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Reintroduzindo a Mata Atlântica nas cidades brasileiras – As “Florestas de Bolso®”

Publicado em 22 . 03 . 2016

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O verde das cidades brasileiras pouco lembra a extraordinária biodiversidade original de seus territórios. Seguindo a tendência mundial de foco na moda e decoração para a escolha das espécies de plantas que compõem o paisagismo e arborização, nossas áreas verdes tem algo como 90% das espécies de origem estrangeira. Essa questão é ainda agravada pela falta crônica de vegetação nas malhas urbanas causada pela falta de planejamento e priorização de interesses privados frente aos coletivos.
Nesse cenário, são comprometidos drasticamente os serviços ambientais e equilíbrio ecológico das cidades, refletindo na saúde e bem-estar da população e até na proliferação de pragas urbanas como o Aedes aegypti. Fica a questão – como reverter esse quadro, se a cidade já está consolidada e não é fácil a desapropriação para novos parques? Como aumentar a biodiversidade nativa regional se mudar o atual mercado mundial de plantas ornamentais estrangeiras também demandaria muito tempo e campanhas de educação para ser viável?
Uma experiêncidentro da floresta em São Paulo  (12)a que temos conseguido êxito em nosso trabalho com o meio ambiente urbano é a “Floresta de Bolso®”. Após mais de dez anos de pesquisas de campo e bibliográficas conseguimos chegar a uma metodologia de restauro da Mata Atlântica que pode se aplicada em espaços diminutos com baixa manutenção e crescimento extraordinário, mesmo em condições de solo compactado e poluído, como são muitas das áreas disponíveis nas cidades.
A técnica da “Floresta de Bolso®” consiste basicamente na reprodução fiel da dinâmica natural do processo de recuperação natural da Mata Atlântica em áreas desmatadas ou clareiras florestais, mas não só no que se chama de sucessão ecológica, também principalmente envolvendo a densidade de árvores e arbustos por área e a combinação das espécies. No ambiente urbano ela pode ser implantada em espaços a partir de apenas 15 m², e com técnica adequada, também em superfícies verticais (paredes verdes) e telhados verdes.
Em São Paulo já implantamos em diferentes situações a “Floresta de Bolso®”, conseguindo resultados homogêneos e previsíveis, onde a floresta gera o que chamamos de “massa crítica”, uma acirrada e benéfica competição por recursos como luz, espaço, nutrientes e água que promove um rápido crescimento e sombreamento do solo e respectivos serviços ambientais.floresta em São Paulo  (7) Agora estamos usando a técnica como política pública junto à população, organizando mutirões de pessoas sensíveis à questão, envolvendo a prefeitura e outros atores sociais para implantação em locais de trânsito intenso e aridez, como foi feito no último dia 12 de março em uma praça da Avenida Hélio Pellegrino, na Zona Sul, com o plantio de 86 mudas de 41 espécies nativas regionais diferentes por mais de 150 voluntários.
Se conseguirmos espalhar as “Florestas de Bolso®” em muitos pontos ambientalmente críticos da cidade, ajudaremos a resgatar a biodiversidade e o equilíbrio ecológico, além de criarmos verdadeiras “máquinas de qualidade de vida” para a população, com diminuição das temperaturas, aumento da umidade do ar, infiltração de água no lençol freático, minimização da poluição sonora e reconexão com a natureza ancestral.
 
Texto escrito por Ricardo Cardim – Botânico e Professor do curso Paisagismo Sustentável e Técnicas Construtivas para Telhados e Paredes Verdes
 
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