A cada ano, ou cada estação o paisagismo, assim como o mundo da moda é influenciado/afetado por um “modismo”, uma tendência avassaladora para o uso de determinada planta; estilo de jardim, etc.
Isso e normal e está relacionado a influências da mídia ou oferta de determinadas plantas e ou produtos e seus efeitos são meramente estéticos, pois no máximo começam a aparecer jardins em série, pouco criativos.
Em Brasília, por exemplo já tivemos o “modismo” das cascatas, que por motivos óbvios anda em baixa.
Recentemente com a preservação ambiental e a sustentabilidade em pauta na agenda midiática, têm surgido “modismos” ambientais, ligados à área de paisagismo, sendo os mais comentados atualmente: o uso de telhados verdes, jardins verticais e acúmulo de água de chuvas para uso em jardins.
Estes sim devem ser mais bem analisados, uma vez que seus impactos vão além da estética, pois podem causar prejuízos econômicos, danos estruturais e se tornar foco de doenças e ao invés de contribuir para melhorar a qualidade de vida se tornam na verdade uma fonte de “dores de cabeça” aos seus proprietários.
Jardins verticais
Cada uma dessas soluções devem e podem ser utilizadas, no entanto, só devem ser projetadas e implantadas com acompanhamento técnico especializado, com registros das obras nos órgãos de fiscalização e controle profissional, onde obrigatoriamente deverão ser avaliadas as condições climáticas do local; a solidez das estruturas; o entorno da área entre outros itens e principalmente a manutenção dessas estruturas após a conclusão das obras.
Sem um rigoroso planejamento corre-se o risco de uma solução ambiental se tornar um foco de problemas, pois um dos maiores desafios no paisagismo é a manutenção dos jardins ( já e difícil ter um bom jardineiro, se esse jardineiro tiver que conhecer técnicas de rapel , fica quase impossível).
Jardim Vertical Ed. Minhocão | Telhado Verde
Vemos, principalmente em São Paulo, uma região de chuvas bem distribuídas ao longo do ano, fachadas e tetos de prédios altos cobertas por exuberante vegetação, com efeito visual de alto impacto, porém, sabemos que foi preciso levar em conta a sua manutenção, sob pena que meses após a inauguração, num inverno mais seco e rigoroso ter se estruturas esqueléticas, ressecadas, que perderão o efeito desejado inicialmente.
Jardim Vertical
Nas regiões centrais do país, onde a distribuição das chuvas ao longo do ano é muito ruim, com uma estação seca prolongada deve se obrigatoriamente planejar a irrigação dessas estruturas, o que impõe ao projetista redobrado cuidado na implantação dos jardins, afetando o custo e limitando a adoção da técnica a clientes e ou proprietários de um nicho econômico muito específico.
Telhado Verde comercial
Outra pratica também recomendável e muito em moda é o acumulo de água das chuvas para a irrigação de jardins.
No uso desta técnica a localização do jardim é muito importante, senão vejamos, na região centro oeste, em Brasília por exemplo, as chuvas são concentradas em 3 a 4 meses do ano, com secas que duram ate 5 meses, ou seja o acúmulo da água da chuva demanda a construção de “super” reservatórios , esteticamente “feios” com custos altíssimos e que ocupam grandes espaços, ou seja, com viabilidade técnica e econômica questionáveis e muito específicas.
Reservatórios
Enfim, o que se busca aqui é despertar a comunidade que “modismos” em paisagismo, sem orientação técnica especializada, principalmente na área ambiental têm impactos econômicos; ambientais; estéticos e sanitários, muito mais duradouros que no mundo da moda, onde simplesmente se pode esconder no fundo de um baú, aquela calca listrada “boca de sino” que talvez um dia até volte a ser moda.
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por Eng. Agr. Jose César Utida da Fonseca, Professor na Escola de Paisagismo de Brasília