O aniversário é do Rio de Janeiro, mas o presente se estende a todos os cariocas. Mesmo faltando pouco mais de um ano para as Olimpíadas, a população já colhe os frutos da futura herança que o maior evento esportivo do mundo deixará para a Cidade Maravilhosa. Os investimentos em transportes, infraestrutura, hotelaria e revitalização de espaços urbanos estimularam o mercado imobiliário com novas oportunidades de crescimento e valorização, muito bem recebidas pelo Governo nas esferas federal, estadual e municipal.
Obras como a revitalização da Zona Portuária estão transformando uma área até então degradada e de 5 milhões de m² adjacentes ao Centro do Rio, em espaços de cultura, lazer e grandes empreendimentos imobiliários. Além de viabilizar o renascimento de áreas propícias para o desenvolvimento de novas edificações residenciais e comerciais, o projeto Porto Maravilha também contribuiu muito para a mobilidade na cidade, que vem sendo beneficiada com a expansão das linhas do metrô, trem, BRTs e a criação dos Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs). Porém, ao mesmo tempo em que gera novos negócios, empregos e oportunidades para as cidades, a construção civil também responde pelo consumo de 70% da madeira da Floresta Amazônica, 40% de energia e por até 30% das emissões globais de gases de efeito estufa relacionadas ao consumo energético. Por esta razão, o papel estratégico do setor está diretamente relacionado ao sucesso do desenvolvimento sustentável nas cidades.
Nesse contexto, o planejamento urbano para receber os Jogos Olímpicos permitiu investimentos em infraestrutura que vão trazer mudanças definitivas e marcantes para o Rio. A duplicação das Avenida Salvador Allende, na Barra da Tijuca, é um exemplo. A obra pretende facilitar o acesso ao transporte público na região, uma vez que permitirá a conexão do BRT com a Ilha Pura, o primeiro bairro sustentável a receber a certificação LEED ND (desenvolvimento de bairros) na América Latina. Mas o bairro verde não será privilégio dos atletas olímpicos. De acordo com o Plano de Gestão da Sustentabilidade dos Jogos Rio 2016™, no grupo das 36 instalações esportivas utilizadas nos Jogos, 16 são existentes (sendo metade delas renovadas especialmente para a ocasião), 11 serão novas instalações permanentes construídas a partir da necessidade do evento e apenas 9 terão caráter temporário.
O documento também destaca os objetivos traçados para a construção civil, com destaque para o incentivo ao desenvolvimento de atividades econômicas e melhoria da qualidade de vida nas diversas Zonas Olímpicas, além da implantação de critérios de uso racional de recursos, eficiência e minimização de impactos ambientais em todas as construções.
É claro que todas estas mudanças não acontecem da noite para o dia. O excesso de obras em pontos estratégicos provocou mudanças complicadas para o carioca em termos de mobilidade, mas é preciso entender que vivemos hoje um momento de transição, em que estes projetos finalmente começam a sair do papel para tomar forma e fazer parte da cidade. Não há dúvidas de que após as Olimpíadas teremos uma cidade melhor, mais desenvolvida e preparada para oferecer espaços e meios de transporte que façam com que o cidadão possa não só ter orgulho de ser carioca, mas também poder desfrutar de toda a beleza natural da nossa cidade. Quer presente melhor que esse?
*Artigo escrito por Luiza Marinho, jornalista do Secovi Rio e responsável pelo Blog Condomínios Verdes, projeto criado para levar informações e dicas de sustentabilidade aos condomínios e administradoras associados ao Sindicato do RJ. Graduada pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com pós-graduação em Mídias Digitais e Interativas pelo SENAC RJ e especialização em Meio Ambiente pela COPPE/UFRJ em curso.