O século XX se caracterizou por guerras e crises por um líquido chamado “petróleo”; o século XXI se caracterizará por guerras e crises por um líquido chamado “água”.
A história registra conflitos, guerras e disputas territoriais, étnicas, religiosas, políticas, quase sempre visando o enriquecimento material. Porém nada se compara a disputa pelo liquido mais precioso e vital a sobrevivência humana: a água.
Temos um volume de água finito no planeta que se apresente em várias formas e estados. A água pode ser doce, salgada ou salobra, fazer parte do esgoto urbano e industrial ou estar tratada e pronta para o consumo humano. Flui em rios, lagos ou oceanos. Pode estar represada em açudes, cisternas, açudes, poços e até nas nuvens.
Mas não existe água nova e apenas 1% de toda a água do planeta é doce e não está nas geleiras Árticas e Antárticas. Com este volume sustentamos e produzimos alimento para 6 bilhões de pessoas no mundo, que em pouco mais de 20 anos serão 9 bilhões de bocas famintas e sedentas.
Aos poucos dominamos técnicas de dessalinização de água do mar e purificação dos esgotos urbanos e industriais; melhoramos as técnicas de coleta e armazenagem de água de chuva. Mas é sempre a mesma água em diferentes formas e deve ser usada com inteligência.
Apesar de muitos alertas, somente há muito pouco tempo o tema passou a chamar a atenção.
Entre as diversas formas disponíveis para gerenciar a escassez de água, abordamos aqui o uso eficaz da irrigação, que não é e nem pode ser classificada como vilão; ao contrário; a irrigação é o grande herói nesta batalha que perdemos há anos extinguindo o verde, impermeabilizando as vias das cidades e assoreando rios por falta de atenção.
Repondo apenas o que corresponde a evapotranspiração, usando sensores e ferramentas de controle e gestão da irrigação, a irrigação eficiente vem diminuindo significativamente a quantidade de água usada na irrigação agrícola, na supressão de poeira e no paisagismo, mantendo paisagens saudáveis e colheitas abundantes.
Temos na Rain Bird duas grandes campanhas valorizando a sustentabilidade do planeta: O Uso Inteligente da Água™ e 25 formas da Rain Bird para reduzir 25%, seguindo uma campanha lançada na Califórnia para reduzir 25% no consumo de água.
Enfrentamos momentos difíceis durante crises hídricas cada vez mais frequentes, ofertando respostas a questionamentos e soluções, como por exemplo:
Na irrigação de paisagismo residencial, público ou de campos esportivos, a fonte de água é geralmente a mesma água potável do abastecimento público, o que não é ideal, pois estamos utilizando a água mais cara existente; muitas vezes esta é a única solução para viabilizar o sistema de irrigação o que reforça ainda mais a necessidade de racionar.
A utilização de poços é interessante e comum em várias cidades, principalmente ao longo de nosso litoral, mas deve ser criteriosa evitando violações aos limites dos aquíferos.
A utilização de águas servidas e o aproveitamento de água de chuvas são grandes exemplos do uso inteligente da água mesmo em áreas públicas. Hoje é sem dúvida a melhor forma e mais sustentável de irrigar uma área pública ou industrial, mesmo que represente apenas parte do consumo que deve ser complementado com água potável.
A Irrigação de áreas públicas requer atenção especial com proteções contra vandalismo. Os próprios emissores já devem ser escolhidos com atenção em suas características.
O aspersor deve ser escamoteável e ter maior resistência. Por exemplo, podemos usar rotores com camisa de aço menos sensíveis a abrasão e observar detalhes construtivos de emissores de maior porte com um eixo central em aço de reforço menos sensíveis a avaria por impacto.
Os aspersores dotados de válvulas antidrenagem (sigla abreviada “SAM”) tem uso normatizado nos EUA e na Europa, pois evitam que as redes se esvaziem ao final da irrigação, e consequentemente reduzem o desperdício de água.
Outra solução conhecida que evita desperdício e mantém o sistema mais equilibrado são os reguladores de pressão internos dos aspersores (sigla abreviada “PRS”). Mantém a pressão de trabalho dos aspersores no ponto ideal e reduz em até 70 % a perda de água no caso de uma quebra e/ou perda de um bocal de aspersor.
O produto que gera mais economia e, sem dúvida, menor incidência de Vandalismo é o tubo gotejador enterrado com a mais nova tecnologia do escudo de cobre para evitar a intrusão de raízes. A irrigação pode ser feita em qualquer horário do dia, não sofre os efeitos de deriva do vento, molha apenas as áreas desejadas e permite o uso de águas secundárias, mesmo que o seu odor não seja o mais agradável.
Em todos os aspectos a irrigação manual não é viável economicamente e nem tecnicamente. Há desperdício de água e a irrigação é realizada em horários não apropriados. O sistema automatizado permite um controle preciso da rega por área, tipo de emissor e paisagismo. Pode funcionar em horários alternativos evitando interferências, vandalismo e perdas por deriva, reduzindo muito o consumo de água.
Com a crescente popularização dos sistemas sofisticados de irrigação de controles centrais, é possível gerenciar vários sistemas de irrigação de um computador, tablet ou celular comunicando com os controladores de cada projeto, além de permitir o manejo da lâmina aplicada diariamente, o controle do fluxo e a detecção de vazamentos e rupturas de tubos.
A seleção das plantas e a elaboração do projeto de paisagismo são de grande importância e relevância no uso racional da água. Xeriscape é uma prática no paisagismo que utiliza plantas resistentes e que exigem pouca água. O termo Xeriscape (Xeros em grego significa seco) foi criado pela Força-Tarefa de Front Range, no Departamento de Denver, em 1978. O uso de plantas nativas em cada região ganha popularidade crescente. Em algumas áreas, a prática de Xeriscape resultou em uma diminuição do uso de água externa de até 60%.
Em português utilizamos os termos Xerojardinagem para a prática de paisagismo e Xerigation™ para a irrigação de baixo volume ou irrigação localizada de baixo consumo de água.
Plantas e cultivos adequados ao clima e a região também têm sucesso na agricultura. Em Cabo Verde, na África Ocidental, os agricultores que trocaram a cana de açúcar, que exige muita água, por cultivos mais adequadas ao clima (batatas, cebola por exemplo), economizaram água e aumentaram os lucros.
Os campos de golfe também abraçaram esta prática, especialmente nas áreas em torno do campo, utilizando os princípios de Xerojardinagem, reduzindo significativamente e em alguns casos eliminando o uso de água na irrigação destas áreas.
A Xerojardinagem possui vantagens, mas também tem alguns pontos fracos. A seleção de plantas é mais limitada e as vezes a troca de plantas pode ter um custo elevado com uma economia real de água mínima; a prática apropriada de Xerojardinagem é muitas vezes mal interpretada. Em muitos casos, os proprietários de casas pensam que têm um jardim nativo, tolerante à seca, quando eles na verdade possuem plantas nativas junto de plantas não nativas. Nesta situação, a intenção de conservação de água pode não se concretizar, pois o calendário de irrigação da área será ditado pelas necessidades nas plantas não nativas ou não tolerantes à seca.
A maioria dos consumidores finais não sabe definir a demanda de água do seu jardim e continuam a irrigar como sempre fizeram.
Prairie Crossing, uma região residencial próxima a Chicago IL, agrupou casas em 81 hectares e criou mais espaços abertos para gramas nativas e flores silvestres em 182 hectares. A paisagem similar a uma campina provou ser mais eficiente em termos de uso de água, reduzindo o consumo em 50% e filtrando a água antes desta ser escoada para um lago próximo, habitado por muitos sapos e outras espécies de vida selvagem.
A Autoridade de Água de Nevada Sul pagou incentivos para proprietários de casas, para que substituíssem a grama de alto consumo de água por arbustos, árvores, gramas ornamentais e vegetação adaptada ao deserto. Em casos de projetos que utilizaram corretamente as práticas de Xerojardinagem e com a irrigação apropriada, os usuários tiveram uma queda no consumo com custos reduzindo de U$ 1,12 para U$ 0,16 por m².
Muitas das opções citadas exigem grandes esforços por parte dos órgãos governamentais, podem ter custos elevados e em muitos casos ainda não estão totalmente desenvolvidas para uso efetivo. A conservação através da irrigação eficiente é uma opção que pode ser implementada imediatamente e em vários estágios.
A agricultura consome aproximadamente 70% de toda a água doce disponível e utilizável, e menos de 20% das safras no mundo são produzidas usando métodos de irrigação mais eficientes, como micro aspersão e gotejamento.
Nos Estados Unidos, o consumo médio per capita é de 380 litros por dia em residências; 25% a 30% deste volume é usado na irrigação de plantas, gramados e jardins. Em regiões áridas como o sudeste dos Estados Unidos, pode atingir 70%, incentivando a instalação de equipamentos mais eficientes, com grande impacto na conservação de água.
Em 18 de dezembro de 1933 um citricultor da Califórnia chamado Orton Englehart solicitou a patente para seu novo dispositivo de irrigação, descrito como “um aspersor dirigido por braço de impacto horizontal ativado por mola“. O número de patente 1.997.901 foi outorgado em 16 de abril de 1935. Este aspersor de impacto era durável e distribuía a água a uma boa distância, mais uniformemente que os existentes naquela época.
Clem e Mary LaFetra, vizinhos do inventor, reconheceram o potencial do dispositivo de Englehart e começaram a fazer publicidade do mesmo. Subseqüentemente, os LaFetras estabeleceram uma unidade de fabricação no celeiro da família, que evoluiu para o que é hoje a Rain Bird Corporation.
Atualmente a aspersão é dominante na irrigação agrícola e de paisagismo, variando de pequenos aspersores escamoteáveis tipo spray em pequenos jardins e até emissores de maior porte em aplicações comerciais ou agrícolas. A irrigação de baixo volume ganha popularidade nos mercados de agricultura e paisagismo, oferecendo níveis de eficiência de até 98%. A irrigação de baixo volume utiliza emissores de gotejamento, borbulhadores e micro sprays para distribuir água lentamente e igualmente nas raízes das plantas ou próximo a elas, eliminando as perdas.
Os controladores de irrigação automáticos oferecem diversas funções úteis para otimização e redução no consumo de água, seja em sistemas residenciais ou em grandes áreas comerciais, campos de golfe, agricultura através de controle central.
O fracionamento da irrigação em múltiplas partidas e programas permite o uso de tempos de funcionamento mais curtos e precisos, conforme a necessidade individual das plantas, permitindo a melhor absorção de água pelo solo, seja na irrigação de jardins ou de cultivos agrícolas, reduzindo perdas de água devido a aplicação em taxas maiores que a capacidade de absorção do solo.
O ajuste sazonal nos controladores oferece ao usuário uma maneira fácil de adequar o sistema às necessidades sazonais. Por exemplo, em uma estação chuvosa, o usuário pode ajustar o controlador para operar com um tempo 15% inferior ao seu pico e economizar água. Em épocas mais quentes e secas, o ajuste permite aumentar o tempo de irrigação no percentual desejado. Atualmente este ajuste pode ser feito também remotamente ou automaticamente.
O Modulo LNK WIFI para controladores residenciais, permite o acesso remoto a operação do controlador de qualquer lugar que ofereça conexão via internet a partir de um tablet ou smartphone. Agrega ainda a opção de redução automática do consumo de água de acordo com variações climáticas pelo CEP do local da instalação que atua no ajuste sazonal % acima descrito.
O atraso da irrigação permite ao usuário adiar a irrigação por horas ou dias após a liberação de operação pelo sensor de chuva por um ou mais dias, muito útil na estação úmida.
Cycle + Soak™ é um ajuste disponível em controladores comerciais que permite fracionar o tempo de aplicação de água inserindo intervalos de tempo ao longo da aplicação, que permitirão ao solo absorver a água mais facilmente, reduzindo o escoamento, a erosão e as perdas. Esta ferramenta pode ser útil também quando a alimentação do reservatório for feita em vazão menor que a de operação do sistema de irrigação.
A programação com ajuste pelo clima permite ao controlador calcular os valores diários de reposição da evapotranspiração (ET) e ajustar automaticamente os tempos de funcionamento repondo apenas o necessário às plantas. Esta tecnologia é usada predominantemente em projetos comerciais de maior porte, campos de golfe, campos esportivos e cultivos agrícolas, devido ao custo mais elevado e a complexidade do sistema.
Dispositivos de regulagem de pressão melhoram o desempenho dos emissores quando submetidos a pressão de serviço acima do ideal. A operação em pressões altas provoca a nebulização da água e aumenta as perdas por deriva pelo vento em situações de pressão acima do ideal. A economia em uma área pode chegar a 50% ou mais.
O uso de bocais de alta eficiência tem relação direta com a uniformidade de distribuição do emissor e do bocal usado. Seja em um campo de golfe, em um plantio de uvas ou jardim residencial, a cobertura uniforme é sempre muito importante na otimização do uso da água, evitando aplicar lâminas excessivas em parte da área irrigada para garantir que toda a área receba o mínimo necessário. Quando a uniformidade é baixa, a irrigação opera por mais tempo para compensar áreas de cobertura menos favorecida, resultando na irrigação excessiva de outras áreas. Em paisagismo, bocais de alta eficiência podem economizar até 30% de água.
–
por RainBird Brasil, empresa membro do GBC Brasil