivenciada em todas as regiões do mundo, ondas de calor e frio, períodos de secas e chuvas torrenciais, e como consequência, catástrofes que acarretaram perdas diversas, imensuráveis e insubstituíveis, a discussão sobre formas de mitigação e adaptação a estas condições tem movimentado políticas públicas e financeiras.
E no epicentro das discussões está o mercado da construção frente a condição estratégica de responder positivamente as demandas de transformação e construção de edificações e infraestruturas mais eficientes, confortáveis, resilientes e sustentáveis.
Desta forma, e alinhado com a jornada rumo à COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), diversas ações e eventos serão realizados ao longo do ano para discutir pautas relacionadas à Taxonomia Brasileira, como a gestão de carbono nas edificações, iniciativas de circularidade, eficiência energética, conforto ambiental nas edificações e o desenvolvimento da construção sustentável no país. As entidades seguem empenhadas em criar espaços de debate e aprendizado, promovendo a evolução contínua da indústria, e buscando soluções e inovações para os novos desafios do mercado.
O CEO do GBC Brasil, Felipe Augusto Faria, e o Vice Presidente do SindusCon-SP, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, trouxeram informações que destacam empreendimentos e empresas atuantes, bem como a indústria da construção brasileira no tema da sustentabilidade. Comparando os dados de emissões de gases de efeito estufa (kgCO2e/m2) o Brasil possui uma das menores médias do mundo.
Ademais, o próprio Comitê de Meio Ambiente do SindusCon-SP (COMASP), vem trabalhando ativamente há 25 anos, tratando de temas fundamentais para mitigação e adaptação das mudanças climáticas. Entre eles, estão a revitalização de áreas contaminadas, gestão de resíduos, legalidade da madeira, eficiência energética, inventário de emissões de carbono e pegada hídrica.
E ainda, no nicho de edificações que buscam certificações internacionais de “green building”, o Brasil coleciona conquistas e resultados que superam o movimento em outros países, ou se destacam pelo pioneirismo.
A contextualização provocou o entendimento que podemos conduzir uma discussão sobre políticas climáticas alinhada com diferencial competitivo e melhores oportunidades aos profissionais e empresas da construção.
O primeiro painel discorreu sobre o contexto da taxonomia e os impactos no Brasil e mundo.
Inicialmente, o Ministério da Fazenda, representado pelo coordenador geral de análise de impacto social e ambiental, Matias Cardomingo, apresentou o projeto da Taxonomia Sustentável Brasileira. A taxonomia induzirá o Mercado Financeiro e de Capitais a criarem produtos de incentivos a mitigação e adaptação climática, e um dos temas centrais é a indústria da construção.
Na sequência, o diretor geral da Saint-Gobain Cebrace, Wiltson Varnier, compartilhou a experiência internacional da corporação em países onde a taxonomia está mais avançada, e como essa discussão pode contribuir com os esforços de empresas como a Saint-Gobain, pautada na cultura da sustentabilidade, seja na descarbonização e adaptação das suas indústrias como na contribuição aos seus clientes e parceiros, através da oferta de tecnologias e inovações.
O sócio fundador da Nostrum Partners, Diogo Castro, especialista do mercado financeiro, apresentou a perspectiva do investidor, comentou sobre a maior participação do mercado de capitais no investimento da produção do mercado imobiliário e o papel das ferramentas e certificações auxiliando os agentes financeiros nos produtos de incentivo.
Na sequência, moderado pela coordenadora da COMASP do SindusCon-SP e representante da CBIC nas discussões da Taxonomia Sustentável Brasileira, Lilian Sarrouf, o segundo painel reuniu os presidentes do SindusCon-SP, Yorki Estefan, da ABRAINC, Luiz França, e do SECOVI-SP, Rodrigo Luna.
Os representantes das construtoras, incorporadoras e do mercado imobiliário apresentaram dados e os avanços da indústria da construção, detalharam os riscos caso as metas de transição climática partirem da uniformidade das emissões dos países, o que pode causar danos ao Brasil no avanço de tecnologias, industrialização, e principalmente na agenda da sustentabilidade que não se limita a descarbonização.
Apesar da construção ser o setor que mais revitaliza as áreas contaminadas, planta mais árvores, contribui socialmente para a redução do déficit habitacional, que para muitos pode ser entendida como uma das principais ações de adaptação, pensando na proteção de vulneráveis, há falta de incentivos financeiros. Os incentivos financeiros ainda são mínimos e pontuais para quem possui práticas de construções sustentáveis.
Os painelistas também reafirmaram a disposição das entidades para a discussão detalhada de um plano de ação climático, alinhado com desenvolvimento econômico, redução no uso de recursos naturais, mitigação de impactos e melhora da qualidade de vida e bem-estar dos brasileiros.
Finalizando as discussões, o último painel apresentou casos de sucesso em que o investimento em engenharia trouxe ótimos resultados em transição climática e diferencial competitivo. A gerente de sustentabilidade na Saint-Gobain Abrasivos para a América do Sul, Paula Ferrador, moderou a conversa entre o presidente da MPD Engenharia, Milton Meyer que apresentou o edifício residencial de alto padrão Figueira Leopoldo, e o diretor da Dimensional e vice-presidente do Sinduscon RJ, Vinícius Benevides que trouxe o projeto de reurbanização da Comunidade do Aço.
O painel foi construído de forma a exaltar o investimento em engenharia e arquitetura como forma de viabilizar a agenda das edificações buscando maximizar eficiência, conforto e sustentabilidade.
Coletivamente, as entidades e profissionais participantes reforçarão as discussões sobre políticas como a taxonomia, formas de incentivos e estratégias para a divulgação do debate entre o ambiente construído e a sua contribuição na transição climática, de forma a destacar o potencial brasileiro em assumir uma posição de protagonista neste assunto.
“A sustentabilidade é um pilar central na estratégia de negócio da Saint-Gobain, ela guia nossas operações, as soluções que oferecemos e as metas que elencamos a curto, médio e longo prazo. Estar junto do GBC Brasil e Sinduscon-SP em agendas para discussão da sustentabilidade no setor da construção é um reflexo do nosso compromisso de impactar positivamente por meio da mobilização de entidades, parceiros, empresas e governo na busca por soluções mais responsáveis com o futuro.”
“É em torno dessa preocupação que o Comitê de Meio Ambiente (Comasp/SindusCon-SP), vem trabalhando ativamente há 25 anos, tratando de temas fundamentais para mitigação e adaptação das mudanças climáticas. Entre eles, estão a revitalização de áreas contaminadas, gestão de resíduos, legalidade da madeira, eficiência energética, inventário de emissões de carbono e pegada hídrica. Todos esses temas, aliás, são ligados à Taxonomia Sustentável Brasileira. É satisfatório ver como o setor da construção está sintonizado com a mesma preocupação.”
E ainda sobre os incentivos atuais que são mínimos e pontuais:
“A gente não encontra uma política do mercado financeiro efetiva e constante para premiar os bons projetos. Isso não existe realmente, mesmo instituições bancárias, que no primeiro momento tiveram iniciativas nesse sentido, praticamente voltaram atrás. Então isso não ocorre. A premiação por uma boa performance de sustentabilidade, na minha visão, não está ocorrendo.”
“A nova onda do momento de green building é o investimento em inteligência de engenharia e arquitetura, viabilizando técnica e financeiramente o ingresso de tecnologia e inovação, e maximizando os resultados em eficiência, conforto e sustentabilidade. Certificação é uma consequência.”