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Women in Green Power Engineering – Patrícia Cavalcanti

Publicado em 26 . 04 . 2022

INSPIRE-SE

CONHEÇA A ENGENHEIRA ELÉTRICA PATRICIA CAVALCANTI, LÍDER DA UNIDADE DE DIGITAL ENERGY E SUSTENTABILIDADE DA SCHNEIDER ELETRIC PARA A AMÉRICA DO SUL. APÓS ANOS DE DEDICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS EM DIVERSAS ÁREAS DE NEGÓCIOS NA MULTINACIONAL SCHNEIDER ELETRIC, ASSUMIU A ÁREA DE DIGITAL ENERGY E SUSTENTABILIDADE. O PROPÓSITO ERA UNIR PROGRESSO E SUSTENTABILIDADE PARA TODOS, APOIANDO SEUS CLIENTES NA JORNADA DE DESCARBONIZAÇÃO, ATRAVÉS DE UMA MAIOR ELETRIFICAÇÃO DE SEUS SISTEMAS, ALIADA A TECNOLOGIAS DIGITAIS QUE TORNAM O INVISÍVEL VISÍVEL, DIRECIONANDO OS ESFORÇOS DE EFICIÊNCIA E ELIMINANDO DESPERDÍCIO DE ENERGIA.

 

A primeira coisa que me perguntam é como entrei para engenharia. E a verdade é que meus pais eram de exatas, mas em especial por minha mãe ser professora de física, sempre conversava conosco de maneira lúdica sobre os fenômenos da natureza: quando um carro parava e íamos para frente, era a tal da inércia atuando, o arco-íris era a refração da luz, enfim, tudo era tratado de maneira lúdica. Aí quando entrei no colegial não tive dúvidas, escolhi uma formação técnica. Mas não tinha nem ideia do que fazer, e na imaturidade dos meus 15 anos tudo que sabia era que gostaria de estudar de manhã! E foi assim, entre os cursos disponíveis no período da manhã me interessava por eletricidade e resolvi fazer Eletrotécnica, igual a meu pai. Por sorte realmente gostei do curso e a partir daí fazer a faculdade de engenharia foi uma escolha natural.

Como havia feito curso técnico, desde o início fazia estágios, a princípio em empresas menores, onde era mais fácil flexibilizar horários e priorizar o estudo. Mas quando cheguei no meu penúltimo ano sabia que devia procurar uma empresa que me inspirasse. Foi quando entrei na Schneider e vi que o mundo corporativo se desdobrava de maneiras inesperadas.

Para começar, entrei na área de marketing de produtos, o que a princípio foi um choque, afinal havia estudado engenharia e não marketing, mas aos poucos fui entendendo a complexidade do mundo real, que é bem diferente do acadêmico e entendi que a engenharia só não bastava, precisava ampliar meus horizontes. Fiz especialização em marketing, para saber como tirar o foco do produto para a solução que ele trazia, fiz MBA para entender as diversas áreas da empresa e ter uma visão mais executiva, além de diversos cursos de curta duração. Mas o que realmente gosto é de me manter diariamente atualizada explorando as tendências que vão aparecendo. E isso tudo sem gastar muito, lendo livros, artigos, assistindo vídeos, enfim usando o mundo digital a meu favor. Foi assim que estudei sobre transformação digital, tendências como servitização e até sustentabilidade.

Mas é claro, que não bastava estudar todas estas tendências, teria que aplicar e por isso uma estratégia que usei foi entender o máximo possível não só do portfólio completo da Schneider como também dos diversos modelos de negócio: transacional, projetos e serviços. Não é fácil, porque cada vez que você muda de área, sai da sua zona de conforto, entra em um mundo desconhecido onde será testada de maneira diferente. Por outro lado, tenho certeza que o fato de me colocar à prova em distintos desafios, mostrar que estava aberta a aprender de forma contínua e utilizar os conhecimentos para inovar em minhas novas atribuições me ajudou muito a crescer.

Hoje sou responsável pela área de Digital Energy e Sustentabilidade para América do Sul, na qual tenho a importante missão de trabalhar o conceito de Eletricidade 4.0, e isso não tem nada de futurista. Estou falando de usar tecnologias digitais existentes que podem transformar o uso da energia tornando-a cada vez mais eficiente, levando em consideração a necessidade específica de cada usuário. Mas aí você pode pensar, o que estas tecnologias digitais têm a ver com sustentabilidade? E eu digo: tudo!

Você sabia que edifícios são responsáveis por 40% da emissão de gás carbônico? E que 72% dessa emissão ocorre durante sua operação diária?

O fato é que a maioria dos edifícios não possuem dados que os permitam agir em busca de uma operação carbono neutro. Quando aliamos eletricidade vinda de fontes renováveis a tecnologias digitais podemos visualizar e prever necessidades de ocupação, manutenção e segurança de um edifício, podendo torná-lo sustentável durante sua operação. Este olhar é superimportante, uma vez que já construímos 80% dos edifícios que existirão em 2050 e temos que agir para torná-los mais sustentáveis.

Claro que no caso de edifícios novos, podemos ir além e buscar a neutralidade em todo ciclo de vida do empreendimento já que existem softwares que replicam a construção digitalmente, permitindo entender os impactos durante as fases do projeto, modelar o desempenho dos equipamentos e sua performance energética, neutralizando sua pegada de carbono. No entanto, não faz sentido liderar uma transformação se você não faz em sua própria casa. Fazer o que falamos é o primeiro passo para ganhar credibilidade e por isso na Schneider temos o compromisso de nos tornarmos carbono zero em nossas operações globais até 2030. Entre tantas iniciativas que estamos fazendo em busca deste objetivo, gostaria de destacar o fato que nosso centro de distribuição já é carbono neutro, com aplicação de nossa plataforma digital EcoStruxure para eficiência e sustentabilidade conseguimos integrar totalmente os processos produtivos com o desempenho energético do empreendimento. Ferramentas como o Machine Expert permitem monitoramento remoto do maquinário, antecipando problemas e evitando paradas intempestivas, que poderiam paralisar os embarques. Por outro lado, o Sistema de Gerenciamento de Energia EcoStruxure PME (Power Management Expert) fornece dados em tempo real e informações relevantes que permitiram reduzir o consumo de energia em 36% nos últimos três anos, além de otimizar os contratos e custos de aquisição de energia renovável.

Todos estes sistemas estão integrados em uma “torre de controle”, com a qual, onde através de diversas telas, é possível gerenciar em tempo real todo o centro de Distribuição. Com isso podemos mostrar na prática os resultados que vêm de uma estratégia de descarbonização.

Já faz mais de 15 anos que a Schneider vem trabalhando no tema de sustentabilidade, mas o fato é que, seja por estar alinhado a seus propósitos, por pressão de consumidores, acionistas ou por regulamentação governamental, todas as empresas terão que em breve ter uma estratégia de sustentabilidade. E, como sabemos, deve-se congregar as melhores práticas ambientais e sociais, começando por suas operações, onde o conhecimento e as técnicas propagadas pelo Green Building Council serão ferramentas fundamentais, cuja correta aplicação e difusão será referendada por certificações como o LEED e WELL.

Cada vez mais a sociedade conseguirá distinguir empresas que colocam em prática aquilo que pregam. Por isso, quando falamos de liderança corporativa, a ética, a confiança e a transparência são ativos supervalorizados. Afinal as empresas são compostas por pessoas e no fim do dia o comportamento de suas lideranças se refletirá em sua cultura e direcionamento estratégico.

Por fim, meu conselho para uma jovem que queira seguir na carreira de engenharia é: seja persistente, se conecte com as transformações que estão acontecendo ao seu redor, aprenda todos os dias e não tenha medo de errar, erros são grandes fontes de aprendizados. Acima de tudo, procure trabalhar com algo que te encha de energia e te faça levantar da cama todos os dias sabendo que fez a escolha certa!

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